Autor: Graciliano Ramos
Título: Vidas Secas
Editora: Record
Dividido em capítulos curtos e diretos, Graciliano Ramos conta a história de uma família típica de sertanejos nordestino que sofre com a seca e o desconforto de uma peregrinação constante e ritmada pelas estações do ano.
O livro começa com o capítulo Mudança e termina com o, Fuga. Estes dois capítulos - por tudo o que já estudei sobre a obra - são essenciais para a leitura do romance, pois abrem e fecham um ciclo na vida de Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cadela Baleia.
Logo de início, todos estão andando através da seca e do calor escaldante do sertão, até que encontram uma casa abandonada que possa lhes servir de abrigo.
Apesar do calor, Fabiano possuiu uma crença inabalável - no começo - de que o verde ainda tomará conta do sertão, a chuva cairá, o pasto engordará. Todas essas crenças se mostram reais, porém por tempo limitado.
Falando dele, Fabiano se considera um bicho, pois não foi educado, não sabe como se portar em meio a multidões e acredita ser inferior a todos os outros homens que vê pela cidade. Quando faz trocas comerciais sempre acha que está sendo roubado e não pode fazer nada a respeito.
"Não, provavelmente não seria homem: seria aquilo mesmo a vida inteira, cabra, governado pelos brancos, quase uma rês na fazenda alheia." p. 24
E como tal não sabe cobrar aquilo que só acredita que seja seu.
"Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha." p. 22
Sinhá Vitória é a única que consegue ajudá-lo, pois conhece um pouco de contas e palavras e ajuda Fabiano com o que pode. É uma mulher com simples desejos, pois tudo o que mais quer é dormir numa cama de couro, não numa cama de varas que machucam e não permitem o descanso completo depois de um dia de trabalho.
O menino mais novo sonha em ser igual ao pai, porém é zoado como todo irmão mais novo. Enquanto que o menino mais velho é mais questionador, querendo saber sobre o significado de uma simples palavra, 'inferno'. Porém nenhum dos pais sabe ou quer dizer a ele o que a palavra significa, pois o menino mais velho não pode querer ou merece saber mais.
Um livro sem praticamente nenhum diálogo entre as personagens, pois visa mostrar exatamente a condição desfavorecida, sofredora, sem acesso à cultura (o que possibilita o abuso por aqueles que sabem um pouco mais do que Fabiano e sua família, o que não seria difícil). Basicamente a comunicação é feita através de resmungos e gestos. E a narração em terceira pessoa nos fornece uma visão ampla e completa do que se passa na cabeça das personagens.
Outra personagem que tenho que mencionar é a cachorra Baleia, companheira de Fabiano desde a infância dele. Cresceram juntos e caçaram juntos, até que a realidade do sertão se abateu sobre ela também.
"Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos do Fabiano, um Fabiano grande. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes." p. 91
Enfim, é um livro cobrado no vestibular por conta da época em que foi escrito: a geração de 30 do modernismo. Movimento literário, urbano, artístico e cultural que visava a construção de uma literatura que expusesse as verdadeiras dificuldades do Brasil, sem nenhum tipo de sentimentalismo: apenas a verdade nua e crua.
"E o sertão continuaria a mandar dente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos." p. 128
Leitura "obrigatória" para o vestibular.
Boa Noite!
Acredita que eu comecei a ler este livro e parei porque a professora me deixou resenhar um dos livros que eu tinha?
ResponderExcluirAdoreei sua resenha, bjs
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Obrigado pela visita no meu blog, se você me seguir avise por comentário para que eu retribua, ok?
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Eu li esse livro para fazer um prova do CEFET em 2010, e até que achei legal, curti a escrita de Graciliano Ramos e também da maneira que ele narra as dificuldades enfrentadas pela família, nada parecia dar certo para eles :/ O mais legal é que o leitor aprende um pouco de história, sabendo como era o Brasil.. Enfim, curti a resenha :)
ResponderExcluirAbraços
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Muito bom esse livro! Mesmo com pouco diálogo ele é bem expressivo.
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