Título original: The hate u give
Tradução: Regiane Winarski
Páginas: 378
Editora: Galera Record
| Livro solicitado em parceria com o Grupo Editorial Record |
Sinopse: Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente.
Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.
Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.
Angie Thomas estreou no mercado literário com The hate u give. O livro, sucesso nas listas do New York Times logo na primeira semana de lançamento, foi vencedor do prêmio Goodreads (Melhores do Ano) nas categorias Debut Goodreads Author e Young Adult Fiction - ou seja - um sucesso completo! A narrativa de Thomas é poderosa e extremamente emocionante.
Ao mesmo tempo em que suas palavras criam uma cadeia narrativa incrível, ele traz uma mensagem super relevante. Por quê? Porque narra uma situação atual; conta o outro lado de tantas histórias que vemos por aí a respeito de crimes raciais. Este livro ilustra e eterniza as injustiças sofridas por pessoas negras no cenário do século XXI.
"Ele não percebeu que, se virar uma hashtag, algumas pessoas só vão vê-lo como traficante?
Ele era tão mais do que isso." Starr, p. 59
Starr é uma jovem de 16 anos, estudante de uma escola de alto padrão e moradora de um bairro pobre. Sua vida é dividida entre ser a garota negra no mundo branco, ou seja, não dar "motivo para que alguém a chame de garota do gueto"; e ser a garota que estuda na escola de branco num bairro controlado por gangues - seus poucos amigos no bairro sentem falta dela. Starr tem medo de que as duas vidas acabem se misturando.
Para tentar mostrar aos amigos que ela não os esqueceu, ela tenta ir numa festa com Kenya. Lá, acaba encontrando Khalil, outro amigo de infância que a vida deixou para trás. Tiros foram disparados na festa em que estavam, por isso Khalil está levando Starr para casa, quando os dois são parados por um policial. A situação sai do controle em apenas um segundo. E Khalil morre. O policial atirou nele. Simples assim. Definitivo assim.
Depois que acontece, vemos Starr brilhar sob a hábil criação de Angie. Nossa protagonista é honesta, forte e corajosa. Percebe seus erros e não deixa que os outros continuem errando com ela. A jornada que Starr percorre com sua família é extremamente delicada e preciosa. Mostra para nós, leitores, a vida nua e crua de uma pessoa que tem, agora, uma responsabilidade enorme para carregar.
O que Starr deve fazer com a sua voz? O que ela deve fazer pela memória de Khalil? O que ela deve fazer por todas as outras pessoas negras que são mortas apenas por serem negras? Como mudar a realidade do preconceito e do ódio injustificado? "Essa merda não faz sentido."
Esse livro tão complexo foi escrito de uma forma tão deliciosa, dando a impressão de que falar a respeito de tudo o que vivi com o livro é fácil de descrever. Mas não é! Nem um pouco. A suavidade da narrativa, a forma fluída como tudo nos é apresentado contrasta absurdamente com os socos que Agie nos dá. O funeral, o interrogatório, a estado de guerra, a injustiça, os pequenos pedaços do passado de Khalil que nos contam a verdade sobre quem ele foi. Cada momento lindo de Starr com sua família. As descobertas que Starr faz sobre si mesma.
A encruzilhada máxima do livro é saber o que vai acontecer com Starr: ela falará por Khalil? Conseguirá a ficção nos oferecer um desfecho mais satisfatório do que a realidade nos casos de abuso de força? "Às vezes, você pode fazer tudo certo e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo." Lisa, p. 134
O pai de Starr, Maverik, assim como sua mãe e seus irmãos são parte fundamental de quem nossa narradora é. Vê-los interagindo aquece a alma de tão real e perfeito. "É estranhamente adorável. Às vezes, fico olhando para eles para ter uma ideia do que quero ter um dia." Starr, p. 175 Seus irmãos, Seven e Sekani, estão lá por ela em todas as oportunidades. Seven é o irmão mais velho por parte de pai, Sekani é inocente como uma criança, porém já presenciou mais tiros do que alguns adultos escutam em uma vida inteira. Lisa é uma mãe incrível que protege e educa seus filhos da melhor forma que consegue. Batalhou. estudou e agora trabalha para levar sua família a um lugar seguro.
Para tentar mostrar aos amigos que ela não os esqueceu, ela tenta ir numa festa com Kenya. Lá, acaba encontrando Khalil, outro amigo de infância que a vida deixou para trás. Tiros foram disparados na festa em que estavam, por isso Khalil está levando Starr para casa, quando os dois são parados por um policial. A situação sai do controle em apenas um segundo. E Khalil morre. O policial atirou nele. Simples assim. Definitivo assim.
Depois que acontece, vemos Starr brilhar sob a hábil criação de Angie. Nossa protagonista é honesta, forte e corajosa. Percebe seus erros e não deixa que os outros continuem errando com ela. A jornada que Starr percorre com sua família é extremamente delicada e preciosa. Mostra para nós, leitores, a vida nua e crua de uma pessoa que tem, agora, uma responsabilidade enorme para carregar.
O que Starr deve fazer com a sua voz? O que ela deve fazer pela memória de Khalil? O que ela deve fazer por todas as outras pessoas negras que são mortas apenas por serem negras? Como mudar a realidade do preconceito e do ódio injustificado? "Essa merda não faz sentido."
Esse livro tão complexo foi escrito de uma forma tão deliciosa, dando a impressão de que falar a respeito de tudo o que vivi com o livro é fácil de descrever. Mas não é! Nem um pouco. A suavidade da narrativa, a forma fluída como tudo nos é apresentado contrasta absurdamente com os socos que Agie nos dá. O funeral, o interrogatório, a estado de guerra, a injustiça, os pequenos pedaços do passado de Khalil que nos contam a verdade sobre quem ele foi. Cada momento lindo de Starr com sua família. As descobertas que Starr faz sobre si mesma.
A encruzilhada máxima do livro é saber o que vai acontecer com Starr: ela falará por Khalil? Conseguirá a ficção nos oferecer um desfecho mais satisfatório do que a realidade nos casos de abuso de força? "Às vezes, você pode fazer tudo certo e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo." Lisa, p. 134
O pai de Starr, Maverik, assim como sua mãe e seus irmãos são parte fundamental de quem nossa narradora é. Vê-los interagindo aquece a alma de tão real e perfeito. "É estranhamente adorável. Às vezes, fico olhando para eles para ter uma ideia do que quero ter um dia." Starr, p. 175 Seus irmãos, Seven e Sekani, estão lá por ela em todas as oportunidades. Seven é o irmão mais velho por parte de pai, Sekani é inocente como uma criança, porém já presenciou mais tiros do que alguns adultos escutam em uma vida inteira. Lisa é uma mãe incrível que protege e educa seus filhos da melhor forma que consegue. Batalhou. estudou e agora trabalha para levar sua família a um lugar seguro.
"- Cólica, Starr? Sério?Maverik, no entanto, foi a pessoa que mais me tocou. "- Se você estiver pronta para falar, amorzinho, fale. Estou com você." Maverik, p. 172 Ele ensina seus filhos desde cedo como é ser uma pessoa negra em um mundo dominado por brancos. Ela intiga sua filha a pensar sobre a situação em que está, apoiando-a não importa o que ela decida. Tenta fazer com ela que perceba que tudo o que aconteceu é maior do que a vida dos dois: da de Khalil - que se foi - e a dela - que pode estar sob ameaça.
- Bem forte, mãe.
- Garota, por favor. Eu fui à aula em trabalho de parto quando estava grávida de você.", p. 104
"Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria?" Starr, p. 214Esse livro é uma obra de arte que deve ser indicada para todo mundo. É um pequeno mundo cheio de amor e revoluções, perdas e lutas. É lindo e arrebatador. É um lembrete e um grito por mudança.
"- Ter coragem não quer dizer que você não esteja com medo, Starr. Quer dizer que você segue em frente apesar de estar com medo." Lisa, p. 281
*
Seção das Quotes
"Todo mundo sabe que ninguém se mete com meu pai, Big Mav, nem com os filhos dele. Mesmo assim, eu não saio por aí arrumando treta.” Starr, p. 11
“- Para com isso! Tupac era o melhor.
- É, o melhor vinte anos atrás.
- Que nada, mesmo agora. Ouve só isso. Pac disse que Thug Life, “vida bandida, queria dizer The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou ‘o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo.” Starr e Khalil, p. 21
“- Para com isso! Tupac era o melhor.
- É, o melhor vinte anos atrás.
- Que nada, mesmo agora. Ouve só isso. Pac disse que Thug Life, “vida bandida, queria dizer The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou ‘o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo.” Starr e Khalil, p. 21
"- Quem eu digo que você tem que temer?
- Ninguém além de Deus. E você e a mamãe. Principalmente a mamãe quando está muito irritada." Maverik e Starr, p. 171
"- Vocês têm muita coragem. Seu pai mal saiu pela porta e vocês já estavam se agarrando." Lisa, p. 200
"- Não, eu tive uma discussão com ele.
- Você quer dizer que seu punho conversou com o olho dele." Tio Carlos e Starr, p. 216
"Nossa amizade é baseada em lembranças. O que temos agora?" Starr, p. 225
"Se aquela mulher acabar com um feto no útero, vou ficar furiosa. Furiosa." Starr, p. 234
"Parte de mim sente que não posso existir perto de gente como ele." Starr, p. 255
Izabela, 23, bookahoolic desde os 12 anos – época em que meu irmão não me respondeu se o Harry morria ou não no final e me mandou ler. Não parei desde então. Não vejo meu futuro senão junto aos livros e trabalharei muito para que esse sonho se realize. Esse blogue é um passo e espero poder mostrar a todos vocês, leitores, como o mundo real e o nosso real podem se misturar.
Nascida e criada em uma família de leitoras (girl power!), comecei a ler livros mais sérios aos 11 anos, mais precisamente Harry Potter, logo em seguida descobrindo minha verdadeira paixão que é a literatura fantástica com o mestre J.R.R Tolkien, também meu autor favorito. Nerd (com orgulho) desde criancinha, hoje aos 25 anos não vivo sem: Livros! Música, filmes & séries, RPG, jogos em geral e passar um tempo com as amigas.
Sou uma geminiana de múltiplos interesses na vida e na literatura. Minha família é nerd e não nego as raízes. Quando pequena fui apresentada ao universo da ficção com Star Wars pelo meu pai enquanto minha mãe me presenteava com livros infantis. Aos 14, conheci e me apaixonei por HQs e mangás (ainda mantemos uma relação séria até os dias atuais). Hoje sou uma mistura de meus pais, casando uma grande paixão por fantasia e ficção com romances de época e contemporâneos, dando uma passada no setor de quadrinhos pelo menos uma vez ao mês e parando de vez em quando para assistir uma série, um filme ou um anime.
Nossa, que lindo !
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pela resenha! Foi incrível !!
E depois, que livro é esse ? Por que ainda não li ?!
Adorei ! Uma trama cheia de realidade com momentos intensos!!
Tenho certeza que esse sucesso todo do livro não é à toa. Um tema como esse, é muito importante ser abordado nos livros. Um livro como esse me faz questionar que muitas vezes, o preconceito está presente em nossas próprias atitudes, em não querer mostrarmos quem realmente somos e de onde viemos. Enfim, é um livro que despertou o meu interesse, mas que ainda não li!
ResponderExcluirQuero muito ler este livro, esta nas minhas metas para o ano que vem. Só vejo comentários positivos sobre ele.
ResponderExcluirEste é um tipo de livro que é melhor ler sem saber muito a respeito, para ir descobrindo aos poucos.
Izabela!
ResponderExcluirTremendo absurdo tanto preconceito em pleno século XXI, não admito.
O mais importante é que o livro traz anális de fatos reais e imagino o quanto deve mesmo chocar, principalmente através dos detalhes.
Fiquei bem interessada em poder ler.
Bom final de semana e FELIZ NATAL!
“Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto que transforma o homem e o mundo. Feliz Natal!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!
Olá, apesar de não ser uma leitura fácil, afinal todos os livros que abordam o racismo são dolorosos, essa obra vai além de entrega um enredo bem construído e uma história extremamente comovente, deixando a mensagem da necessidade de mudança. Beijos.
ResponderExcluirParece ser uma historia muito linda apesar do que aconteceu com Khalil mostra que devemos lutar e não se calar perante as atrocidades que vemos. Deve mexer muito com o leitor a leitura e o deixando apreensivo com os acontecimentos.
ResponderExcluirOi, Izabela
ResponderExcluirGosto de protagonista honesta, forte e corajosa, mas acho que Starr tinha que ser assim para enfrentar o que ela enfrenta em O ódio que você semeia, e que infelizmente tantas outras pessoas sofrem por conta de preconceitos de pessoas ignorantes... Como não curto livros com temas pesados prefiro quando o livro aborda um tema série com suavidade, e fico contente em saber que foi o que Angie Thomas fez ao escrever O ódio que você semeia pois quero muito ler!
Bjos, valeu pela dica!
Oi, Izabela!
ResponderExcluirRealmente esse livro deve ser lidos por todos!! E difícil ler uma resenha dessa e não querer ler esse livro o mais rápido possível!! Amei conhecer um pouco a Starr e espero ler em breve esse livro.
Bjoss
Ótima resenha! Umas amigas minhas leram esse livro e realmente ouvi bastante comentários positivos! Abração
ResponderExcluirAdorei a resenha!! De fato deve ser um livro impactante e que nos faz aprender mais sobre um assunto tão atual (e que não era pra sequer ainda existir!!). Acho incrível livros que nos ensinam a abrir a cabeça e entender mais o mundo ao nosso redor... Além de personagens fortes sempre me inspirarem!!
ResponderExcluir