#Mês do Halloween: Entrevista com o Vampiro – A História de Cláudia

Autora: Anne Rice

Arte e adaptação: Ashley Marie Witter

Título original: Interview with the Vampire – Claudia’s Story

Tradução: Daniel Ribas

Editora: Rocco

Páginas: 224

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Sinopse: Esta não é simplesmente uma adaptação para os quadrinhos de Entrevista com o Vampiro, bestseller de Anne Rice que virou filme em 1994. Meticulosamente ilustrado por Ashley Marie Witter, a versão em graphic novel do livro de estreia da rainha dos vampiros reconta a história sob um ponto de vista inédito: o da vampira criança Cláudia, a imortal de 6 anos de idade, órfã e assassina, vítima e monstro, representada por Kirsten Dunst na versão cinematográfica.
As ilustrações em tons de sépia de Ashley Marie Witter retratam fielmente os personagens felinos e andróginos de Rice. O desenho detalhista, algo vintage, reforça o clima ao mesmo tempo sensual e sombrio da obra original, renovando e enriquecendo a narrativa.
A história se inicia com a transformação da enigmática Cláudia em um vampiro e acompanha seu “envelhecimento”, as hostilidades crescentes entre ela e Lestat, seu caso de amor platônico com Louis e sua busca desesperada por outros de sua espécie, com quem espera obter respostas sobre sua própria natureza.
A perspectiva de Cláudia, com uma mente adulta eternamente aprisionada em um corpo infantil, nos mostra uma nova gama de conflitos e contradições, nunca antes apresentados em qualquer livro da série original, tornando esse volume um item indispensável para qualquer aficionado por Anne Rice e seus personagens.
A adaptação é a primeira graphic novel inteiramente produzida pela autora e ilustradora Ashley Marie Witter, que estudou desenho pensando em trabalhar com cinema e videogames antes de descobrir sua vocação para os quadrinhos.

Quando fui escolher meus livros para o #MêsDoHalloween minha intenção era simples: não repetir nenhum autor. Pegar histórias diferentes, com tramas diferentes e com “monstros” diferentes. Só que logo depois de terminar a leitura de Entrevista com o Vampiro (resenha aqui) não resisti ao belíssimo graphic novel A História de Cláudia.

Veja bem, quando li o primeiro livro da série Crônicas Vampirescas não tinha uma real noção do que a Cláudia pensava e sentia. Ela amava o Louis de verdade? Ou apenas fingia para mantê-lo ao seu lado protegendo-a de qualquer mal? Por que ela odiava tanto Lestat? Será que ela preferia ter morrido como humana do que ter se transformado em uma vampira criança?

Como toda a história original é narrada pelo vampiro Louis, nós recebemos a versão que ele conhece. O que ele acreditava ser verdade, o que ele sentia e pensava. Mas, mesmo com todas as dúvidas, a Cláudia foi a personagem que mais me atraiu. Eu fiquei pensando por um bom tempo sobre a personagem até pegar essa obra de arte e quando acabei a leitura estava perdidamente apaixonada. Terminei de ler em uma hora e meia e queria mais. Muito mais.

A história começa com as primeiras lembranças de Cláudia de sua transformação de humana para a vampira imortal. Entendemos que a menina ainda tem sua mente infantil e deve aprender a conhecer o novo mundo que a cerca com seus dois pais, Louis e Lestat.

Mas a medida que os anos se transformam em décadas, Cláudia amadurece mentalmente embora seu corpo continue da mesma forma e isso começa a gerar sentimentos contraditórios que vão acarretar no desarranjo familiar. Ela admirava Lestat, mas seu coração sempre pertenceu à Louis. E, sim, ela o amou de verdade. 

A pequena vampira tem uma grande sede por conhecimento e isso é um vazio que Lestat não pode preencher. Ela percebe isso e quer provar à Louis quão fraco Lestat é e por isso começa a provocá-lo sempre que possível. E é a partir dessas ofensas que a relação entre os três começa a enfraquecer até chegar ao ponto em que não há mais uma forma de todos viverem juntos em paz e harmonia. 

Na minha interpretação pessoal, o maior agravante para esse ódio crescente de Cláudia por seu criador foi a falta de conhecimento que recebeu. O anseio da vampira em encontrar outros de sua espécie nada mais é que uma esperança de receber informações sobre si mesma e o que é capaz. 

Diferente da versão narrada por Louis, Cláudia conta o mesmo enredo de uma forma mais simplista, sem debates filosóficos, sem culpa por ser quem é, com certa aceitação de sua realidade e compreensão dos próprios sentimentos e também daqueles próximos a ela.

E, mesmo sabendo o final da história, fiquei de coração partido. Cláudia merecia um papel muito maior do que lhe foi dado. Ela é uma das melhores personagens femininas que já tive o prazer de conhecer. Sério. 

Ela é a primeira – e talvez única – personagem da história a compreender as verdadeiras intenções de todos os outros personagens do livro. Eu fiquei apaixonada por sua inteligência, perspicácia e pelo seu amor. Louis não entendeu e nem prestou atenção aos avisos de sua menina, mas se tivesse talvez o fim fosse outro. Ou talvez tudo estivesse predestinado a acontecer. Nunca saberemos, não é?!

Com relação ao design, devo dizer que está incrível! A editora Rocco traz uma edição de capa dura muito bem trabalhada. Como sou apaixonada por quadrinhos desde os 14 anos, acabo me tornando crítica com relação aos desenhos, às linhas, as cores e todos os pequenos detalhes. Mas vou dizer para vocês que está tudo simplesmente perfeito. 

Os traços são limpos com personagens que são a exata descrição do livro original (acabei de ler, então tenho certeza do que estou falando) e uma riqueza de detalhes maravilhosa. Todos os quadrinhos têm um ar vintage sem cores fortes que casa muito bem com a história, tendo uma única exceção: a cor vermelha - representando o sangue.

Eu tenho apenas elogios à obra e digo aqui que todos os fãs de Crônicas Vampirescas devem ler esse graphic novel para conhecerem a verdadeira Cláudia. Indico principalmente para minhas queridas Camila (deste blog) e Teca (do Casos Acasos & Livros) porque vocês precisam deixar a menina vampira entrar nos seus corações! ;)