Enfeitiçadas – As Crônicas das Irmãs Bruxas #01

Autora: Jessica Spotswood
Título original: Born Wicked
Tradução: Ana Ban
Série: As Crônicas das Irmãs Bruxas
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
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Sinopse: Antes do alvorecer do século XX, um trio de irmãs chegará a idade adulta, todas bruxas. Uma delas terá o dom da magia mental e será a bruxa mais poderosa a nascer em muitos séculos: ela terá poder suficiente para mudar o rumo da história, para suscitar o ressurgimento do poder das bruxas ou um segundo Terror. Quando Cate descobre esta profecia no diário de sua mãe, morta há poucos anos, entende que precisa repensar seus planos. Qual será a melhor opção: servir a Irmandade, longe dos olhos vigilantes dos Irmãos Caçadores de Bruxas, aceitar uma proposta de casamento que lhe garanta proteção e segurança ou abandonar tudo e viver um grande amor proibido? Prepare-se para se encantar com os jovens pretendentes de Cate, abominar o ódio e a repulsa que os Irmãos dedicam a meninas e mulheres, e aguardar ansiosamente pela sequência de As Crônicas das Irmãs Bruxas.

Enfeitiçadas apresenta um universo semelhante ao século XIX que conhecemos nos livros de histórias com caças às bruxas, mulheres queimando nas fogueiras e preconceito com pessoas diferentes do comum. Mas durante a leitura, senti que a história se passava em outro planeta com alguns detalhes parecidos com a Terra.

A protagonista, Cate, é a mais velha de um trio de irmãs. Desde a morte da Mãe (que é sempre tratada no livro com a letra M em caixa alta, sem nome, como se só precisássemos saber que ela foi a mãe – um detalhe desanimador na minha opinião, como a mãe da Katniss que não precisa ter nome também. Mães são importantes, caramba!), ela é se tornou a responsável pela proteção de si mesma e das irmãs.

Mas por que elas precisariam de proteção? Porque no momento que a história se passa, as meninas suspeitas de bruxaria (digo meninas mesmo porque eles iam atrás de adolescentes e crianças “diferentes”) estavam sendo caçadas. Depois são levadas para hospícios ou navios de trabalho forçado, algumas apenas desaparecem no meio da noite e nunca mais são vistas. 

O grande terror de Cate é que suas irmãs sejam levadas embora, já que as três são bruxas. Sua infelicidade piora quando descobre uma profecia no diário da falecida Mãe. 

Antes do alvorecer do século XX, um trio de irmãs chegará à idade adulta, todas bruxas. Uma delas terá o dom da magia mental e será a bruxa mais poderosa a nascer em muitos séculos: ela terá poder suficiente para mudar o rumo da história, para suscitar o ressurgimento do poder das bruxas ou um segundo Terror.

Cate carrega esse dom da magia mental e tem muito medo dele e de expor sua família. Vive em uma tensão constante para esconder seus poderes das outras pessoas.

Mas sinto a magia em mim. Está ali, em cada respiração, em cada batimento cardíaco irritado, com seus fios diáfanos pulsando e apertando meu peito. Ela provoca, bajula, implora para se soltar. p. 22

O triste da história é que tudo o que Cate faz é pensando em suas duas irmãs mais novas, Maura e Tess, mas nenhuma delas auxilia em coisa alguma; na verdade, elas sempre pioram a situação. E, no caso de Maura, maltrata e desfaz da irmã mais velha. Mas também acredito que se Cate não guardasse tanto os problemas apenas para si mesma, a situação poderia ser melhor.

Nesta sociedade dominada pela Fraternidade, homens que caçam bruxas e as prendem, quem está no poder são os Irmãos (membros da Fraternidade). Eles controlam tudo que as mulheres fazem e falam. Aqui, voltamos a ouvir que o dever da mulher é servir o marido e cuidar dos filhos; ser uma mulher diferente só traz infortúnios. 

Além de toda a questão da bruxaria e dos problemas familiares, o livro também traz outra problemática: Cate logo será adulta e precisa se casar, ou aumentará as suspeitas ao redor de sua família. A escolha mais segura é Paul, seu amigo de infância. Mas então ela conhece Finn e se apaixona perdidamente por ele. Mas Finn é um simples livreiro que tem sua livraria vigiada constantemente pelos Irmãos, já que é a mãe dele que comanda a loja. E como Cate pode se colocar (e ao mesmo tempo colocar as irmãs) tão próxima aos holofotes assim?

A história é muito boa, com uma escrita excelente e, quando chegamos ao final temos nossos corações apertados pela forma como Cate é obrigada a fazer escolhas que acabam com ela, apenas para proteger suas irmãs. Eu me senti tocada por essa lealdade, mas também uma revolta cresceu muito em mim por ela aceitar a situação, por não lutar mais, por não ter falado antes com as irmãs.

Enfim, me irritei com Cate na mesma proporção que simpatizei com ela. Tenho certeza que, assim como eu, ficará ansiosa (o) com o fim abrupto do livro. É como o fim de capítulo da novela das 21h, que te deixa nervosa (o) para saber o que irá acontecer. 

O lado bom é que o segundo livro já foi lançado e a Arqueiro já anunciou o a data para o terceiro (e, até então, o fim da história)! Uma situação perfeita para pessoas com problemas de ansiedade com continuações de livros, no caso moi.