77 Páginas Para Morrer

Autor: Marcelo Almeida
Título original: 77 páginas para morrer
Editora: nVersos
Páginas: 128
Onde comprar: AmazonBr | nVersos

Livro cedido pela parceria com a Editora nVersos

Uma pistola pendurada em um fio telefônico. Referências aos cartazes de clássicos filmes de suspense, como as fitas de Hitchcock. O romance-policial, escrito pelo paulistano Marcelo Almeida, convida o leitor a ser participante ativo da história e o coloca na narrativa de maneira interativa.
“O objetivo é criar uma história com elementos retirados de um livro importante da nossa literatura, de forma que o leitor possa dialogar com ambos os textos. A leitura desse livro não é um fim, mas um meio onde, com o apoio de recursos interativos e de imagem e som, leva-se o leitor a estabelecer ligações e comparações com determinada obra clássica, estimulando-o de forma proposital a comparar ambas.”, explica o autor.
O livro é narrado em primeira pessoa e conversa com quem está lendo em diversos momentos. Durante a investigação, o leitor é apresentado a todos os personagens do livro pelo próprio protagonista da história como seu assistente.
Desde o início o projeto já surgiu com a ideia de utilizar um livro para instigar o leitor a procurar uma obra clássica. Para atrair principalmente os jovens, a editora e o autor se dedicaram em criar uma forma de interatividade e integração das plataformas off-line com tecnologias online que atraem esses leitores ainda em formação.

Confesso que não li o livro clássico que Marcelo tanto incentivou seus leitores a irem atrás, porque não era mais pedido para o vestibular.  *Shame on me*. Tentei ler o dito livro (não posso falar qual é, seria spoiler) novamente esse ano, mas não consegui. Talvez não tenha sido o momento, talvez eu não seja uma leitora tão madura quanto eu gostaria, mas não gosto desses tipos de rotulação. Lerei o livro quando sentir que é o momento e você saberão disso, pois eu adoro resenhar clássicos da nossa literatura! Você pode conferir nossa seção aqui!

Eu não sabia o que esperar da obra de Marcelo Almeida, mas ele conseguiu me surpreender. Achei muito interessante a proposta de um livro de investigação interativo, pois como isso seria possível? Então, fui atrás. Bom, Leitor, só é possível se você ler os livros.

O narrador é o malandro JK. K de Kasqueira. Ele e Madame Tussaud abriram um escritório de investigação, A Ratoeira. Como seu grande primeiro caso, JK investigará a morte de Heleninha, uma ex-cliente da Madame esotérica. Mas ele não estará sozinho, o Leitor caminhará diretamente com ele ao longo da narrativa. Ao longo de toda a narração, JK conversa conosco, perguntando se já desvendamos a primeira pista, que é deixada em nossas mãos: descobrir de qual livro é a citação que Heleninha usou para descrever sua situação antes de morrer para a Madame.

E é isso! Se você não descobrir, metade do livro perde a graça. Então eu fui e descobri assim que li (olha que menina culta que sou -q). Depois, o autor entrelaça cada vez mais a trama. Se antes era uma citação importante, agora é o livro que Heleninha estava lendo antes de morrer, portanto é interessante saber o que se passava na cabeça dela em seus dias finais. Porém, começam a aparecer cada vez mais semelhanças entre 77 páginas e o clássico: nomes de personagens, situações, intrigas. E eu fiquei pensando, "Será que eu tenho que ler o dito livro? É isso que o autor quer que eu faça? mas eu não tenho tempo de ler aquela coisinha agora, quero terminar esse primeiro!". E assim eu fui até o clímax da história na página 77, o qual me chocou completamente, devo acrescentar.

Sendo assim, tive que me virar com o que sabia a respeito da obra, porém não foi a mesma situação se eu tivesse realmente lido o livro ou tido tempo de lê-lo simultaneamente. Por isso, fica a dica: se quiser ler 77 páginas para morrer, esteja disposto a ler o dito livro também. Se você já leu, melhor ainda! Confesso que adorei a proposta do Marcelo Almeida em escrever um livro tão original, apesar de ser "baseado" em um clássico. Como descreve a sinopse, 77 páginas para morrer é um meio, não um fim. E isso ficou bem claro. É uma obra que funcionaria muito bem dentro da sala de aula! Eu, como estudante de Letras - com a possibilidade de dar aulas no futuro - com certeza usaria esse livro com as minhas turmas, tanto de Fundamental II, quanto Ensino Médio.

Gostei bastante do trabalho da diagramação. Suspeitei que até os números cortados fossem dicas importantes para a solução do mistério. É um livro leve, com linguagem clara e códigos QR para nos divertir (adoro brincar com isso, sério)! Encerro dizendo que eu gostei bastante do livro, achei-o muito bem feito e indico para os curiosos por natureza e aqueles que se interessam pelos nossos clássicos literários. Deixo para vocês o caprichado booktrailer que a nVersos preparou para nós e o primeiro capítulo do livro aqui!