Todo Dia - David Levithan

Autor: David Levithan
Título original: Every Day
Tradução: Ana Resende
Editora: Galera Record

A. acorda em um corpo diferente todo dia (tudum-tzz). Às vezes é hospedeiro de um garoto, outras, de uma garota. A. só conhece esse tipo de existência e nunca imaginou que pudesse existir outra, até ele crescer e perceber que algo estava muito diferente em si. Para sobreviver, criou uma série de regras onde não atrapalha, não interfere e não causa nenhum dano ao corpo que pegou emprestado, pois não poderia conviver com a culpa.

Até que acorda no corpo de Justin, namorado de Rhiannon e vê sua vida mudando radicalmente. 

A. se encanta após o dia lindo passado ao lado de Rhiannon. Mas seria só isso que eles poderiam dividir: um dia. Porém, A. sente que é impossível esquecê-la e deixá-la com um namorado que não a merece, por isso, quebra todas as suas  regras e pega o corpo de outros jovens e vai vê-la. Para Rhiannon parece que está conhecendo um pessoa nova a cada encontro, porém para A. esses momentos são únicos.

A. diz já ter se apaixonado, mas o relacionamento com esse garoto não duraria muito, pois ele já estava pedindo para voltar a ver A. Coisa que não poderia acontecer, já que A. estaria com um corpo diferente daquele em que conheceu o garoto. A. sente que está se apaixonando de novo, mas dessa vez quer que seja diferente: alguém precisaria saber da sua existência, certo? Por que, como disse Levithan, como podemos estar vivos se ninguém mais se dá conta disso? Por isso, resolve contar a verdade para Rhiannon e a reação dela já era esperada: negação.

Como algo entre esses dois poderia dar certo? A. acredita que o amor possa vencer tudo. R. já é um pouco mais cética em relação a isso. Dai, duas coisas chamaram minha atenção:

• O dia-a-dia que acompanhamos de A. é no interior de vários adolescentes, mostrando que o autor teve uma preocupação: nos mostrar uma pequena parcela de como seria a vida dos esteriótipos de adolescentes que conhecemos. Rhiannon vê alguns dos corpos emprestados de A. e reage de diferentes maneiras a cada um deles, mostrando que por mais bondosos que sejamos, ainda relacionamos o interior de uma pessoa com o exterior dela. 

• Os capítulos são contados através dos dias em que A. passa num determinado corpo. Uns são compridos, outros não chegam nem a completar uma página e isso que o autor teve a presença de espírito para fazer com que o leitor pensasse: o que você faz para marcar seu dia? É um acontecimento ou uma pessoa responsável por torná-lo o pior ou melhor dia até hoje? 

Perto do fim, surge uma solução. Até então, A. pensava que estava sozinho/a. Por isso tinha suas regras e estava muito bem com elas. Essa pessoa que aparece, diz que há outro modo de viver, outro modo de contar os dias... outras regras! A. fica intrigado com as novas possibilidades, então, será ele/a forte o bastante para seguir de acordo com suas crenças ou irá virar sua vida de cabeça para baixo por conta de um relacionamento? 

É um livro lindo que nos instiga a pensar. Eu, com certeza, percebi o valor de um dia na minha vida, notando como as circunstâncias, os sentimentos e nossa realidade são efêmeras. David Levithan sabe o que está fazendo: uma história excelente sobre amor, sacrifícios e luta pelos seus ideais. Tudo isso com uma narração fluída e engraçada, é um romance de partir o coração.
 

"Apaixonar-se por alguém não significa que você saiba como a outra pessoa se sente. Significa apenas que você sabe como você se sente." A. 

Leitura super recomendada!