Fragmentados #01

Autor: Neal Shusterman
Título Original: Unwind
Tradução: Camila Fernandes
Série: Fragmentados
Editora: Novo Conceito
Páginas: 320
Onde Comprar: AmazonBr | Submarino | Saraiva

Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos - desde as mãos até o coração - é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston GLobeHorn Book Award, Neal Shusterman desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo. 

Em um tempo não tão distante do nosso, o mundo mudou. Houve uma grande guerra, e para encontrar a paz, uma lei anti aborto surgiu na sociedade. A Lei da Vida, onde não mais seria permitido abortar um bebê até que este complete seus 13 anos. Então ele, ou ela, poderia encontrar ou não, sua morte.


Sim, Fragmentados é um livro com uma temática pesada, porque ele trata diretamente da vida e da morte, à sua maneira. Na sociedade em que o livro se passa, as pessoas não podem interromper uma gravidez, mas podem passar o bebê para outra família ou casas do estado. Quando a criança, adotada ou biológica, completa seus treze anos, ela entra em um período de avaliação, onde os pais ou o estado (no caso de abandono) decidem se ficarão com ela ou se irão fragmentá-la. Este período dura até os dezoito anos dos jovens, quando eles se tornam oficialmente adultos.

"Se mais pessoas tivessem doado seus órgãos, a fragmentação nunca teria acontecido." - O Almirante

O que é a fragmentação? O indivíduo que será fragmentado servirá a humanidade de um jeito muito "especial". Ele morrerá, porém, suas partes serão doadas a outras pessoas. Todas as suas partes, por sinal. Órgãos, pele, braços e pernas. E estas pessoas acabam criando um banco imenso de doação de órgãos no mundo. O autor aborda, inclusive, a mudança na prática da medicina. Ao invés de tratar uma doença, eles substituem o órgão ou o membro. Bizarro? Muito. Mas ainda sim, possível.

No livro temos três personagens, Connor, Risa e Lev. Os três foram selecionados para a fragmentação, por motivos diferentes. Connor teve sua ordem de fragmentação assinada pelos pais, Risa pelo estado e Lev é um dízimo.
Connor é um jovem rebelde, e sempre foi muito explosivo. Tem um irmão mais novo e sua família decidiu que ele não era mais necessário.
Risa foi abandonada quando bebê. Levada a uma casa estatal e apesar de ser uma excelente pianista, o estado julgou que suas mãos serão úteis para outras pessoas.
Com certeza existiria uma religião ou algo relacionado por trás da Lei da Vida. Os dízimos são jovens que nasceram para a fragmentação em nome de sua religião, como um sacrifício. Vivem com suas famílias até que chegue o dia de sua fragmentação, marcado desde seu nascimento. Lev é um deles.

Cada personagem possui sua história, e acabam se encontrando em meio à fuga de sua realidade: a morte. Nenhum jovem quer ser fragmentado. Todos querem viver. E este motivo acaba unindo os três ao longo do livro. E existe algo mais forte do que a vontade de viver? Acho que não. Juntos, eles passarão por muitas provações, fugindo com outros fragmentários, sendo perseguidos pelo governo e pela polícia, e encontrando pessoas boas e pessoas ruins neste caminho.
Será que Connor, Risa e Lev terão suas vidas poupadas? Ou seu destino é doar-se aos outros, desconsiderando suas vidas e seus desejos?

"... as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e da luz. Neste momento, eu estou feliz por estar na luz."

Eu amei este livro. Amei os três personagens principais e os secundários. Muitas questões são abordadas nessa história. Uma distopia muito inovadora, diferente de tudo que havia lido. Realista, possível. Por que não? Existe o tráfico de órgãos, algo muito perigoso e obscuro em nossa sociedade. Torne isso legal e "voilà", fragmentários.

“Não levou muito tempo para que a ética fosse esmagada pela ganância. A fragmentação tornou-se um grande negócio, e as pessoas deixaram que acontecesse.”

A escrita do autor é muito boa, ele sabe criar um clima de pânico, cativar o apego aos personagens e sua história de vida, trabalhar as cenas de ação e também cenas emocionantes. É uma quadrilogia, já finalizada, bem escrita e o desfecho do primeiro foi sensacional. Os próximos livros abordarão os eventos após este primeiro volume, com outros personagens principais.
Então, fãs ou não fãs de distopias, leiam Fragmentários e, como eu,  se surpreendam também!