Um Acordo de Cavalheiros

Autora: Lucy Vargas
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 350
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| Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record |

Sinopse: Um romance sensual e arrebatador repleto de intrigas, morte e desejo.
Tristan Thorne, o Conde de Wintry, não é um homem para brincadeiras. Com uma vida de segredos, amado e odiado na sociedade, ele não é o parceiro ideal para uma dama. Dorothy Miller não sabe o que há por trás de suas motivações, apenas que ele é bastante intenso. Os jornais dizem que ele bebe demais, joga demais e ama escandalosamente. E até mata. Como uma dama determinada a ser dona do próprio destino como Dorothy Miller acaba em um acordo com um homem como Lorde Wintry? Você teria coragem de guardar um segredo com o maior terror dos salões londrinos? Lembre-se: Nunca faça acordos com ele, pois o conde sempre volta para cobrar.

Eu tinha muita curiosidade para conferir a narrativa de Lucy Vargas porque sempre ouvi e li comentários positivos. Tanto é que já faz algum tempo que comprei O Refúgio do Marquês (publicado pela editora Charme), mas infelizmente ele ainda está me encarando da minha prateleira e esperando eu conseguir encaixá-lo na lista sem fim de livros para ler em sequência.
Por isso, adorei receber o mais recente romance de época da escritora, Um Acordo de Cavalheiros, em parceria com a editora Bertrand Brasil.

Lucy Vargas
De uma forma diferenciada de outros títulos do gênero, a história tem início com nossa protagonista, a srta. Dorothy Miller, acordando seminua em uma cama que não lhe pertence. Mas o susto é ainda maior quando percebe que está no quarto de ninguém menos que Tristan Thorne, o conde de Wintry e o homem mais terrível nos salões londrinos. 

A história se passa na Inglaterra em 1818, um pouco antes de se iniciar a temporada oficial em Londres. Dorothy está passando a semana na casa de campo de Lady Russ, que organiza há quatro anos um famoso evento de pré-temporada.
Lady Russ também é uma querida prima do infame conde de Wintry e por isso sempre o convida para todos os eventos, apesar de todos os péssimos rumores na sociedade sobre ele. 

É por isso que, depois de abusar de muito vinho na adega de Lady Russ e ter uma conversa extremamente sincera e cheia de revelações com o conde de Wintry, Dorothy acorda quase sóbria e percebe que desmaiou seminua na cama do pior homem de Londres um pouco antes de consumar o ato sexual.

Obviamente, Dorothy faz tudo o que é possível para sair a la francesa do quarto e sem manchar sua reputação. Isso porque, apesar de já ter 26 anos e nenhuma possibilidade de se casar (já que não é mais virgem), Dot ainda é a principal responsável em arranjar um bom casamento para a prima, Cecilia Miller, que debuta pela primeira vez nessa temporada. Como Dot e Cecilia dependem da renda do tio (pai de Cecilia) que já está próximo de partir desse mundo, é imprescindível que Cecilia consiga um bom casamento ou ambas estarão à mercê de parentes não muito agradáveis.

"Todos nós fizemos coisas que não nos orgulhamos."

Mas o conde de Wintry não vai - e nem quer - esquecer os poucos momentos íntimos que teve com a jovem senhorita Miller. Tristan tem como intenção tê-la completamente em sua cama - sóbria, de preferência. Por isso, ele não irá desistir de começar um caso secreto com Dorothy e usará todo o seu charme para convencê-la.

Dorothy perdeu sua virgindade aos 18 anos e tem plena noção de que não poderá se casar por conta disso. Sua primeira experiência foi muito ruim e ela nunca pensou em repetir. Mas o depravado Tristan Thorne a faz sentir coisas que nunca imaginou e logo o desejo falará mais alto.

"-Sabe, eu acho que você está com meus grampos, meu broche e o enfeite do meu penteado. Eu quero tudo de volta - Ela queria mesmo, mas aquilo era só uma distração.
-Sim, mas eu gosto mesmo é do calção de cetim que deixou para trás. Quem diria que uma dama como a senhorita seria tão ousada no que usa por baixo das saias? - Ele se inclinou para trás e olhou no caminho por trás da pilastra. - Vamos nos encontrar no vão depois da sala de jogos, em cinco minutos.
-Nem que eu estivesse louca.
-Você é louca, Dot. Se não fosse não teria acordado na minha cama. Cinco minutos."
Dorothy Miller e Tristan Thorne, p. 47

Enquanto Dorothy e Tristan se entregam ao desejo e iniciam seu caso secreto, outras tramas complementam a narrativa. Dorothy deverá lidar com alguns pretendentes não desejados e a jovem Cecilia se encantará com os piores partidos de Londres e deverá ser devidamente vigiada ou poderá fazer algo que se arrependerá profundamente. 

"-Por favor, Senhor. Desde aquele meu deslize, eu tenho sido uma dama de boa índole. Se eu não conseguir também um marido devasso, másculo, perigoso e completamente apaixonado por mim, não poderei ter uma vida digna. Pense em minha felicidade: como viverei sem agitação e indecência? Peço-lhe proteção em minha busca pelo meu próprio libertino perigoso e apaixonado."
Cecilia Miller, p. 341

Além disso, Tristan terá uma missão especial esse ano. Isso porque, antes de receber o título de conde com a morte de seu meio-irmão mais velho, Tristan era um agente secreto da Coroa Britânica durante a guerra contra Napoleão. Mas agora que voltou a Londres, o jovem conde começou uma investigação pessoal - e secreta - para descobrir quem foram os assassinos de sua amada tia, que o criou após a morte de seus pais.  

"Em uma missão normal, ele não voltava pelos outros. Geralmente era enviado para terminá-la. Ele só levava consigo quem caía à sua frente. Mesmo assim, não era o objetivo. Eles não eram a infantaria, não era sobre nunca deixar seu companheiro para trás e valorizar quem lutava ao seu lado. Até porque eram agentes solitários. Quando saíam de seu caminho para salvar qualquer pessoa, a missão podia ser comprometida, e quando o faziam, era por puro sentido de honra ou mesmo por compaixão.
Todos eles, sem exceção, já haviam deixado alguém para trás. Mesmo que não tivessem visto a pessoa, nem a conhecessem e só soubessem disso depois. Porque honra e compaixão não completavam missões. E os agentes eram avisados disso antes de aceitar o trabalho, pois se não conseguissem terminar porque algo ou alguém constantemente os tiraria de seu objetivo, então não serviam para esse tipo de trabalho.
Vez ou outra, eram enviados para resgatar alguém, mas essa não era a especialidade de Tristan - a menos que o único jeito fosse matar todos numa sala e desaparecer com tudo depois. Seu talento era matar. Era para isso que o enviavam."
Tristan Thorne, p. 169-170

Todas as tramas vão se interligar com o caso secreto de Dorothy e Tristan de forma inteligente e divertida. E talvez quando a temporada acabar nenhum dos dois conseguirá pôr fim à paixão.


Um Acordo de Cavalheiros é um romance com uma trama bem estruturada, mas alguns detalhes me incomodaram ao longo da leitura. Por exemplo, há momentos que Dorothy utiliza expressões como “minha nossa senhora” (ao se espantar) ou “parecia um coroinha” (comparando um jovem muito inocente). Essas expressões são comuns a nós que crescemos sob o estigma da Igreja Católica, mas, em 1818, os católicos já eram uma minoria na Inglaterra - o número foi diminuindo gradativamente desde que Henrique VIII cortou relações com a Igreja e instaurou a religião anglicana. Obviamente, existia sim pessoas católicas naquela época, mas elas eram diferenciadas dos demais e em momento algum Dot se enquadra como uma jovem inglesa católica do século XIX. 

Falando dos personagens, eu gostei muito da jovem Dorothy. Embora a personagem seja moderna demais para aquele tempo - tem certas falas que não se encaixam bem com uma jovem moldada pela sociedade britânica em 1818 -, ela é uma mulher determinada. Quando percebeu que não poderia mais se casar, seguiu em frente em uma sociedade extremamente complexa para uma jovem solteira e com poucos recursos. O caso com Tristan a torna mais confiante e feliz, se aceitando exatamente como é. Algo que deveria ser realmente quase impossível naquela época.

Já Tristan é uma questão mais complexa. Ele é um mocinho muito charmoso, bem construído e desenvolvido. A trama na qual ele investiga os assassinos da tia é bem feita e coesa. Eu gostei muito dele. O que não me convenceu foi o fato de um aristocrata inglês - em 1818 - fazer um discurso sobre a liberdade sexual das mulheres. A discrepância desse discurso é vista quando, apesar de seu discurso no qual Dorothy deveria ter o direito de dormir com quem quisesse, ele critica a tia (que o criou e foi assassinada) pelo excesso de amantes que teve. Pessoalmente, acredito que se ele fosse francês eu aceitaria essa questão com mais facilidade. Afinal, os franceses sempre foram mais liberais - desde que a mulher não ficasse grávida, obviamente.

De uma maneira geral, gostei do livro e o achei muito inteligente. Também fiquei feliz de finalmente ter a chance de conhecer um trabalho de Lucy Vargas. Acredito que os escritores vivem desenvolvendo e aprimorando a própria narrativa, por isso estou muito curiosa para conferir outros títulos da autora. :) 




13 comentários :

  1. Oi Carolina!
    Já li Refúgio Para um Marquês e adorei a escrita da Lucy.
    Gosto muito de romance de época com persoangens bem desenvolvidos e fortes..

    Quero muito ler esse livro porque eu que vou me apaixonar pela história e personagens..

    Bjo

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  2. Oi Carolina, eu já li esse e outros livros da autora e gosto muito da escrita dela, envolvente e fluida. Sobre esse livro especificamente eu gostei muito da mistura que autora fez de romance com agentes secretos e achei que Tristan parece quase um super homem com tudo que ele enfrenta haha. Não tinha me ligado nessas questões de expressões que não condizem com a época e achei validos os pontos que você levantou na resenha. ;)

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  3. Oi Caroline, tudo bem?
    Eu costumava gostar de romance de época, mas esses dias tive uma decepção que até me desanimou. Nunca li nada da autora, e té me surpreendi pela foto dela, pois achei que ela fosse mais velha. Achei bem interessante você pontuar essas contradições ao longo da estória, confesso que eu não teria reparado rsrs
    Adorei a resenha.
    Beijos

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  4. Carol, tenho alguns títulos da autora na minha lista de desejados; este não faz parte dela. Apesar de a história ter aquele ar interessante não despertou minha curiosa. Mas ainda este ano quero ler algo dela. xD

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  5. Carol, eu vi gostei da capa: belíssima! Quanto à resenha, achei incrível e sua coloção sobre a forma de expôr ao sexo, no entanto, acredito que a autora escreve este estilo pelo fato de ter obras contemporâneos que abordam este assunto. Contudo, a história deve ser incrível! =)

    Beijos,
    Danny
    Irmãos Livreiros

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  6. Quero ler esse livro, Tristan e Dorothy devem ser bem divertidos, os personagens parecem que foram bem trabalhados e que nos conquistam, achei a personagem muito admirável, por ser do jeito que é e não querer mudar por causa da sociedade.

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  7. Oi Carolina,
    Romances de época estão tomando seu espaço em meio aos autores nacionais e tenho achado isso maravilhoso. Um acordo de cavalheiros vem para trazer inovação ao gênero. Com uma protagonista mais experiente, com idade mais avançada do que as moças de outros livros e situações complicadas, Lucy Vargas conseguiu chamar minha atenção. Tristan faz o típico protagonista misterioso e com charme de sobra, mas trás em sua história elementos importantes para a trama. Essa é uma indicação muito bem vinda e espero realizar a leitura em breve.

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  8. Olá Carolina,

    Não conhecia o livro e nem a autora, as confesso que não me despertou interesse, gosto de romances, mas nada de hot e meloso demais, mas para que gosta parece uma boa história, sucesso para a autora...bjs.


    http://devoradordeletras.blogspot.com.br/

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  9. Oi, Carol!
    Já tinha ouvido falar desse livro, mas ainda não li nada da Lucy.
    Senti uma aula de história no seu post, hahaha.
    Fiquei curiosa e achei legal tanto ela quanto ele serem a frente do seu tempo (talvez até demais, pelo jeito, haha).
    Quero ler porque amoooooo romance de época!

    Beijoooos

    www.casosacasoselivros.com
    www.livrosdateca.com

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  10. Pela resenha o livro parece muito divertido!! Adorei que ele já comece diferente dos demais. De fato essa falta de coesão em alguns pontos da história podem irritar, porém, como é um livro de romance, eu geralmente nem me atento a estes detalhes. Além disso, é bem comum nos livros de época que são mais recentes (pelo menos os que eu já li) as personagens terem uma mentalidade mais avançada, então acho que já estou acostumada (e relevo).

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  11. A sinopse é boa e a capa linda, mas não é algo que me chama atenção, por ser um romance de época, é um gênero que não faz o meu tipo. Gostei de sua resenha. Beijos.

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  12. Oi Carolina,
    Tenho muita curiosidade em conhecer a escrita da Lucy Vargas, O Refúgio do Marquês está há tempos na minha lista de desejados, e Um Acordo de Cavaleiros entrou assim que vi o lançamento. Sou fã de romance de época, então não há como não ficar interessada em ler esse livro, apesar de alguns pontos falhos na história, que não estão de acordo com o contexto histórico, como você ressaltou. A srta. Dorothy é determinada mesmo, uma mulher com atitudes a frente do seu tempo. Já o Tristan... que conde intrigante! Fiquei curiosa para saber o motivo da investigação do assassinato da tia dele.
    Beijos

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  13. Eu confesso que geralmente fujo de romances de época e por isso não tive interesse por esse, mas é preciso admitir que apesar dos pequenos deslizes a autora é talentosa.
    Imagino como deve ter sido difícil no período e na sociedade criada pela autora para mulheres se envolverem com homens sem ter um compromisso e o quanto isso pode arruinar uma vida, mas ela tem dedo podre igual a prima, escolhendo os piores partidos.
    Acho que o melhor personagem mesmo é Tristan que foi melhor desenvolvido assim como toda sua estória, tomará que goste dos outros livros já publicados também.

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