#II Mês do Halloween: O Caminho para Woodbury - TWD #02


Autores: Robert Kirkman e Jay Bonansinga
Título original: The Road to Woodbury
Tradução: Joana Faro
Série: The Walking Dead
Editora: Galera Record
Páginas: 336
Onde encontrar: Amazon BR | Saraiva | Submarino
 
Sinopse: Há alguns meses que Philip Blake, o temido e ao mesmo tempo adorado Governador, organizou Woodbury para que a cidade murada fosse um local seguro no qual as pessoas pudessem viver em paz em meio ao apocalipse zumbi. E paz e segurança é tudo que Lilly Caul, que tenta desesperadamente sobreviver a cada dia que nasce, quer. Porém, mal sabe ela que seguir em direção a Woodbury é estar a um passo do perigo. Uma horda de errantes famintos não é nada perto do que se pode encontrar por lá.
 
Resenhei A Ascensão do Governador em 2015. Agora, por conta do nosso tradicional Mês do Halloween, achei essa sequência linda me esperado na estante. No primeiro volume, acompanhamos a Phillip e Brian Blake, pai de Penny, em uma cruzada para chegar até o prometido campo de refugiados da cidade de Atlanta. Eles, no entanto, passam por diversas provações, e tragédia é o que mais acontece nesse livro. Àqueles que já assistiram a série, sabem que o nome do Governador é Philip Blake. Àqueles que leram o primeiro volume, sabem que do plot twist absurdo que acontece no final. Os que sobreviveram ao primeiro volume se assentam em um conjunto habitacional, Woodbury.

Parte 1 - O Alvorecer do Dia Vermelho

 
"A vida dói muito mais do que a morte"
Jim Morrison
 
Em O Caminho para Woodbury, seremos apresentados a outros personagens, como Josh Lee Hamilton e Lilly Caul. Eles estão com um grupo de sobreviventes em meio à floresta, um tempo depois d'A Mudança. A expectativa é construir uma cidade de tenda: várias barracas com uma área de convivência comum, uma lona de circo.
“Com uma circunferência de mais de 100 metros, a grande tenda de circo suja e puída – que cheira a mofo e excremento de animais pareceu [...] a cobertura perfeita para uma área comum, um lugar para guardar suprimentos, um lugar para manter a ordem, um lugar para manter alguma aparência de civilização.” Chad, p. 16

Nesse acampamento, teremos o primeiro vislumbre de  desespero dos que tentam encontrar um modo de continuar sobrevivendo ao apocalipse. É difícil, ninguém nuca está preparado e as pessoas se transformam, inevitavelmente. O poder, com certeza, é uma marca importante a ser deixada por qualquer um que esteja encarregado da disciplina; normalmente, são os babacas ou sociopatas. Raros são os casos de vermos pessoas sãs no comando de alguma coisa, até porque é difícil permanecer são em um inferno cheio de mordedores que querem literalmente comer você.
“Para Lilly, as brasas do medo que ardem constantemente em suas entranham cauterizam todas as questões éticas e nuances de comportamento social. Na verdade, o medo a perseguira pela maior parte da vida, [...], mas agora ele fervilha constantemente dentro dela. O medo envenena seu sono, nubla os pensamentos, pressiona seu coração. O medo a obriga a fazer coisas.” Lilly, p. 14
Uma dinâmica é estabelecida entre Lilly e Josh; aparentemente, o coração puro do gigantesco Josh acredita que o amor pode ser encontrado em meio ao caos. Lilly, por outro lado, sente-se cada vez mais culpada por permanecer ao lado de um homem absurdamente forte e não ter nada a oferecer além de sua covardia. Bob é um velho médico bêbado, apesar de seus vício, ele é um dos poucos com alguma habilidade relacionada à saúde; Lilly se sente muito responsável por ele, provavelmente isso deve estar relacionada com a morte de seu pai. Megan é a amiga promíscua de Lilly que simplesmente terminou de despirocar depois que o apocalipse chegou. E que as profissões mais antigas parecem voltar com tudo, se é que me entendem... Scott é um jovem maconheiro que tem pouco destaque nessa primeira parte, além do fato de rir em situações constrangedoras.
 
Esse grupo seleto desbravará estradas perto do início do inverno e não sabe o que será a primeira coisa a mata-los: fome, frio ou zumbis. Josh é eleito o líder do grupo, por motivos óbvios e todos seguem titubeantes. Eles estão em péssimas condições até que encontram um Wallmart. Antes de seguirmos para a Parte 2, porém, preciso falar a respeito de umas coisas com vocês. Me acompanhem!
 
 
 
 
Você acredita em apocalipse zumbi? Porque eu acredito. Eu acredito tanto que às vezes fico esperando o dia em que não terei de acordar para ir à faculdade, mas para procurar comida ou matar uns zumbis. Isso é meio louco? É sim. Eu não preciso que você me ache louca, porque eu já me acho o suficiente por nós dois, querido leitor. Por conta disso, sempre que leio livros relacionados à zumbis, tento aprender o máximo que posso. E nesses livros, gente, temos muito o que aprender. Por exemplo, remédios: quais estocar?, quais ignorar?; armamento: você sabe onde fica o centro militar mais próximo de você? dá pra matar um zumbi com qualquer coisa?; comida: data de validade passa a ter algum significado?; banheiro: a flora intestinal continua funcionando normalmente? Gente, são as pequenas coisas, entende? Eu tô preocupada com os zumbis? Não. Eu quero saber se vou continuar indo ao banheiro (ou a vala mais próxima) normalmente.
 
Na cena do Wallmart, percebi que a calma é o maior aliado que podemos ter em qualquer situação. Nosso grupo tinha acabado de encontrar uma mina de ouro, a solução de todos os seus problemas. Ao invés de entrarem correndo, como a maioria gostaria, Josh é quem segura a barra de todos e os direciona calmamente em um plano. Observar calmamente, verificar todas as variáveis possíveis, limpar o local antes de ser distraído com suprimentos.
 
Essa é uma ótima abordagem. Entretanto, as coisas não dão tão certo. E eles acabam encontrando um outro grupo de pessoas, liderado por nosso velho conhecido Martinez. Ele convida nosso grupo para uma cidade que está começando a ser murada e que tem todo o potencial de segurança, sistema de escambo e uma oportunidade para paz. Nosso grupo aceita o convite, afinal, o que mais deveriam fazer? O inverno se aproximava e eles só teriam mais estrada pela frente.
 

Parte 2 – É Assim que o Mundo Acaba


"O mal que os homens fazem sobrevive a eles; o bem geralmente é sepultado com seus ossos." William Shakespeare
 
Finalmente voltamos para nossa velha Woodbury. Deixamos as coisas um tanto confusas há três semanas (sim, eles nos dão indicação de tempo!) e agora podemos ver como Phillip está se adaptando ao poder. Os que assistem à série poderão entender um pouco do começo de toda a cidade e do surgimento de suas peculiaridades, como zumbis de estimação, arenas de luta e medo constante.
“- Mudança no poder.
- Como é?
- Em um lugar como este, você vê uma espécie de seleção natural acontecendo. Só verdadeiros sociopatas sobrevivem. Não é bonito.” Dr. Stevens e Bob, p. 168
 A partir daqui, os plots começam a se misturar. O Governador mostra seus segredos para Bob, Megan encontra uma nova forma de conseguir drogas e ninguém liga pro Scott. Lilly e Josh, no entanto, sabem que algo está estranho nessa superfície de cidade perfeita.
“- Bem, Scott Moon, não sei se tenho cara de presidente. Nunca me achei um tipo presidenciável. Na melhor das hipóteses, sou um governador.” Philip Blake, p. 155
Um ponto negativo que eu encontrei nesse livro: a narração. Por ser um livro de suspense, a escolha feita pelos autores foi utilizar expressões como "alheia à", "tudo aconteceu muito rápido", "muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo", entre outras. Eu não gostei nem um pouco desse recurso. Um narrador em terceira pessoa seria a melhor escolha para transmitir suspense. Como naqueles casos em que o leitor sabe o que acontecerá, mas os personagens não. E aí você fica agoniada, esperando para ver como a situação será resolvida. Bom, eu achei esse recurso muito forçado nesse volume.
 
 
Nesse volume perceberemos que o maior inimigo que encontramos no apocalipse zumbi são os próprios humanos, como já nos é bastante conhecido. Um zumbi faz barulho quando te ataca, um zumbi só tem uma intenção ao se aproximar de você, um zumbi não trai, não tem ligações, eles só estão atrás da próxima refeição. Os humanos, por outro lado, têm agendas, têm planos, são loucos e ficam ainda mais loucos em um ambiente que os leva a extremos.
"- Você é um assassino. Você é pior que um errante de merda.", p. 225
Woodbury é um local poluído e marcado por pessoas loucas. A necessidade de poder emana em cada movimento e a cada arma carregada. 
“- Temos que ir, Josh, temos que sair desta cidade... antes que algo terrível aconteça.
- Em breve, Lilly.
- Não, Josh. Sério... Escute o que estou dizendo. Não me importo se Megan, Scott e Bob ficarem... temos que sair deste lugar. Parece muito confortável e tranquilo na superfície, mas é podre por baixo.” Lilly e Josh, p. 183

Acredito que TWD esteja se tornando uma série que trabalha muito com o psicológico das personagens. Afinal, acompanhar a mudança de crenças e personalidade nesses tipos de personagens parte da graça de lermos algo tão brutal. Eu poderia ficar aqui falando da evolução de Lilly, da crueldade da narração, da chocante facilidade com a qual podemos imaginar tudo isso acontecendo, mas não irei.
 
Convido vocês a lerem o livro. Em vários momentos fiquei surpresa e agoniada, então é uma ótima pedida para o Halloween! Para quem não assiste a série, fica aqui também a recomendação, porque ela é muito boa! Em O Caminho para Woodbury, veremos a consolidação da "cidade", de suas regras e de seus líderes. Tem muita sangue, muita gosma e muito cérebro explodindo. E bons personagens! Enjoy!
 
“É ASSIM QUE O MUNDO ACABA, NÃO COM UMA EXPLOSÃO, MAS COM UM ERRANTE”
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
Sessão das Quotes
 
"Ninguém escuta os galhos estalando sob o ruído do vento norte, nem os característicos gemidos guturais tão fracos quanto o ruído dos mergulhões que se escondem atrás das copas das árvores. Ninguém detecta os traços do fedor de carne pútrida e mofo marinado em fezes." Narrador, p. 11
 
“Ela vê claramente que essas pessoas estão condenadas. Esse grande plano para construir uma cidade de tendas nos campos da Geórgia não vai dar certo.” Lilly, p. 28
 
“Os sobreviventes dessa inexplicável praga aprenderam rapidamente que a maior vantagem que um humano tem sobre um cadáver reanimado é a velocidade. Sob as circunstâncias certas, um humano consegue escapar até mesmo do mais vagaroso defunto ambulante. Mas a superioridade física á anulada diante de uma horda. O perigo aumenta exponencialmente com cada zumbi adicional... até que a vítima é engolida em um lento tsunami de dentes pontiagudos e garras enegrecidas.” Narrador, p. 55
 
“- Qual é o plano, capitão?
- Plano? Você deve estar me confundido com um daqueles comandantes de batalha que você costurava no Iraque.” Bob e Josh, p. 79
 
“Os outros percebem a rapidez com que Bob está acabando com a bebida, mas quem pode culpá-lo? Quem pode culpar qualquer um por afogar o nervosismo nesse cruel purgatório? Bob não tem orgulho de beber tanto. Na verdade, está completamente envergonhado. Mas é de beber tanto. Na verdade, está completamente envergonhado. Mas é por isso que ele precisa do remédio – para afastar a vergonha, a solidão, o medo e os terríveis terrores noturnos dos bunkers salpicados de sangue em Kandahar.” Lally, p. 92
 
“- Bem, Scott Moon, não sei se tenho cara de presidente. Nunca me achei um tipo presidenciável. Na melhor das hipóteses, sou um governador.” Philip Blake, p. 155
 
“Ela se pergunta qual é o seu problema. Como sobreviveu tanto tempo sem ser devorada? Já passou por tanta coisa e não consegue nem lidar com alguns machistas idiotas?” Lilly, p. 161
 
“- Não vou deixar nada acontecer.
- Promete?
- Prometo. Vou te proteger, garotinha. Sempre. Sempre...” Josh e Lilly, p. 164
 
“- Se ficar aqui, seja pelo tempo que for, vai precisar beber muito.
Stevens sorri outra vez, e há algo desolador por trás do sorriso.
- Essa é a minha prescrição, Bob. Mantenha-se o mais bêbado possível.” Dr. Stevens, p. 170
 
“- Algum dos seus também se transformou, não é?
- Você não é tão bobo... não é verdade, Bob?
- Nunca pensei em alimentar Brenda.
- Venha, Bob, quer lhe mostrar uma coisa.” Bob e Governador, p. 175
 
“Na verdade, ele desapareceu. Ninguém parece saber onde está, e a triste verdade é que ninguém parece se importar.” Josh, p. 180
 
“O fato é que os ataques de errantes são o menos dos problemas de Phillip. A população humana de Woodbury parece estar desandando sob a pressão da vida pós-praga. Os ânimos estão no limite. As pessoas estão começando a atacar umas às outras.” Josh, p. 181
 
“A sede por sangue se acende nos olhos da plateia. O estresse da praga se exibe nos gritos furiosos de hiena, encorajamentos psicóticos e punhos erguidos de alguns dos homens mais jovens socam o ar.” Narrador, p. 189

11 comentários :

  1. Nossa, eu nunca me identifiquei com alguém como me identifiquei com você agora. Sim, eu acredito que isso possa aconetcer um dia e morro de medo, isso porque eu sei que vou ser uma das primeiras a morrer. Imagina eu estar dormindo e eu encontro com uma mãe zumbi vagando pela casa? Isso arrepia todos os pelos do meu corpo. Tenho pavor e acabo tendo vários sonhos com isso. Paranoia, eu sei. De qualquer maneira, a história de the walking dead parece meio lenta, até mesmo na série, isso porque você comentou que tudo passa rápido demais. Um dia eu tomo coragem e arrisco.
    um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  2. Oi, Izabela!
    Sabe que direto eu me pego em filmes de fim do mundo pensando também em que eu posso aprender, porque VAI QUE, né?
    Hahahaha.
    Não acho você doida. Não muito, pelo menos. :P
    Pelo pouco que assisti (e não li) de TWD, sinto que o foco da série é muito mais o psicológico mesmo dos personagens e da sociedade do que ação pura e simples.
    É muito interessante!

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com

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  3. Oi, Izabela!!
    Sabe que eu também acredito que um belo dia qualquer vamos acordar e dá de cara com o mundo sendo invadido ou por alienígenas ou por um bando de zumbi!! Mais enquanto isso fico só assistindo The Walking Dead.
    Beijoss

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  4. "A vida dói muito mais do que a morte", que frase impactante. Viver pressupõe ser capaz de resistir a muita dor e trabalho! Não sou fã de The Walking Dead, mas gostei de sua resenha e infinitamente mais das reflexões que você colocou ao longo dela. Eu não acredito em Apocalipse zumbi, mas acredito em Apocalipse e Distopias, as vezes acho que até estou em uma distopia e acho que tudo aqui nesse planeta girante pode pior a qualquer hora, você vê a quantidade de lixo que geramos, a forma como cuidamos da pequena infância carente e os conflitos por toda parte, a intolerância religiosa a homofobia.... A humanidade é mais perigosa que qualquer zumbi e pode fazer algo infinitamente terrível a qualquer momento, pois, como você disse: "os humanos têm agendas, têm planos, são loucos e ficam ainda mais loucos em um ambiente que os leva a extremos." e nosso mundo está virando um ambiente extremo.

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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  5. Assisto a série, mas pretendo ler os livros também. Sempre que leio ou assisto algo que o tema é a luta pela sobrevivência fico imaginando e se acontecesse de verdade, o que seria de nós. Concordo o ser humano é o pior em uma situação dessas pois a ganancia e a ambição falam mais alto, matam, ferem ao invés de se reunirem e ajudar um aos outros.

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  6. Olá!

    Muito legal a resenha. Deu para perceber que você de fato se preocupa com um apocalipse zumbi rsrsrs

    Revelando Sentimentos - http://www.revelandosentimentos.com.br/

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  7. Oie! Eu amo essa séria TWD...Ansiosa pra temporada nova...Assim como a série qro mto ler os livros...mto msm...
    Concordo com vc q humanos são complicados...e na série passa mto disso msm...recomendo pr quem ainda não viu...vale a pena!

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  8. Nossa, gostei muito da fala da Pandora, para mim foi impactante. Não curto o filme e acho que tambèm não vou ler o livro. A resenha ficou interresante e até curiosa, mas não conseguiria chegar ao final.

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  9. Apesar de ser uma série extremamente conhecida e bastante divulgada por muitos como uma série de zumbis maravilhosa eu nunca nunquinha assisti nenhum episódio e nem tenho vontade. A temática de zumbis não é algo que me agrada muito, e olhe que eu só vi poucas coisas a respeito, mas achei esse post super completinho!

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  10. Sinceramente não tenho vontade de assistir a série, adoro zumbis, mas a série nunca me chamou a atenção. Mas a sua resenha ficou muito boa e me deu vontade de ler o livro, quem sabe no futuro kk

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  11. Adoro a série e acompanho a história em quadrinhos tb. Os livros parecem ser muito bons, com certeza vou ler se tiver oportunidade. Sabe que sempre que leio ou assisto algum filme sobre apocalipse zumbi eu tb fico imaginando isso? E cheguei a conclusão que eu não ia durar muito não... rsrs

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