A Espada de Shannara – Shannara #01

Autor: Terry Brooks
Título original: The Sword of Shannara
Tradução: Ana Cristina Rodrigues
Série: Shannara
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 544

Sinopse: Há muito tempo as Grandes Guerras do Passado arruinaram o mundo. Vivendo no pacífico Vale Sombrio, o meio-elfo Shea Ohmsford pouco sabe sobre esses conflitos. Mas o Lorde Feiticeiro, que todos julgavam morto, planeja regressar e destruir o mundo para sempre. A única arma capaz de deter esse poder da escuridão é a Espada de Shannara, que pode ser usada somente por um herdeiro legítimo de Shannara. Shea é o último dessa linhagem e é sobre ele que repousam as esperanças de todas as raças. Por isso, quando um aterrorizante Portador da Caveira a serviço do mal voa até o Vale Sombrio, Shea sabe que começará a maior aventura da sua vida.

Depois de um mês bem macabro, volto para o meu gênero favorito: literatura fantástica. A Espada de Shannara foi publicado originalmente em 1977 e é o primeiro livro de uma saga que deixou Terry Brooks muito famoso. Hoje o autor já carrega o expressivo número de 12 milhões livros impressos e 18 títulos na lista dos mais vendidos do jornal americano The New York Times. Essa obra é considerada um clássico do gênero fantástico e foi publicada aqui no Brasil no ano passado (2014) pela editora Saída de Emergência em mais uma belíssima edição (sou apaixonada por praticamente todos os livros dessa editora apenas pelo trabalho incrível de design e de diagramação). E, como uma grande fã de fantasia, estava muito empolgada para ler.

Confesso que demorei um tempo até pegar no livro (ganhei a edição no ano passado), mas resolvi tomar vergonha na cara porque logo teremos a série de TV com a história de Shannara – só depois descobri que a série é inspirada no segundo livro da saga, ou seja, sem ligação nenhuma com o primeiro livro. Mas foi o empurrão necessário para começar minha jornada.
A história tem como protagonista o meio-elfo Shea Ohmsford que não tem memórias dos pais que morreram ainda jovens, foi criado pelo tio humano (irmão da mãe humana de Shea) e tem seu primo humano, Flick Ohmsford, como um irmão. Os dois trabalham na taberna do tio/pai no Vale Sombrio e têm uma vida tranquila. Até uma noite em que um ser misterioso chamado Allanon aparece para avisar Shea sobre um grande perigo e a necessidade de fugir para terras mais seguras.

Allanon é o personagem que guarda todos os segredos do enredo e só irá contá-los aos poucos, quando acredita ser o momento certo para isso. Ele é um druida de idade desconhecida que já esteve em todos os lugares, aparecendo a qualquer instante e sumindo sem deixar aviso.

“-Você deve aprender a diferenciar um amigo de um inimigo. Algum dia, sua vida poderá depender disso.” Allanon, p. 21

Obviamente, Shea não dá importância ao aviso e só irá perceber a profundidade de seus problemas quando um ser malévolo, um Portador da Caveira, aparece para matá-lo. Então é aí que Shea percebe que deve fugir e seu leal irmão, Flick, decide que irá junto.

Os problemas de Shea são uma questão genética. Ele é o último descendente vivo do famoso rei elfo Jerle Shannara e apenas ele tem o poder para usar a espada de Shannara, que é a única arma com o poder de derrotar o Lorde Feiticeiro. O vilão dessa história, Lorde Feiticeiro, era um druida que enveredou para o caminho sombrio após lidar com magia negra. Ele, obviamente, quer acabar com o mundo e tornar tudo uma escuridão sem fim.

“Pela primeira vez, Shea percebeu que deveria aceitar, de uma vez por todas, o fato de que não era mais apenas o filho adotivo de Curzard Ohmsford. Ele era filho da Casa Élfica de Shannara, filho de reis e herdeiro da famosa espada, e mesmo que quisesse que as coisas fossem de outro jeito, deveria aceitar o que a sorte lhe decretara.” p. 124

Só que a fuga do Vale Sombrio foi apenas o começo. A verdadeira jornada começa quando os irmãos se encontram com Allanon e montam uma comitiva de humanos, anão, elfos e druida com Menion, Hendel, Balinor, Durin e Dayel para resgatar a espada de Shannara e destruir o Lorde Feiticeiro. Mas, devido a imprevistos, os amigos são separados e cada pequeno grupo ganha uma função diferente na história para salvar o mundo. Fora da comitiva, nós também conhecemos o troll Keltset e o ladrão Pannamon que irão ajudar Shea em momentos decisivos e importantíssimos.

Mapa do mundo de Shannara - Foto: Editora Saída de Emergência

O legal da história de Shannara é que ela se passa após o fim do mundo. Exatamente isso que você leu. O mundo como conhecemos hoje não existe mais. Nós, humanos, chegamos a ter um conhecimento tão grande sobre a ciência que a morte já não assustava mais e as pessoas morriam apenas por velhice. Só que como a morte já não era empecilho e nem algo assustador, grandes guerras começaram e varreram a terra quase completamente, deixando poucos homens e mulheres sobreviventes. 

E assim o conhecimento também foi destruído. As poucas pessoas que detinham conhecimento se esconderam e não dividiram com o resto da população por medo de novas provações. Com o tempo, a terra voltou a viver um período parecido com nossa idade medieval. Só que quando a tecnologia deixou de existir, a magia voltou a ganhar espaço e os humanos, que se achavam os únicos seres pensantes do planeta, tiveram que aprender a conviver com outras espécies.

“Enquanto as antigas ciências desapareceram na história, tão completamente esquecidas quanto os anos em que as máquinas eram as emissárias de uma vida fácil, o encantamento da feitiçaria as substituiu, uma ameaça mais poderosa e perigosa para a vida do que qualquer outra antes. Não duvidem de mim, amigos. Vivemos na era do feiticeiro e seu poder ameaça consumir a todos nós.” Allanon, p.133

Devo ser honesta com vocês e dizer que me decepcionei muito com a história. Dizem que as expectativas matam um livro e as minhas estavam bem altas. A ideia do enredo é muito boa, mas tudo que eu lia me lembrava uma cena de O Senhor dos Anéis. TUDO. Eu já sabia que Terry Brooks tinha se inspirado na famosa obra de J. R. R. Tolkien, mas não imaginava que sairia algo tão parecido. Os papéis que os personagens desempenham, as jornadas, os problemas, os vilões, tudo relembrava. Veja bem, eu reli O Senhor dos Anéis há pouco tempo, então os três livros estão muito frescos na minha mente e eu não gostei de tanta semelhança. Achei que o livro era uma versão resumida da trilogia que Tolkien criou com pequenas mudanças físicas.

Mas o que mais me matou nessa história foi o fato que só há uma personagem feminina - aparecendo quase no final livro, por sinal. UMA. Essa única mulher que aparece na história é uma princesa que foi sequestrada (para manipular um nobre) e é resgatada por um príncipe e os dois se apaixonam. Não é lindo?! Vou te dizer que não é não. Quando a guerra chega, ela fica escondida dentro do palácio esperando tudo acabar enquanto os homens vão à luta.

Podem me chamar de feminazi ou qualquer outro termo que acharem mais interessante, mas um dos motivos que me faz amar o Tolkien (além da escrita perfeita e das belíssimas histórias) é que ele cria mulheres guerreiras em uma época que a mulher não tinha direito a quase nada. Lembrando que Tolkien escreveu O Senhor dos Anéis durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), embora a obra tenha sido publicada em 1954-1955.  Eu também sei que na Europa as mulheres já brigavam por seus direitos desde antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas toda mudança precisa de tempo para ser efetivada. Agora, como que Terry Brooks escreve um livro na década de 1970 (lembrando que o movimento feminista nas Américas teve seu ápice durante os anos 1960) e coloca apenas uma personagem feminina no papel de princesa que precisa ser resgatada?! É muito machismo para mim.

Pelas questões acima, eu dou uma nota baixa ao livro. O lado bom é que o segundo livro, As Pedras Élficas de Shannara, tem como protagonista uma elfa! Isso mesmo, uma personagem feminina! (Também fiquei chocada) E a série de TV terá como inspiração esse livro, então espero que seja bem melhor. Conto para vocês na próxima resenha! ;)




14 comentários :

  1. Nossa nota dois, pelo começo da resenha parecia que seria muito bom, mas quando a resenha foi terminando vi que não era, concordo como pode ter só uma personagem feminina e ainda por cima uma princesa que precisa ser resgatada eu hein, kkkk.

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    1. Pois é, Maria! A história tinha tudo para ser muito boa, mas acabei bem decepcionada com o livro.
      Como a ideia do próximo é bem diferente e até fizeram uma série de TV, vou dar uma lida mais futuramente!

      Bjs

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  2. Oi, Carolina!
    Aaaaah, que triste que o livro não foi tudo o que você esperava.
    E detesto quando um livro parece demais com outros. Uma coisa é inspirar, outra é copiar.
    E oi? Sem mulheres no livro? Sem graça. Ainda mais nessa época da literatura que as mulheres estão se tornando as personagens mais fortes, recorrentes e sem mimimi,
    Vai virar série? Quem sabe eu me interesse pela série, já que o livro foi mais ou menos.
    :(
    Mas os livros da Saída de Emergência são lindos mesmo!

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com

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    1. Muito triste mesmo, Teca!
      Esperava bem mais desse livro.
      Mas acontece. Ainda tenho esperanças para o segundo volume.

      Eu até entendo ter poucas personagens femininas, mas esse caso foi demais para mim.
      A série vai se inspirar no segundo livro, então tenho esperanças que seja bem melhor! Vou procurar assistir também. Só não sei quando. xD

      Mas a Saída de Emergência arrasa mesmo nas edições. Todos os livros que tenha dela são muito bonitos!

      Bjs

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  3. Sinceramente ,adoro o gênero ,mas nunca consegui me interessar por esse livro ,apesar de a capa chamar bastante minha atenção .
    Ainda não li O Senhor dos Anéis ,então acho que não teria tanto problema assim ,mas o fato de só ter uma personagem feminina ,tira toda minha vontade de ler ,gosto de livros com personagem femininas fortes e não a que faz papel de princesa em apuros .

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    1. O Senhor dos Anéis é um must read da vida, Jéssica! Hahahaha
      Leia quando puder porque é maravilhoso. Já li e reli e ainda me encanto. :)

      E penso como você com relação à personagens femininas. Gosto de papéis fortes e não das coitadinhas que devem ser protegidas. Não me importo quando há uma mistura dessas mulheres, mas não gosto quando só tem a fraquinha. É bem triste.

      Bjs!

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  4. Olá, Carolina.
    Eu tenho esse e o segundo livro da série, mas ainda não tive tempo de desbravá-los.
    Apesar de literatura fantástica estar entre os meus gêneros favoritos, acho que o machismo da obra irá me incomodar. Também prefiro obras com personagens femininas marcantes.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do top comentarista de novembro. Você pode ganhar um livro incrível!

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    1. Eu ainda tenho esperanças para o segundo livro, viu?!
      Tenho ele em casa também e pretendo lê-lo em um futuro próximo. Até porque logo mais temos a série baseada nessa segunda história.

      Mas o primeiro eu não gostei mesmo por conta do machismo. Achei péssima a personagem e preferia que não tivesse mulher alguma na história. Fora a cópia de O Senhor dos Anéis... =/

      Espero que tenha uma leitura melhor que a minha!

      Bjs

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  5. Oi, Carolina. A Espada de Shannara me chamou muito a atenção a princípio, gosto bastante de histórias fantasiosas, mistérios e mortes nas obras. Gostei do jeito da autora em revelar os segredos dos personagens pouco a pouco durante a narrativa. Mas, chegando ao fim da resenha, percebi que o livro é totalmente decepcionante, com poucas partes agradáveis. Não quero!

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    1. Oi, Ycaro!

      A capa é linda e a sinopse chama muito a atenção, uma pena que a história deixou a desejar. Mas tenho esperanças para o segundo livro!
      Foi baseado nele que farão a série de TV e por isso acredito que seja muito bom. Te conto mais depois que ler! ;)

      Bjs

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  6. Olá!!
    Me encantei de cara pelo livro, porque fantasia é meu gênero favorito, e minhas expectativas estavam altíssimas tanto quanto as suas, e levei um banho de água fria com sua resenha, porque gosto de uma boa fantasia que se surpreenda e me faça ficar fascinada, então nada pior que algo previsível e tão parecido com alguma coisa que agente ja conheça bem, basear é uma coisa fazer pequenas mudanças é totalmente diferente, entendo perfeitamente sua nota 2.
    Bjocas!!

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    1. Uma pena, né Rose?! Odeio quando isso acontece com um livro que tínhamos expectativas tão altas. Mas ainda guardo algumas esperanças para o segundo volume da série. Acredito que seja melhor até porque terá série de TV também! Hahaha

      Bjs!

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  7. Hummm não sei o que dizer sobre esse livro. Como sabe, adoro esse tipo de história, mas não curto tanta inspiração. Cansada das tantas que temos no mercado.
    Não vou ler, sabe! Quem sabe bizoie a série.

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    1. Também vou dar uma checada na série até porque não é inspirada nessa história, mas em uma outra bem diferente. Lerei o segundo livro no futuro e aí te digo se vale a pena.

      Temos realmente muitas histórias no mercado, né? Hahaha
      Estamos sempre na eterna procura por algo diferente. :)

      Bjs!!

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