A Cor Púrpura


Autora: Alice Walker
Título original: The color purple
Tradução: Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson
Editora: José Olympio
Páginas: 336
Onde encontrar: AmazonBr | Saraiva | Travessa

|Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record |
Sinopse: Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1983 e inspiração para a obra-prima cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg, o romance A cor púrpura retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido. Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery. Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura se mostra muito atual e nos faz refletir sobre as relações de amor, ódio e poder, em uma sociedade ainda marcada pelas desigualdades de gêneros, etnias e classes sociais.
Minha história com esse livro é um tanto interessante e algo que eu gostaria de compartilhar com vocês. Eu nunca tinha ouvido falar da história de Celie até o ano passado, quando a minha professora de Língua Inglesa comentou a respeito de seu trabalho de doutorado. Ela estava escrevendo uma dissertação sobre a adaptação cinematográfica de 1986. Eu, no entanto, não pesquisei nada a respeito do livro ou do filme. Isso mudou no começo desse ano: assim que soube do lançamento da nova edição (com essa capa maravilhosa), eu o coloquei na minha lista de desejados.
Ganhei o direito de lê-lo pela parceria por ter apertado o enter dois segundos antes que a Carol, quando as meninas e eu estávamos escolhendo os livros que pediríamos para resenhar. Assim como eu, tenho certeza que as meninas ficaram muito felizes com as escolhas delas - O Desapego Rebelde do Coração e Quarto.

Acho importante comentar também que nesse primeiro semestre, tenho uma professora que adora recomendar filmes para assistirmos. Dentro da imensa lista, que é constantemente atualizada, estava Preciosa. E esse filme é pesado, triste e desesperador. Dentre todas suas abordagens, ele fala sobre estupro, questões raciais e abuso. Logo depois de ter terminado de assistir ao filme, eu comecei a ler A cor púrpura. E qual é o primeiro tema a ser abordado? Estupro. Ambos discutem questões semelhantes. Foi uma semana bem pesada para mim, então não recomendo assistir à Preciosa e ler esse livro no mesmo período.


Agora, vamos falar a respeito dessa obra prima? Escrito em 1982 por Alice Walker, uma ativista, feminista e escritora negra, cujas obras, que vão desde a não ficção até poesia, tocam assuntos como os direitos das mulheres e dos negros, luta contra o apartheid e contra a mutilação feminina nos países africanos e religiosidade.
A cor púrpura é ambientado no Sul dos Estados Unidos, no período entre guerras. É um romance epistolar, dividido entre cartas escritas por Celie, nossa protagonista, e por Nattie, sua irmã. Essas cartas não possuem marcação temporal (como tínhamos em Frankenstein), por isso fica difícil estabelecer uma linha cronológica de eventos e idade das personagens. Outro detalhe que merece destaque é a incrível tradução que encontrei nessa edição. Em conversas com amigas que já leram o livro, descobri que o inglês que Celie usa é bem sonoro, por isso a ortografia possui bastantes erros. Então, parabenizo os tradutores que conseguiram trazer, da melhor forma possível, a musicalidade e simplicidade da escrita de uma pessoa que aprendeu a ler e a escrever para poder continuar em contato com a irmã.
“Eu falei, Escreve.
Ela falou, Que foi?
Eu falei, Escreve.
Ela falou, Só a morte pode fazer eu num escrever procê.” Celie, p. 32 

Começamos com um tapa, Celie é mãe aos catorze anos. Ela teve dois filhos de seu próprio pai que foram dados para adoção, mas ela não tem certeza. Essa é a mesma situação que encontramos no filme Preciosa, cujas cenas extremamente fortes. Sua mãe morreu deixando Celie e Nettie à mercê do Pai. Para proteger a irmã mais nova, Celie se submete às vontades absurdas do Pai. 
Aos 16 anos, se eu estou fazendo as contas corretas, ela é dada em casamento ao Sinhô (que sabemos que se chama Albert, pela orelha). Na nova casa, ela deve tomar conta dos filhos dele, cuidar da casa e ir para cama com ele, sem vontade nenhuma. O que deveria ser um começo novo acaba se transformando na mesma rotina de abusos físicos e psicológicos que ela sofria diariamente com o Pai. Nattie tenta fazê-la perceber que ela precisa reagir e lutar.
“Mas eu num sei como brigar. Tudo o queu sei fazer é cuntinuar viva.” Celie, p. 31
A personagem de Celie carrega em si as questões sobre sexualidade feminina, estupro e abuso, sobre esperança e perseverança. A história de vida dela é extremamente real e tocante. Você não será a mesma pessoa depois de terminar a leitura dessa obra. Celie fará você pensar e refletir sobre questões tão atuais que nem parece que o livro é ambientado na década de 1920-1930. E não somente Celie. Existem personagens nesse livro que representam assuntos significativos. Caso você tenha feito outras relações, por favor, não deixe de dividi-las conosco!
A chegada de Shug Avery muda tudo! Ela é uma artista, cantora famosa que leva à loucura todos os homens. Celie já tinha se encantado por uma foto que Sinhô guardava no bolso. Fica claro que Shug é amante de Albert, no entanto, Celie não se importa, pois é - ela mesma - apaixonada por Shug. Ao cuidar dela, alimenta-la, pentear seus cabelos, costurar roupas para que ela use, uma amizade incrível nasce entre as duas. Shug é a força feminina, a impulsividade, a sensualidade que tocará a quieta, submissa e passiva Celie  e a transformará. Eu adoro as duas juntas!
“Ela começa a rir. Faz o negócio dele, ela fala. Faz o negócio dele. Ora, Dona Celie. Do jeito que você fala, parece que ele vai ao banheiro em você.
É assim que eu me sinto, falei.
Ela parou de rir.” Shug e Celie, p. 98
Shug salvará Celie de todas as maneiras que nossa protagonista precisa ser salva, no entanto, há um momento em que Celie ficará sozinha e aí decidirá quem gostaria de ser. No que remente ao Sinhô, a evolução das personagens (tanto dele quanto de Celie) são notáveis. Celie não ficará mais submissa aos abusos dele e ele aprenderá a trata-la como um ser humano, como uma mulher, uma igual, eu diria. Celie fará uma vida para si, enquanto Albert somente se ajustará ao que o tempo lhe trouxer. Um dos melhores momentos do livro para mim é quando Celie finalmente fala, da maneira que pode, tudo o que deseja para Sinhô. Mostrando que ela está se libertando, lutando por uma vida melhor do que aquela.

“Eu amaldiçoo você, falei.
O que você quer dizer? Ele faliu.
Eu falei, Até você num me fazer mais mal, tudo o que você tocar vai apodrecer.
Ele riu. Quem você pensa que é? Ele falou. Você num pode amaldiçoar ninguém. Olhe pra você. Você é preta, é pobre, é feia. Você é mulher. Vá pro diabo, ele falou, você num é nada.” Celie e Sinhô, p. 242

Outro momento incrível para mim é quando Celie e Shug  conversam a respeito de Deus. Celie escreveu suas cartas a Deus durante anos nos quais não teve notícias de Nettie. No entanto, a crença de uma pessoa em algo que nunca teve retorno só consegue durar até certo tempo.
“O que que Deus fez por mim?, perguntei.
[...]
De qualquer jeito, o Deus pra quem eu rezo e pra quem eu escrevo é homem. E age igualzinho aos outros homens queu conheço. Trapaceiro, esquecido e ordinário.
Ela falou, Dona Celie, é melhor você falar baixo. Deus pode escutar você.
Deixa ele escutar, eu falei. Se ele alguma vez escutasse uma pobre mulher negra o mundo seria um lugar bem diferente, eu posso garantir.” Celie e Shug, p. 227

E essa fala me lembrou muito Preciosa, novamente. Há um momento em que Precious (a protagonista) indaga "o que o amor já fez por mim?" e muitas pessoas choram nessa parte! O que o amor ou Deus já fez por pessoas excluídas da sociedade? Ideias e propostas não bastam para mudar a realidade de minorias. É preciso ação, conversa, constante debate e conscientização da população como um todo. O preconceito, a intolerância e a ignorância continuam matando pessoas.
“O homem corrompe tudo, Shug fala. Ele tá na sua cumida, na sua cabeça, e o tempo todo no rádio. Ele tenta fazer você pensar que ele tá em todo lugar. E quando você pensa que ele tá em todo lugar, você começa a pensar que ele é Deus. Mas ele num é. Quando você tiver tentando rezar e o homem se estatelar lá no fim, diga pra ele se mandar, Shug fala. Invoque as flores, o vento, a água, a pedra.” Shug, p. 232

Não posso deixar de falar nessa parte a respeito de Nettie, a irmã caçula que ganhou o mundo como missionária. Ela estudou e se esforçou para ter outro destino que não o casamento. Por meio de suas cartas, temos uma perspectiva completamente nova a respeito da história e da cultura africana. No entanto, percebemos que alguns traços desses povo são tão cruéis quanto algumas das situações em que os negros vivem na América.

“Quando eu perguntei a uma das mães, porque ela pensava assim, ela falou: uma menina não é nada por ela mesma; ela só pode se tornar algo para seu esposo.
E o que ela pode se tornar? perguntei.
Ora, ela falou, a mãe dos filhos dele.
Mas eu não sou mãe dos filhos de ninguém, eu falei, e eu sou alguma coisa.
Você não é muito, ela falou. A servente dos missionários.” Nettie e mãe Olinka, p. 185

Não tenho como afirmar se o povo Olinka realmente existiu, mas sei que sua cultura e seus rituais são verdadeiros, pois muitas tribos africanas dividem essa herança cultural. Essa parte da narrativa levanta questões a respeito dos direitos humanos, dos absurdos da colonização, da intervenção americana nas comunidades africanas, de como a segunda guerra mundial interferiu na vida de povos que não estavam nem remotamente relacionados com o conflito.

Uma última personagem que preciso citar antes de terminar essa resenha é Sofia. Ela é forte, batalhadora, sem papas na língua e sem medo das consequências. Ela foi casada com Harpo, filho do Sinhô, época em que ela e Celie ficaram muito próximas. De todos os destinos, o de Sofia é o mais cruel; por ser extremamente senhora de si mesma, ela não aceita que os brancos a tratem de outra forma se não como igual. Mas os brancos não tratam ninguém a não ser brancos ricos como iguais. Numa cena icônica, onde ela responde e agride o prefeito da cidade, ela é espancada e presa durante doze anos, depois passa o resto de sua vida servindo a família de Dona Mellie (a primeira dama).

O livro  um convite à reflexão com histórias intensas e transformadoras. Apesar de ser um livro sofrido, existem momentos felizes, o final principalmente. Eu já estava preparada para uma desgraceira sem fim, então fiquei muito satisfeita com o desfecho, mesmo que ele tenha demorado tantos anos para acontecer.

Recomendo esse livro para todos.
Sério.
Todo mundo deveria ler esse livro.
Só isso que eu tenho pra dizer depois de toda essa resenha.
É uma leitura maravilhosa, você não irá se arrepender!


 



Seção de Quotes
“Eu falo pra ela uma coisa, ela faz outra. Nunca faz o queu falo. Sempre responde.
Pra dizer a verdade, ele parece até um pouco orgulhoso disso, eu acho.” Harpo e Celie, p. 51

“Antes queu me desse conta, lágrimas correram pelo meu queixo.
E eu fiquei confusa.
Ele adora olhar pra Shug. Eu adoro olhar pra Shug.
Mas Shug só adora olhar pra um de nós. Ele.
Mas é desse jeito que deve ser. Eu sei. Mas se é assim, por que meu coração dói tanto?” Celie, p. 93
“Por que você quer saber tanta coisa sobre a Nettie?, eu perguntei.
Porque ela é a única pessoa que você já amou, ela falou, além de mim.” Celie e Shug, p. 142

“Mas, meu Deus, Celie, como eu sinto sua falta! Eu penso naquela vez que você se entregou por mim. Eu amo você com todo o meu coração.” Nettie, p. 153
“Não fique ofendida, Irmã Nettie, mas nosso povo tem pena de mulheres como você que foram tiradas de não sabemos onde e jogadas num mundo desconhecido onde você deve lutar sozinha, por você mesma.” Pai de Tashi, p. 191
“Aqui tá a coisa, Shug falou. A coisa queu acredito. Deus tá dentro de você e dentro de todo mundo. Você vem pro mundo junto com Deus. Mas só quem procura essa coisa lá dentro é que encontra. E às vez ela se manifesta mesmo se você num tá procurando, ou num sabe o que tá procurando.” Shug, p. 230
“Ela tem o direito de ver o mundo em qualquer companhia que ela escolher. Só porque eu amo ela, num tira nenhum dos direito que ela tem.” Celie, p. 313

*

Trailers
A Cor Púrpura, 1986

Preciosa, 2010

14 comentários :

  1. Oi Izabela!
    Já assisti ao filme Preciosa, e ouso dizer, que não consigo tirá-lo da cabeça.
    É um filme forte e doloroso. E me parece que esse livro é exatamente assim.
    Não sei se no momento, estou preparada psicologicamente pra essa leitura.
    Me dói a alma, só de pensar em todos os abusos sofridos pela personagem, e por mais que se trate de uma ficção, sei que muitas mulheres ainda sofrem esse tipo de abuso.
    A Celie me parece uma personagem forte. Que apesar de todo o sofrimento, ainda restou forças pra mudar sua vida. Sem dúvidas é um livro que nos remete à reflexão. Um livro lindo e doloroso ao mesmo tempo.
    Amei sua resenha. E adicionei a lista de leitura. Agora, só me resta aguardar o momento certo pra essa leitura emocionante.
    Abraço!

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  2. O livro parece ser muito interessante, trazendo reflexões importantíssimas e uma história dramática e forte. Quero muito ler, principalmente por amar clássicos que falam da luta contra o racismo, pois sempre parecem ser muito atuais. A edição está simplesmente linda, linda! Também quero muito ver o filme. Abraços ^^

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  3. Oi, Izabela!
    Apesar de já ter ouvido mil vezes falar sobre o filme (e livro), nunca assisti ou li. Mas sua resenha está tão apaixonada, que como não dar uma chance?
    Mas, pelo enredo, já vou preparando meu coração, vai ser intensa a leitura.
    De vez em quando é bom ter uma história para refletir, né?

    Beijoooos

    www.casosacasoselivros.com

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  4. Nossa parece ser um livro muito emocionante e intenso, além de sofrido, tem que estar preparado para poder ler. Mas é muito importante e aborda temas que existem até hoje, principalmente o preconceito. Só por ler a resenha já fiquei emocionada e pensativa.

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  5. Oi, Izabela! Tudo bem?

    Gente, incrível! Espetacular sua resenha!
    O modo como resenhou a temática abordada na obra ficou perfeito! Parabéns pela resenha que está ótima!

    Pelo jeito que você descreveu, deve ser um drama sofrível, porém, encantador para ler e aprender outras culturas.

    Espero poder ler algum dia desses! ;)
    Beijos!

    Participe do SORTEIO MÊS DAS MULHERES no Irmãos Livreiros

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  6. Oi Iza!
    Já assisti Preciosa faz um bom tempo, mas me lembro bem como o filme me impactou. Agora sabendo da relação com o livro quanto ao tema, fiquei muito interessada na leitura.
    Esse tema é muito forte e pesado.. com toda certeza vou colocar esse livro na minha lista de leituras
    Bjs :)

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  7. Oi :)
    Mesmo não gostando muito de ler livros pesados eu realmente estou interessada em ler esse. O tema é muito forte e interessante e sempre quis ler alguma coisa sobre. E só de ter ganhado o Prêmio Pulitzer eu já me interessei. A capa é maravilhosa também.
    Beijos.

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  8. Mana, mas que livrinho com conteúdo pesado você leu né ? Olha, vou ser sincera e dizer que não vou ler esse livro porque livros com temas tão pesados não fazem parte das minha lista de leituras, não por ser preconceituosa nem nada porque já li livros pesados sim mas porque livros assim me deixam com uma sensação ruim e de tristeza, por isso tento evitar livros assim. Mas olha diz obrigada pra sua professora por ter indicado esse livro, porque pelo o que eu vi foi um livro arrasador.

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  9. Oie
    Confesso que não conhecia o filme nem o livro mas já me interessei por ambos, já que são histórias bem emocinantes e tocantes.

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  10. Uaaaaaaaaaaaaau!! Esse livro deve ser muito pesado mesmo e uma ótima leitura. Não conhecia e fiquei com vontade de ler, espero ter essa oportunidade. E fiquei feliz por saber que tem um final feliz rs Nada melhor pra me motivar!!
    Adorei a capa e o nome, são lindos.

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  11. É necessário assisti a esses filmes, porém não tenho muita coragem para isso. Assisti a Vênus negra (acho que esse era o nome) e me impressionou muito. Esses filmes retratam a realidade de certa forma, para mim, é algo escondido que não mostram na sociedade, como no filme Preciosa, mas esta ai, como algo normal.

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  12. oi,realmente ainda não li nem assisti,mas pretendo ler primeiro ;) gostei da premissa do livro..

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  13. Oi!
    Ainda não conhecia os filmes, esse livro fui conhecer recentemente, com certeza ele fala de temas bem fortes mas que acaba nos fazendo refletir muito ao longo da leitura e gostei do contexto historia que vemos nele também, os tradutores estão de parabéns !!

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  14. UAU!Que resenha!
    Esse livro entrou na minha lista recentemente, e fiquei um pouco chocada por ser um livro "mais pesado" do que eu imaginava. Esse com certeza é um daqueles livro que te fazem enxergar as coisas de uma outra forma, e ainda bem que ele tem um final feliz! Vou adiantar ele na fila e com certeza vai ser uma das minhas próximas leituras. Beijo!

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