O Rei Corvo - Corvos #04

Autora: Maggie Stiefvater

Título original: The raven king

Tradução: Jorge Ritter

Série: A Saga dos Corvos

Editora: Verus

Páginas: 378

Onde encontrar: AmazonBr | Saraiva | Submarino

Sinopse: Nada que está vivo é seguro. Nada que está morto é confiável. Há anos Gansey iniciou uma jornada para encontrar um rei perdido. Um a um, ele atraiu seus amigos para essa missão: Ronan, que rouba coisas de sonhos; Adam, cuja vida já não é sua; Noah, cuja vida não é mais vida; e Blue, que ama Gansey... e tem certeza de que está destinada a matá-lo. O fim já começou. Sonhos e pesadelos estão convergindo. Amor e perda são coisas inseparáveis. E a busca pelo rei se recusa a ser fixada em um caminho. A busca pelo rei adormecido vai chegar ao fim em Henrietta mas não sem perdas, desejos, revelações e uma verdade brutal.

Minha jornada com esta série começou no final de 2016 e eu achei poético que terminasse no final de 2017. Os garotos corvos foi uma surpresa para o meu coração cansado de universitária. A resenha deste quarto volume deveria ter aparecido para vocês em outubro. Porém, esta que vos escreve simplesmente não conseguiu tempo e espaço mental para entregar uma resenha digna deste livro. (Não que eu tenha encontrado tempo e espaço mental agora, mas é final de ano e eu queria ser poética, como já comentei). 

"Se você não consegue não ter medo... Tenha medo e seja feliz." Henry

Se você acabou de se deparar com esse volume ou com esta série, sugiro que leia a resenha do primeiro livro  e compre todos os quatro, porque - depois que você começar - não tem como parar. Para que sua leitura seja perturbada por spoilers, não leia esta resenha do quarto e último volume d'A Saga dos Corvos, pois tratarei de acontecimentos dos volumes anteriores, ok? Então vamos lá!

Em Ladrões de sonhos, Ronan Lynch roubou meu coração. Em Lírio Azul, Azul Lírio, Maggie me ensinou a esperar mais de mim mesma e das personagens que eu escolho admirar. Agora, em O Rei Corvo, aprendi que amizade e amor são realmente as coisas mais importantes desse mundo. Maggie Stifvater entregou um final arrebatador para uma série esplêndida!

Dependendo de onde você começa a história, ela diz respeito à poesia do mundo. Porque esse é a medida do talento de Maggie. A Saga dos Corvos me apresentou personagens inesquecíveis. E preparou o terreno para história de sucesso. (Sabiam que Maggie está trabalhando em outra trilogia dentro deste mundo?). Eu estou enrolando, percebem? É porque eu não quero escrever essa resenha. Eu não quero que minha relação com essa quadrilogia acabe. Mas tudo tem um fim. Até mesmo Blue, Gansey, Ronan e Adam (e as mulheres da Rua Foz, 300, o Sr. Cinzento e Cabeswater).

"Richard Gansey III havia se esquecido quantas vezes haviam lhe dito que ele estava destinado à grandeza.", p. 9

Gansey está mais perto do que nunca de encontrar seu rei adormecido. Ele sente isso em seus ossos. Ele sente isso na ansiedade que carrega dentro de si e na morte que parece rondá-lo. Sabíamos desde o começo que ele morreria, mas como podemos aceitar isso como uma realidade plausível em uma série que conquistou nossas almas? Conseguirá Gansey sobreviver ao capítulo final de sua busca pelo rei adormecido? Ele precisa de respostas, assim como nós, e Maggie as entregará!

Vocês poderiam pensar que os adultos dessa série poderiam fazer algo mais a respeito do fato de terem quatro adolescentes andando por aí, entrando em cavernas amaldiçoadas e sendo ameaçadas por assassinos de aluguel, mas não. Se aprendemos alguma coisa em Lírio Azul, Azul Lírio é que esses adultos estão tão ou mais atrapalhados com tudo isso do que nossos intrépidos jovens exploradores. Maura continua sendo um exemplo de mãe, porém falhou em sua outra missão: não acordar o terceiro adormecido. Com isso, um pesadelo completamente diferente vai começar. 

"- Então todos nós vamos morrer a não ser que façamos algo.
- Nós todos morreremos. Em algum momento. Não vamos entrar em pânico." Calla e Maura, p. 17

Nós temos um problema de proporções catastróficas. Algo está perturbando o precioso equilíbrio de Cabeswater, o refúgio de nossos grupo. "A alegria cintilava entre os dois; quão pura e simplesmente Blue e Gansey amavam a mágica daquele lugar." Adam, p. 59 À medida que essas perturbações aumentam, elas passam a se manifestar naqueles que têm mais proximidade com a floresta: Adam - que é suas mãos e olhos - e Ronan - seu sonhador.

O que dizer sobre esses dois? Que caminho lindo eles percorreram até aqui. E que desenvolvimento digno de um estudo acadêmico. Adam ainda tem medo das consequências que seu passado pode ter na pessoa que ele quer se tornar, porém ele escolhe a cada dia seguir em frente, apesar dos abusos que sofria em casa. Ao lado de Ronan, ele consegue encontrar aceitação e entendimento. Enquanto Ronan percebe as intensas possibilidades com as quais, até então, só havia sonhando. Os dois juntos são simplesmente maravilhosos. Uma fundação construída a partir da amizade inabalável de dois garotos que sofreram muito, mas escolheram apoiar um ao outro.

"Fazer Ronan Lynch sorrir passava uma sensação tão carregada quanto barganhar com Cabeswater. Não se devia brincar com essas forças." Adam, p. 60

Lado a lado, temos o romance de Blue e Gansey. Sem querer machucar os sentimentos de seu melhor amigo, Adam, Gansey não consegue encontrar coragem para admitir que está apaixonado pela garota. Ela, por sua vez, encontra dificuldades ao lidar com seus sentimentos, pois - sabemos desde o primeiro volume - que ela está destinada a matar seu verdadeiro amor. A característica mais deliciosa a respeito de como todas essas relações funcionam é a factualidade dos ships. Adam é de Ronan, Gansey é de Blue. E todos são de todos, porque todo mundo ama todo mundo e eu não consigo aguentar a perfeição que é tudo isso.

"- Você o ama?
- Eu preferiria não o amar.
- Ele tem milhares de defeitos. Eu posso te ajudar a focar neles." Maura e Blue, p. 75

Ronan e Blue, apesar de seu começo difícil, parecem ser farinha do mesmo saco. A relação dos dois evolui absurdamente de inimizade declarada para uma camaradagem delicada, a qual nos oferece momentos e diálogos preciosos.

"- Não quero falar sobre isso.
- Eu quero.
- Bom, eu não. Não tenho orgulho disso.
Ronan deu um tapinha na perna de Blue.
- Eu terei orgulho por você.", p. 48

Achados do Pinterest.

E com Adam e Gansey, vemos amizade inquestionável, apoio e amor.

"- Só isso? Tão simples assim?
- Não sei Adam! Você está me pedindo para definir um conceito abstrato que ninguém consegui explicar desde o início dos tempos Você parece que jogou isso na minha cara. Por que nós respiramos ar? Por que nós amamos ar? Porque não queremos sufocar. Por que nós comemos? Porque não queremos morrer de fome. Como eu sei que a amo? Porque eu consigo dormir depois que converso com ela." Adam e Gansey, p. 228

E o que dizer de Henry - que acabou de chegar e eu já considero pakas? "- Não vamos perder a cabeça só porque você acabou de tentar matar alguém." Henry, p. 337 Ele é um garoto corvo que passou por algumas cenas nos livros anteriores, porém é neste aqui que o vemos interagir com todos e conquistar seu espaço. Ele sempre tentou ser amigo de Gansey, este - educado como um rei - sempre o tratou com cordialidade. Henry terá um papel importante e espero encontrá-lo em volumes futuros!

Esse livro.. foi um dos mais desesperadores, porque as manifestações da destruição de Cabeswater tiveram muitas consequências físicas nas nossas personagens. Algo precisa ser feito e a única solução parece encontrar o rei adormecido e pedir a ele que salve a floresta mágica. "Neeve olhou para o demônio. Ele a olhou de volta.", p. 216 Eu não tenho como falar mais a respeito desse livro sem contar a vocês desenvolvimentos de plot preciosos e bem escritos, porque Maggie tomou conta de tudo perfeitamente. Por favor, leiam essa série. Se apaixonem por esses meninos da mesma forma que eu me apaixonei. Sejam conquistados pelo talento de Stiefvater.

"- Blue! Seus garotos estão aqui na frente, acho que vão enterrar um corpo.
De novo?, pensou Blue." Jimi e Blue, p. 46

O Ciclo dos Corvos se encerra nesse livro, porém teremos um futuro mais glorioso pela frente.

*

Seção das Quotes

"Gansey não sabia por que havia sido salvo. 

Ele precisava saber por que havia sido salvo.", p. 10

"Ele nunca compreendera por que ela escolhia caminhar e pular na maioria das vezes. Se ele tivesse asas, tudo o que ele faria seria voar." Ronan, p. 33

"Parrish quer saber se você acabou de se matar sonhando, por favor dê um retorno." Gansey, p. 39

"Era tudo bem mais fácil quando ela simplesmente presumira que podia desprezá-los a partir do ar rarefeito de uma elevação moral.", p. 49

"Blue não terminou a frase, mas seus olhos estavam em Gansey. Ele se perguntou se ela sabia o quão transparente era o seu olhar. Será que ela o mirara tão faminta um dia?" Adam, p. 55

"Aurora deu de ombros. A solução de problemas ia somente até encontrar outra pessoa para solucionar o problema." Gansey, p. 65

"- Meu Deus, Sargent. Você está com pontos no rosto? Dura. Na queda. Toca aqui, imbecil.

Com algum alívio, Blue ergueu o punho e tocou o dele.", p. 168

"- Eu me perdi no tempo.

Era a versão mais simples possível de teoricamente vou morrer antes que isso tenha importância, então usei minhas noites para outras coisas." Gansey para Helen, p. 259

"- Eu adoro essa árvore. Você não tem nenhum direito em relação a ela. Se alguém tinha o direito de viver dentro dela, essa pessoa deveria ser eu. Eu a amei a muito mais tempo do que você." Blue, p. 279