Corpo - Trinity #01



Autora: Audrey Carlan 
Título original: Body
Tradução: Lilia Loman
Série: Trinity
Editora: Verus
Páginas: 308
Onde encontrar: AmazonBr | Saraiva | Submarino
Classificação: +18


| Livro cedido como cortesia pelo Grupo Editorial Record


Sinopse: “Eu te amo. Eu te quero. Eu nunca vou te deixar.” Gillian Callahan entra em pânico só de ouvir esse tipo de frase. Por anos ela viveu uma relação abusiva com seu ex-namorado violento. Agora ela está livre e segura, trabalhando para uma fundação de apoio a mulheres vítimas de violência — a mesma que a resgatou e salvou sua vida. Gillian não quer saber de homem nenhum. Até conhecer Chase Davis, o presidente da fundação. O bilionário é tão sexy e sedutor que Gillian fica sem chão. Chase sempre consegue o que quer — e ele quer Gillian. 
Agora ela terá de enfrentar a batalha entre o desejo e o medo. Gillian vai conseguir confiar em Chase? Ela está segura com ele? E quão perigoso pode ser um passado sombrio... não só o dela, mas o do homem que ela aprendeu a amar?
Olha quem conseguiu encontrar uma nova série erótica para ler entre os livros pesadões! Eu mesma. Gostaria de agradecer ao Grupo Editorial Record por enviarem o exemplar aqui para casa, ele veio bem a calhar. Quando eu vi quem tinha escrito o livro, logo lembrei da Carol e do trabalho que ela desenvolveu nas resenhas aqui no LOHS. Audrey Carlan é autora de A Garota do Calendário (Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho). Pelas discussões que tivemos a respeito da série, e pelo que eu pude ler nas resenhas, Mia Saunders é uma garota que está aí vivendo de acordo com suas próprias escolhas. Vocês podem conferir mais a respeito nas resenhas ou neste post introdutório

Quando li a sinopse de Corpo, percebi que estaria em um território diferente. A primeira frase é algo como: Gillian - a protagonista - viveu anos em uma relação abusiva com um namorado violento. "Isso em um livro erótico? Tá certo isso, produção?", me questionei. Aparentemente, estava certo mesmo, porque a sinopse continua com algo parecido com 'ela resgatou sua própria vida, trabalha na fundação que a ajudou... e pá!, o termo 'bilionário sexy' entra em cena. Aí consegui reconhecer um erótico de Audrey. No entanto, a menção do abuso me incomodou. Como esse assunto tão delicado seria tratado em um livro erótico? Haveria espaço, tempo ou uma construção decente de personagens para fazer isso acontecer? 

Que tal conferir a resenha para obter a resposta? 
"Eu só quero uma vida normal - uma vida sem dor." Gillian, p. 7
A que história somos apresentadas? Gillian Callahan é uma funcionária exemplar da Instituição Safe Haven, a qual resgata, trata e oferece apoio a mulheres que sofreram abusos físicos, psicológicos e emocionais. Nossa protagonista é uma dessas mulheres que precisaram tanto da ajuda dessas pessoas dedicadas a ajudaram mulheres a enfrentarem essa triste e absurda realidade. 

Ela está em no bar de um hotel, fim de expediente de seu longo dia de trabalho. Lá, ela conhece esse homem simplesmente intenso, lindo e completamente sensual. A troca de olhares entre eles é explosiva. Desde esse começo, já temos vislumbres de algum passado de Gillian. "Homens grandes muito perto normalmente me dão ataques de pânico." Gillian, p. 13 Por isso, depois de se dar conta de que não poderia fazer mais nada além de uma conversa naquele momento, ela foge de Chase Davis, o dono do hotel. 

O segundo encontro entre eles se dá na academia do mesmo hotel. Obviamente esse encontro envolve um quase acidente com ela, e um resgate muito sensual com os braços de Chase. Eles combinam, então, um drink para mais tarde. Gillian, obviamente tem coisas mais importantes para fazer, como comparecer à reunião do Conselho da Safe Haven. E qual não é a nossa surpresa ao nos darmos conta, junto com Gillian, de que Chase Davis é o presidente do dito conselho da fundação na qual ela trabalha. O terceiro encontro entre eles envolve sustos e aceitações. 
"Atração à parte, não vou arruinar minhas chances de sucesso na fundação. Há anos a Safe Haven me arrancou do chão, me trouxe de volta do mundo dos mortos e me deu a vida. Depois de Justin, não posso deixar as coisas saírem dos trilhos." Gillian, p. 44
O fato de ele ser o chefe dela, no entanto, não parece importar muito. Afinal, ela trabalha na fundação há dois anos e essa foi a primeira vez que o viu. Ela aceita sair com ele, porém a noite toda dá errado. Gillian é assaltada e vai parar no hospital. Quem está lá como contato? Chase Davis. Ele toma conta dela, está lá por ela nessa cidade estranha. Enfim, eles ficam juntos. 

Okay, legal. Mas o que ficou me incomodando foi o fato de que Gillian não pareceu nem um pouco abalada com toda essa experiência do assalto. Gente, ela foi parar no hospital porque o cara bateu na cabeça dela para levar a bolsa. Ela tem pontos na sobrancelha e marcas de unha no pescoço, além do perigo de uma concussão. A primeira e única coisa que essa mulher pensa é em sexo? Com 'o cara que ela mal conhece, mas já sente a conexão, a atração insuportável'? (Eu consigo aceitar muitas inconsistências e inverossimilhanças em livros eróticos, mas existem limites).

Quando ela conta a suas amigas o que aconteceu, vejo um pequeno vislumbre de algo bom no livro. As quatro formam um grupo bem estruturado, são leais, amorosas e responsáveis umas pelas outras. Irmãs. Irmãs de alma. Algo que achei bem legal considerando o contexto geral de tudo. Obviamente essa amizade não é o centro do livro, mas até que é bem utilizada para fazer a história seguir seu fluxo. 
"- Corpo, mente e alma são importantes para nós quatro, mas para mim, particularmente, a tatuagem representa o passado, o presente e o futuro. Elas sempre vão fazer parte do meu passado, do meu presente e do meu futuro também." Gillian, p. 185
A amizade de Gillian com Maria é a mais significativa, pois ambas sofreram violência. Por isso, conseguem se entender em um nível mais íntimo e pessoal do que com as restantes. "- Cara bonita, nós sempre vamos ter que lidar com o fato de termos sofrido violência." Maria, p. 104 O fato de ambas terem passado pela Safe Haven juntas e saído dela melhores demonstra que a terapia é essencial para o processo de recuperação de qualquer vítima de violência. O tópico é rapidamente comentado entre as duas. E eu não pude deixar de questionar se esse breve comentário tenha sido apenas para acalmar os ânimos daquelas leitoras mais atentas. 

Já com os olhos aguçados - depois do começo de um relacionamento bem torto entre Gillian e Chase -, procuro mais discrepâncias na narração de Gillian. E qual não foi minha surpresa quando eu encontrei isso: 
"Eu gosto que ele seja ciumento e possessivo. Toda garota precisa de um pouco disso para se sentir desejável. Desde que ele mantenha o ciúme no nível mínimo, vamos ficar bem." Gillian, p. 168
Não. Não. não. Mil vezes não. Você não pode simplesmente montar todo um enredo para mim, dizer que a mulher saiu de um relacionamento abusivo no qual foi estuprada e atacada e violentada, e me fazer ela pensar uma coisa dessas. Um homem 'ciumento e possessivo' foi o que marcou o passado dela. Um homem 'ciumento e possessivo' é quem está ameaçado-a agora. Porque, ah, como se não bastasse Gillian precisar enfrentar sua razão e emoção no que concerne Chase, alguém a está ameaçando. Percebe como isso é simplesmente torto? Essa colocação, além de ser bem ignorante, quebra a personagem. 

E não foi somente nessa passagem. Meu livro inteiro está repleto de marcações: em uma página Gillian afirma que ela é sua própria mulher, que não depende de ninguém; na página seguinte, ela só quer estar na segurança dos braços de Chase. Em uma próxima situação, ela declara não ser de ninguém; na próxima página, deseja que Chase seja responsável por ela. 

Enfim, fiquei bem chateada com tudo isso. A parte do erotismo realmente foi entregue (AINDA com ressalvas), porém a história deixou a desejar. Então, respondendo à minha pergunta inicial: não houve tempo nem espaço para que um assunto tão delicado quanto o passado de Gillian fosse tratado. 

Pelo que li da sinopse do segundo livro, isso talvez mude. Portanto, darei três livrinhos para este primeiro volume. E vejamos o que Mente tem reservado. Será que conseguirá salvar essa personagem? Eu espero que sim. Porque muitas mulheres leem eróticos. E tratar levianamente um assunto tão importante parece um desserviço.







*
Seção das Quotes

"- O que você quer saber? - Se ele continuar olhando para mim como se eu fosse a coisa mais interessante do mundo, vou acabar pegando meu diário para ler em voz alta." Gillian, p. 48

"- Quando eu vou poder levar a minha esposa para casa?
Talvez a batida na minha cabeça tenha sido pioro do que eu pensei." Chase e Gillian, p. 58

"O resultado de hoje foi um bom lembrete para mim. Eu não recebo ordens de homem nenhum." Gillian, p. 76

"- Ainda. Você ainda não trepou!
- Você está certo, Phil. Eu ainda não trepei. Mas eu quero e vou." Phillip e Gillian, p. 99

"Ele não está pedindo para me ver, está impondo. Se eu não estivesse tão a fim dele, recusaria a oferta. Mas não consigo. Eu o quero demais." Gillian, p. 113

"Ainda bem que ele gosta. Foi ele que pagou." Gillian sobre um vestido, p. 156

11 comentários :

  1. Oi Iza, também acho esse tema delicado e ao passo que é importante debatermos é igualmente importante levarmos o tema a sério e assim esse questionamento que você fez no inicio e que teve resposta negativa ao final é algo que também me fiz ao saber que um livro erótico iria tratá-lo e achei uma pena que ele não tenha sido melhor aproveitado. Ainda assim e apesar dos pensamentos discrepantes da personagem, é o primeiro livro né?! vamos ver o que os outros aguardam ;)

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  2. Confesso que o livro não despertou meu interesse, acho que essa mistura de hot com violência não deu muito certo, ou não foi bem desenvolvida, a única parte que achei legal foi da amizade dela com as amigas que pareceu que são bem unidas e estão a postos pro que der e vir rs.

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  3. "Eu consigo aceitar muitas inconsistências e inverossimilhanças em livros eróticos, mas existem limites"; "E tratar levianamente um assunto tão importante parece um desserviço" SIM E SIM. Nossa, eu tinha gostado da sinopse e achava que o livro seria a altura. Também gosto de livros eróticos para minhas ressacas, mas, claro, que desejo um mínimo de coerência. Não gosto de livros com esses amores instantâneos, mulheres que se dizem fortes e agem ao contrário e que passam essa mensagem errada. A vontade que eu tinha de ler murchou completamente. Acho que para tratar de um assunto tão sério e que finalmente está ganhando a atenção que merece pela sociedade dessa forma leviana e com valores invertidos, melhor nem tratar... Sei que muitas pessoas que leem sabem criticar e distinguir o que é ficção, mas acho que livros influenciam pensamentos e até pessoas menos informadas, portanto, devem tratar de forma coerente esse assuntos.

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  4. Confesso que já vi várias resenhas deste livro, mas mesmo assim a história não me chamou a atenção. Não costumo gostar de livros deste gênero. Apesar que a série Garota do Calendário, quando foi lançada acabou despertando o meu interesse, mas logo acabei perdendo a vontade.

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  5. Eu escrevi um comentário GRANDÃO e não foi. Estou chateada!
    Mas eu disse que depois de 12 livros da Audrey Carlan, quero passar longe dela - por um booooom tempo, hahaha.
    A Carol sabe o que eu achei, de personagens mal construídos, histórias fracas e sem profundidade e cenas - as mais quentes mesmo - desnecessárias demais. E pelo jeito Corpo segue o mesmo caminho.
    Sinto muito, mas acredito que essa série não vai me ver.
    :P

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com
    www.livrosdateca.com

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  6. Não gostei muito de a garota da calendário, então não sei se daria outra chance para escrita da autora e fato dela colocar relacionamento abusivo em um livro erótico.
    Gosto de quando abordam temas fortes, mas de uma forma bem escrita e não é o que parece ter sido.
    Apesar de ter gostado bastante da capa, imaginava que era sobre algo sobrenatural;

    She is a Bookaholic

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  7. Izabela!
    Tenho metade da série de A garota do calendário e bom ver que esse livro é totalmente diferente da série anterior.
    Gosto de livros que trazem trechos sexuais.
    Nossa, a protagonista sofreu mesmo com relacionamento abusivo...
    E que bom que conseguiu um emprego e é ótima profissional que ajudará outras mulheres que vivem a mesma situação que ela viveu.
    Bom ver eles são bem parecidos e que ela conseguirá superar o sentimento vivido anteriormente e se entrega ao novo amor.
    E bom ver que tem amizade incluída, afinal, todos precisamos de amigos verdadeiros.
    Deve ser um livro fenomenal!
    “É prova de inteligência saber ocultar a nossa inteligência.” (François La Rochefoucauld)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  8. Olá, já ouvi muitos elogios sobre A Garota do Calendário, mas aqui vejo que a autora se perdeu no meio da história, colocando situações confusas e mal caracterizadas para tentar construir a personalidade da protagonista. Beijos.

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  9. Oi, Izabela!
    Não tenho interesse em ler a série A Garota do Calendário, mas a trama de Corpo despertou o meu interesse, apesar de concordar com você em relação a Gillian ter sofrido violência do ex-namorado e mesmo assim aceitar numa boa que Chase seja ciumento e possessivo... mesmo assim ainda pretendo ler Corpo.
    Abraços!

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  10. Oi, Iza! Tudo bem?

    Eu tenho o livro porém, não li. Deveo ler em breve, mas pelo que vi foi uma leitura que não lhe agradou... xiiii... e agora? Help-me!
    Ler ou não ler? Eis a questão!

    Beijos, Danny
    Meu canal: www.irmaoslivreiros.com.br/blog

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  11. Oi, Iza!!
    Para falar bem a verdade a premissa o livro até que é bem interessante, mas como tenho um pé atras com a autora fiquei meio com receio de ler essa nova série da Audrey Carlan. Mas quem sabem não dou uma chance mais na frente.
    Beijoss

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