#Mês do Halloween: O Livro Perdido das Bruxas de Salem

Autora: Katherine Howe
Título original: The Physick Book of Deliverance Dane
Tradução: Cristina Cupertino
Editora: Suma de letras
Páginas: 360
Onde comprar: AmazonBr | Submarino | Saraiva

Sinopse: Connie Goodwin queria que 1991 fosse um ano exclusivamente dedicado aos estudos para sua dissertação de mestrado em Harvard. No entanto, por insistência de sua mãe, acaba indo para o interior do condado de Essex cuidar da reforma da casa da avó. Assim que se estabelece no antigo casarão, começa um mergulho no passado daquele lugar e fica especialmente interessada pela figura de Deliverance Dane, uma mulher reconhecida em sua época por curar doentes, receitando remédios e poções. É no condado de Essex que fica a famosa cidade Salem, palco dos julgamentos de 1692, quando mais de 150 pessoas foram presas e acusadas de bruxaria e mais de vinte condenadas à forca. Em certo momento, Connie tem certeza da existência de um 'livro perdido' que guardaria os segredos da misteriosa personagem.

Ganhei esse livro de um colega de escola. Ela estava doando alguns volumes e, como sabia que eu sou fissurada por livros, ela perguntou se eu não queria ficar com alguns. Eu prontamente aceitei a oferta e fui à casa dela. Esse foi um dos livros que ela me deu, estava na minha estante "para ler" há praticamente dois anos. Me lembrei dele na reunião que fiz com as meninas quando estávamos decidindo quais livros iríamos ler para o mês do Halloween. Tipo, o que mais existe de macabro além de monstros, vampiros, manicômios e Stephen King? BAM!, bruxas! Como que eu pude me esquecer das minhas adoradas bruxas?

Muito se é falado sobre elas. Bruxas são criaturas especiais, usadas pela literatura de diversas formas, com diferentes roupagens e sob múltiplas perspectivas. às vezes são belas e extremamente malvadas, outras, horríveis e gentis; alguns clássicos nos dizem que seus narizes são gigantes, com verrugas e a vassoura é seu transporte escolhido. Enfim, são tantas as possibilidades diante das quais podemos tratar a respeito de bruxas que ficamos um pouco perdidos quanto à sua origem. E qual lugar melhor para encontrá-la do que num livro cuja protagonista é uma candidata ao Doutorado em Harvard. 

Narrado em terceira pessoa, Connie Goodwin está passando pelo seu teste oral para qualificação do Doutorado em Harvard. Ela é extremamente inteligente, metódica e responsável. O que conflitará bastante com a personalidade de sua mãe, Grace - como iremos perceber logo no início do romance. Seu orientador é um professor desagradável, Mannin Chilton, que a trata com certa condescendência, característica absolutamente revoltante para uma mulher desejando um cargo que é tradicionalmente ocupado por homens. 

Paralelamente à versão de Connie em 1991, temos a narração de 1682 - sob diferentes pontos de vista, no entanto, tudo gira em torno de Deliverance Dane. Ela é uma mulher com habilidades de cura, suas 'tinturas' são extremamente famosas e certeiras. Todo o vilarejo conhece essa sua habilidade. O que se tornará tanto uma benção, como uma maldição. Principalmente quando se vive em Salem. Acusações começam a chegar e o caso para no tribunal, onde - infelizmente - Livvy não ganha a causa.

"Assim, as ocorrências negativas, como doença grave ou a derrocada economia, eram frequentemente interpretadas como sinal da desaprovação divina. Para a maioria das pessoas, culpar a bruxaria - uma explicação que estava fora do seu controle e personificada numa mulher isolada da sociedade - era preferível a encarar a possibilidade de estar correndo risco espiritual.", p. 21

Connie está com dois problemas: precisa passar o verão em busca de uma "fonte primária'" para escrever sua tese de doutorado e precisa realizar uma tremenda faxina na casa de sua falecida avó. Ela mal acredita quando aceita realizar o pedido de Grace. A casa precisa de uma reforma urgente para que a venda possa pagar os vinte anos de impostos ignorados.
No entanto, coisas bem estranhas começam a acontecer pela casa: Connie começa a ter algumas visões, pequenas lembranças que ela acredita terem sido geradas meramente pela sua imaginação; nossa protagonista encontrou um pedalo de papel enrolado dentro de uma chave escondido em meio às páginas de uma Bíblia muito antiga. Como boa pesquisadora que é, resolve ir atrás dessas duas palavras. Seu orientador acredita que seja um nome. E o acaba sendo, quando Connie descobre-o, com a ajuda do nosso lindo Sam, em meio às páginas do livro de excomunhão da primeira Igreja de Salem. 

Depois disso, a história (dividida em duas grandes partes) ganha mais pistas. Connie está investigando o passado por meio de documentos históricos e ao leitor é oferecido uma espiada crucial desses personagens que morreram há 300 anos. Apesar disso, percebemos que as histórias são intrinsecamente ligadas uma com a outra e que há um motivo por trás de todas essas conexões. Mas qual será? Lembrando sempre que eu não confio muito em personagens logo de cara. Portanto, fica a dica!

É um romance, assim como Frankenstein, porém contemporâneo. E como tal, possui características diferentes daquelas que destaquei em minha primeira resenha. Aqui, as personagens estão agindo, as descrições são mais visuais, o mergulho ao psicológico existe, obviamente, porém não é tão acentuado como foi no romance moderno. O caminho criado pela autora Katherine Howe foi genial e eu indico esse livro para todos aqueles que querem descobrir um pouco mais a respeito dos julgamentos de Salem (evento real e muito trágico, que mancha o passado dos EUA até hoje). 

Gente, é isso. Espero que vocês possas curtir esses mistérios tanto quanto eu curti. É uma narração extremamente bem costurada, por isso sugiro atenção aos mínimos detalhes, sério! Anotem tudo e será uma leitura muito mais prazerosa. 

Recomendo fortemente!

Beijos e boa noite o/