Notas Sobre Ela

Autor: Zack Magiezi
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 120
Onde encontrar: AmazonBr | Saraiva | Submarino

| Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record | 

Sinopse: Ao retratar a mulher da infância à maturidade, Zack Magiezi mergulha no universo e na aura femininos revelando suas nuances, facetas e matizes. Dos picos de solidão noite adentro às alegrias ensolaradas à beira-mar; dos cheiros e tatos da inocência às expectativas que ora se cumprem ora se quebram; dos sonhos que reconfortam à realidade que lapida. Os vislumbres e as impressões; sentimentos e sensações; gestos, fotos, livros, discos, pessoas: nada foge ao autor. Obra inédita inspirada na série de textos que conquistou as redes sociais, Notas sobre ela é, em essência, sobre todas elas.

Olha só quem voltou com mais poesia?! Isso, eu mesma. Apresentei Zack ao LOHS na resenha de Estranherismo (e vi no meu Instagram que foi na Bienal de 2016 que comprei o volume mesmo!) Graças à parceria com o Grupo Editorial Record, coloquei minhas mãos nessa segunda coletânea. Zack continua com seu trabalho no Instagram (@zackmagiezi), porém o que ele entrega em Notas Sobre Ela é completamente diferente, porque são todos poemas off-line, ou seja, ele não postou nenhum em seu Insta!

 

Dividido em quatro partes – as quatro fases da vida de todos os seres humanos –, esse livro é completamente dedicado às mulheres. Com sua sensibilidade ímpar, Zack retoma sua linha de poesia intitulada "notas sobre ela", que já vimos - inicialmente - no Insta e no miolo e Estranherismo. Agora, em um passeio pela trajetória de vida de uma mulher, ele nos encanta mais uma vez com suas palavras e insights. 

Porque muitas vezes, tudo o que queremos é que alguém nos entenda. E ninguém faz isso melhor do que um poeta! Só queremos parar o tempo e, então, lembrar de coisas há muito esquecidas. 

Parte I - A infância /ou tardes de quintal

Primeira fase da vida, uma infância com brincadeiras, avós e amor. Pessoalmente, eu lembro muito pouco da minha infância. Desde cedo, eu já preferia estudar e ficar quietinha do que sair com amiguinhos ou brincar na hora do intervalo. Com quatro anos, eu já sabia que o Papai Noel era uma coisa inventada, então segurei o "Esse não era o presente que eu queria". Vi meus pais brigando com seis anos de idade e me escondi em baixo da cama. Com oito, meu pai foi assaltado, mas minha única preocupação era a lição de casa que estava dentro do carro. Porque, obviamente, nada de ruim poderia acontecer com o meu pai; afinal, ele é o meu pai. 

Parte II - Juventude /ou dias em que o mundo se revelou imenso

Essa fase, talvez por ser a que estou vivendo (21 anos) foi a que mais me tocou. Essa parte de jovem adulto, de sair adolescência e já ter de decidir toda a sua vida é muito assustadora. Possivelmente, foi mais fácil para mim, por conta da minha mãe, pessoa maravilhosa que sempre esteve do meu lado para tudo.

"Tentar ver o futuro é um exercício estranho

Décadas para serem decididas em um instante"

Essa é uma fase de extremos. Tudo parece grande demais. Definitivo demais. Amedrontador demais. Você ainda é muito novo para ter total independência, mas muito velho para correr de volta aos braços dos pais. Você luta pelo seu espaço e reconhecimento, você só quer que uma figura responsável te abrace e diga que vai ficar tudo bem. Que você não está sozinha. Que você é forte e vai conseguir.

A vida sempre obrigou todo mundo a ser mais duro do que realmente possamos ter nascido para ser, porém isso não quer dizer que não possamos tentar nos amar um pouco mais. Aos 20 anos, tudo é possível e imediato. Até que você faz 30 e percebe que ainda tem tempo. Os jovens podem ter o mundo. E basta termos coragem para ir atrás de tudo isso.

"Ela gosta de mudar

Mudar

Para continuar sendo ela mesma"

Parte III - Ser adulta /ou o meio do caminho

Aqui é quando amadurecemos e já não temos tanta certeza das possibilidades do mundo. Sobreviver e viver nele é muito mais difícil do que parece. As responsabilidades da vida adulta já se cristalizaram, não são mais uma ideia dos 25 anos. 

Talvez você já tenha uma filha. E ela é a coisa mais importante para você. Seus sonhos passam para um importante, porém esquecível, segundo lugar. 

Depois de um tempo, passa a perceber que sua filha cresceu, que seu casamento pode não ter sido o que lhe prometeram, porém você precisa continuar. "A vida é só isso?/ Uma eterna repetição" Não. A vida não poderia ser só isso. 

Com mais sabedoria, com mais leveza, coma sensação de ter uma tarefa cumprida, você pode se permitir todas as coisas que deixou de lado anteriormente. Essa nova redescoberta de si mesma é o que todos os seres humanos deveriam buscar. Uma vida plena pode ser atingida mesmo depois de ter vivido uma vida inteira.

Parte IV - Velhice /ou vida em crise (de riso)

"Se você é jovem ainda, jovem ainda... Amanhã velho será, velho será, a menos que o coração, que o coração sustente a juventude que nunca morrerá!"

Com qualidade de vida, todo mundo ainda pode continuar vivendo depois dos 70 anos. EU conheço um senhor de 72 anos que treina box na mesma academia em que treino Krav e ele tem mais fôlego que eu. 

Então, aproveite sua vida. Seus altos e baixos. Seus momentos de tristeza e felicidade. Seus momentos de vitória e derrota. Aprenda com seus corações partidos e sua alma caridosa. Aprenda a ser uma força da natureza com um coração gentil. Tente tirar o máximo da vida, porque - eventualmente - a vida será tirada de você.

Apesar desse meu tom fúnebre final, esse livro é sobre esperança. De que a vida ainda trará coisas melhores; de que você ainda pode ter um mundo de possibilidades ao seu redor. De que você ainda pode se encontrar. Ter alguém por você em um lugar tão próximo quanto o papel é importante.

Descobrir sua própria força é necessário.

E é assim que esse livro pode te ajudar.

A segunda coletânea me tocou de uma maneira diferente da primeira. O estilo continua ali, sem pontuação, porém com um diferencial. Os poemas são mais longos. E a impressão está diferente! Vocês olharam essa capa? Que sensacional. O trabalho foi feito como intuito de transformar a capa de Estranherismo em um trabalho feito na máquina de escrever. O miolo não está mais impresso com a fonte datilográfica, porém o papel continua sendo reciclado. 

Tudo isso dá um ar incrível para o livro. O fato de ser capa dura torna tudo ainda mais adorável. Uma ótima dica de presente nesse final de ano, certo? Certo!