It: A Coisa + #Literatura nas Telas

Autor: Stephen King
Título Original: IT
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma das Letras
Páginas: 1103
Onde Encontrar: AmazonBR | Livraria Saraiva | Livraria Cultura | Submarino

Sinopse: Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em 'It - A Coisa', clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

Olá leitores e leitoras, já estão sabendo da mais nova adaptação literária que estreou nos cinemas mundiais esta semana? It: A Coisa, do aclamado autor Stephen King é um remake do filme/minissérie gravado em 1990 e uma adaptação de seu livro, que possui nada mais, nada menos, que 1103 páginas. Particularmente, gosto muito do King e não me decepcionei com os livros que li do autor até então. Ler It foi uma experiência diferente de tudo que eu já li e assistir ao filme na pré-estréia foi alucinante, também. Não se preocupem, NÃO haverá SPOILERS. E ficará gigante, já aviso. :)

A história de It acontece em uma pequena cidade no Maine, chamada Derry, inicialmente em 1958 e com passagens de tempo, para 1985. Derry tem tudo para ser uma cidade pacata de interior dos Estados Unidos, como muitas outras, mas algumas coisas misteriosas assombram seus habitantes há séculos, dentre elas, o desaparecimento repentino de alguns jovens e crianças. E é durante estes acontecimentos, em 1958, que somos apresentados ao "Clube dos Perdedores": Bill, Richie, Stan, Mike, Beverly, Eddie e Ben. Essas sete crianças terão seus destinos entrelaçados para sempre por um inimigo em comum: A Coisa.

"O sentimento mais primitivo é o medo."

Há um ano, Georgie, irmão mais novo de Bill, foi uma das crianças desaparecidas e que posteriormente foram encontradas, mortas. Desde o fatídico dia em que ele saiu para brincar e nunca mais foi visto com vida, Bill e sua família tiveram suas próprias vidas alteradas para sempre. E essa tragédia faz com que o jovem desconfie do que realmente aconteceu com seu irmãozinho. Quem foi o responsável por tanta dor e sofrimento em Derry? É o que ele e seus amigos tentarão desvendar.

“O palhaço segurava vários balões de todas as cores, como lindas frutas maduras, em uma das mãos. Na outra, segurava o barco de papel de George."

Porém, ao longo do livro, as sete crianças cruzarão com uma "criatura sobrenatural" e por sorte ou destino, todos escaparão com vida deste acontecimento. Eles cruzarão com A Coisa. A Coisa vive na rede de esgoto de Derry, e é caracterizada como o palhaço Pennywise, que atrai as crianças com seus balões coloridos, seu sorriso amigável e que, posteriormente as mutilará, para seu deleite. Mas a coisa não é um ser humano e muito menos um palhaço em si, ela pode assumir diversas formas, baseado no medo de quem a encara. Exatamente. Ela utiliza-se dos nossos medos para nos apavorar e nos deixar vulneráveis. E então se alimentar deles. As crianças descobrem que A Coisa desperta a cada 27 anos para se alimentar de suas vítimas e os jovens de Derry não estarão a salvo até que ele termine. A Coisa pode ser derrotada, afinal? É o que iremos descobrir, também, ao lado deles.

Em meio a momentos extremamente intensos vivenciados pelos personagens ainda tão jovens, nós os acompanharemos na jornada contra um mal que vai além de qualquer imaginação infantil. Eles terão de enfrentar os próprios medos. E se preparar para enfrentar A Coisa em outros momentos de suas vidas, após 27 longos anos. Através de passagens de tempo mesclando o passado e o futuro de cada um do Clube dos Otários, o autor nos envolve num enredo longo porém cheio de detalhes. King consegue nos instigar a curiosidade sobre a trajetória dos personagens após a infância em Derry e sobre o desfecho da trama até a última página. Sem dúvidas que a história é feita para encantar qualquer leitor, independente do medo.

"Tudo aqui embaixo flutua..."

O livro definitivamente não é apenas um livro de terror. Os medos de cada personagem são apenas um detalhe nessa história que não se trata apenas da Coisa e as vítimas da criatura, mas consegue ir muito além, abordando em muitos momentos uma temática pesada mas realista, como bullying, violência contra as crianças, contra a mulher, racismo, traumas de infância ou mesmo a pressão de um lar em ruínas. Cada personagem possui, individualmente, seus próprios problemas, suas vivências e sua história. São profundos. Mas, acima de tudo, é um livro sobre amizade e amor. Sim, isso mesmo. O laço que une esses sete indivíduos através do terror e das dificuldades é algo muito legal de se ler. É natural e é o que move essa história, afinal. E nós nos encantamos por cada um deles, e torcemos por eles. O amor ainda é maior que o medo em diversos momentos.

"Vá embora e tente continuar a sorrir. Ouça um pouco de rock and roll no rádio e vá em direção a toda vida que existe, com toda a coragem que você consegue reunir e toda a crença que tem. Seja verdadeiro, seja corajoso, enfrente!

Todo o resto é escuridão."

Sobre essa leitura, eu recomendo que encarem esse calhamaço de 1103 páginas. Stephen King criou uma história com um clima tenso, porém muito reflexiva. Não vou dizer que não mudaria nada, e que não possui seus defeitos. Existem alguns detalhes que eu mudaria, algumas explicações que acrescentaria e uma cena em especial que eu excluiria do livro, e o próprio autor, hoje, julga inadequada. Mas esse aspecto é minha opinião pessoal e nada disso que citei sacrifica os pontos altos e bons. Não mesmo. Ao longo do livro, nos encontramos perdidos em pensamentos, em teorias, em reflexões sobre os personagens (que torno a dizer, são incríveis), sobre A Coisa, nossos medos, e eu adoro isso em um livro. E, apesar de alguns momentos de tensão, não fiquei aterrorizada durante a leitura, inclusive consegui me divertir com os personagens, que são incríveis. Foi uma ótima experiência, porque não foi apenas uma leitura qualquer. É um "must read" da vida de um leitor, entãoleiam no momento certo e aproveitem!

Sobre o filme, sem spoilers

O remake estreou dia 07/09 oficialmente nas salas de cinema brasileiros e a pré-estreia estava lotada. Todos queriam acompanhar o novo filme de um clássico que apavorou muita gente na década de 90. Para fazer jus ao tamanho do livro, acredito, o filme será dividido em duas partes: capítulo I e II, o segundo já confirmado para 2019.

A história se manteve muito fiel ao livro, com pequenas adaptações necessárias, que julgo muito bem feitas. Os personagens e suas personalidades estavam ali, saídos das páginas para uma tela gigante. E A Coisa também estava lá, com uma aparência mil vezes mais ameaçadora que seu antecessor e que jamais poderíamos imaginar no livro. O elenco, escolhido a dedo, fez um excelente trabalho. Um destaque para o ator que interpreta o palhaço Pennywise, que conseguiu se provar como um grande psicótico, um personagem de destaque e peculiar. Ficou incrível.

O filme nos transporta para uma Derry não tão antiga (eles adaptaram as datas) mas ainda no passado, com um clima gostoso de acompanhar. A infância simples de uma cidade pequena, as vivências infantis como o primeiro amor, a independência e os atos de coragem foram super bem colocados. Não ficou forçado. E foi divertido em muitos momentos, como o livro.

Mas é claro, a tensão estava lá. A todo momento. A história começa a ser apresentada com um terror sem clichês, é algo que nos aterroriza naturalmente. A Coisa já é medonha por si só (e eu não tenho medo de palhaços! rs). E durante as quase duas horas de filme nós nos sentimos presos em Derry, torcendo pelas crianças, desejando que eles sejam corajosos. E desejando e segunda parte logo em seguida.

Eu, particularmente, amei o filme. Ele cumpre o que promete. Mantém o livro vivo e não estraga a experiência de quem nunca leu, também. É interessante, curioso e ao mesmo tempo angustiante. É demais. Esse filme entrou para a lista das boas adaptações literárias, e fiquei feliz com isso. Agora, teremos que esperar por um segundo filme ainda melhor, pois abordará o futuro dos personagens. É tudo o que tenho a dizer, podem assistir sem medo de uma má adaptação, pois o medo de "It: A Coisa" é real.

Eu espero que tenha passado um pouco do que essa obra é, e espero que possam conferir também, tanto o livro quanto o filme. Encarem It: A Coisa. Todos nós temos medos, e cabe a nós enfrentá-los! :)