Autora: Eloisa James
Título original: A Kiss at Midnight
Tradução: Livia Almeida
Série: Fairy Tales
Editora: Arqueiro
Páginas: 320
Sinopse: Kate Daltry é uma jovem de 23 anos que não costuma frequentar os salões da alta sociedade. Desde a morte do pai, sete anos antes, ela se vê praticamente presa à propriedade da família, atendendo aos caprichos da madrasta, Mariana. Por isso, quando a detestável mulher a obriga a comparecer a um baile, Kate fica revoltada, mas acaba obedecendo.
Lá, conhece o sedutor Gabriel, um príncipe irresistível. E irritante. A atração entre eles é imediata e fulminante, mas ambos sabem que um relacionamento é impossível. Afinal, Gabriel já está prometido a outra mulher – uma princesa! – e precisa com urgência do dote milionário para sustentar o castelo.
Ele deveria se empenhar em cortejar sua futura esposa, não Kate, a inteligente e intempestiva mocinha que se recusa a bajulá-lo o tempo todo. No entanto, Gabriel não consegue disfarçar o enorme desejo que sente por ela. Determinado a tê-la para si, o príncipe precisará decidir, de uma vez por todas, quem reinará em seu castelo.
Um beijo à meia-noite é um conto de fadas inspirado na história de Cinderela. Com um estilo que combina graça, encanto e sedução, Eloisa James escreve uma narrativa envolvente, com direito a fada madrinha e sapatinho de cristal.
Embora
Um Beijo à Meia-Noite seja o segundo livro publicado no Brasil pela
Arqueiro, ele foi na verdade o primeiro título a ser publicado e o que iniciou a série
Fairy Tales, de
Eloisa James, no Estados Unidos. A saga é completa com cinco obras, sendo que todas são inspiradas em Contos de Fadas, e ainda possui mais quatro histórias extras que são complementares aos romances principais. A boa notícia é que a editora pretende lançar em breve mais um título da saga:
A Duquesa Feia.
Um Beijo à Meia-Noite foi também o primeiro que li da autora, anos atrás em uma compra por acaso durante uma viagem. Foi uma ótima surpresa e desde então tenho acompanhado as obras publicadas por
Eloisa James sempre que posso.
Este livro, assim como a capa ostenta belamente, é um romance de época inspirado no conto da Cinderela. Mas, assim como todas as outras histórias da autora, os personagens são um tanto quanto diferentes do esperado.
A protagonista, Kate Daltry, de 23 anos, teve sua vida alterada quando o pai morreu precocemente. Sem deixar nenhum testamento, toda a fortuna ficou nas mãos da madrasta Mariana, que gastou boa parte em vestidos, sapatos, perfumes e joias para ela mesma e sua filha, Victoria. Kate foi obrigada a viver no sótão e a adquirir a função de muitos dos empregados que foram mandados embora.
Quando Victoria tem os lábios mordidos por um cachorro na véspera de um importante baile, no qual a garota deveria conseguir a aprovação da família de lorde Dimsdale para o noivado entre os dois, Mariana obriga Kate a ir ao evento e fingir ser sua meia-irmã. Mesmo que as duas não sejam nem um pouco parecidas. Pois, enquanto Victoria, cheia de curvas nos lugares certos, foi considerada a beldade da temporada, Kate, sem muitas curvas, nunca nem chegou a ser apresentada à sociedade.
"Faria aquela visita por Victoria, pelo bem da irmã que acabara de descobrir. Depois, partiria. Seguiria para Londres e daria sua herança modesta, o dinheiro deixado pela mãe, em troca de uma certidão de casamento.
As mulheres faziam aquilo havia anos; ela também conseguiria.
Endireitou os ombros. Após a morte do pai, ela descobrira o que era se sentir humilhada: escondia as mãos ao ver conhecidos, com medo de que percebessem os dedos avermelhados; mantinha as botas próximas ao flanco do cavalo para que ninguém visse como estavam gastas; fingia ter deixado a touca em casa todas as vezes que saía.
Agora, uma nova forma de humilhação: ser vestida como cordeiro quando se sentia um patinho feio. Ela ia superar."
Kate, p. 33-34
No outro ponto da narrativa, há o príncipe Gabriel Augustus-Frederick William von Aschenberg of Warl-Marburg-Baalsfeld. Seu sonho era participar de escavações e estudar os artefatos encontrados para descobrir as histórias das cidades perdidas no tempo. Mas, desde que seu irmão mais velho - o atual rei do principado - se converteu, todos aqueles que não se encaixavam no padrão da religião foram exilados. Por isso, Gabriel se viu obrigado a abandonar as possíveis escavações e se mudar para um castelo na Inglaterra a fim de que pudesse cuidar de todos os parentes rejeitados. O problema do príncipe é que ele não tem dinheiro suficiente para sustentar aqueles que estão sob sua proteção e, por isso, precisa de uma noiva muito rica - com um dote milionário!
Assim, Gabriel se vê a espera de uma princesa russa que lhe foi prometida em casamento por seu irmão mais velho.
"A única coisa que podia fazer era rezar para que a noiva escolhida por Augustus - provavelmente uma pessoa muito religiosa, cheia de pelos no rosto e tão virtuosa quanto virginal - tivesse fibra suficiente para tomar conta do castelo. Só assim poderia partir para Cartago.
Não importava quem fosse aquela mulher; o fundamental era que pudesse tomar conta do castelo durante sua ausência. Se fosse atraente, seria bom. Ser obediente, porém, era uma necessidade."
Gabriel, p. 47
A primeira impressão que um tem do outro não é das melhores, já que Kate considera o príncipe arrogante e irritante. E o príncipe simplesmente não entende como a jovem inteligente e de língua afiada foi considerada a beldade da temporada.
Mas conforme os dois passam a se encontrar mais vezes, a atração cresce, se mostrando incrivelmente forte e fulminante. Infelizmente, ambos sabem que esse relacionamento não tem futuro, pois Gabriel precisará de mais de um dote milionário caso quebre o contrato com sua noiva por encomenda.
"Ele fechou os olhos por um instante, e seus cílios tinham a cor do arrependimento. Com uma espécie de tristeza dilacerante, Kate sabia que nunca esqueceria aquele príncipe.
Não por causa de seus olhos vorazes e de seus cabelos rebeldes, mas por ele ter assumido os parentes excluídos, a coleção de animais, o leitor da tia, o avestruz e o cachorro comedor de picles. Era a maneira como ele a olhava, como ria, como tirara o mato do rosto da estátua de Merry.
E nunca esqueceria o momento em que um príncipe se ajoelhara ao lado de sua cadeira. Quando estivesse velha e com cabelos brancos, contemplando uma vida que esperava ser esplendidamente satisfatória, ela ainda se lembraria daquilo."
Kate, p. 221
Com direito a uma madrinha - que, infelizmente, não é nenhuma fada - engraçadíssima e a pares de sapatinhos de cristal - que não são de cristal de verdade, vale ressaltar -, Kate terá um fim de semana que transformará sua vida e forma como ela própria se enxerga.
Enquanto Gabriel deverá fazer escolhas difíceis entre o amor e o dinheiro, a família rejeitada pelo irmão mais velho e o sonho de fazer parte de grandes escavações.
"-Eu consegui - disse Gabriel, num tom casual. - Conheci a mulher perfeita para mim. E agora... conhecerei minha esposa.
Wick fez um movimento súbito.
-Não.
-A vida é assim, Wick - continuou Gabriel, puxando a outra luva. - Nem sempre é justa. Você deveria ser o primeiro a reconhecer isso. Caso esteja se perguntando, Kate compreende por que preciso me casar com Tatiana. Ela passou sete anos servindo à madrasta como uma criada, pelo que sei, porque não poderia tolerar a ideia de abandonar os criados e os arrendatários das terras do pai à mercê da madrasta.
-Então se case com ela. Traga os criados dela para cá e nós os agregaremos aos nossos.
-Mal temos condições de alimentar o leão - observou Gabriel, endireitando o florete. - Não me trate como uma donzela apaixonada, Wick. Preciso me casar com uma mulher que tenha rios de dinheiro. E é o que pretendo fazer.
-Podemos dar um jeito - insistiu Wick. - Não prossiga com isso.
-Como eu sustentaria a todos? Quem pagaria pelo conhaque de Sophonisba, pela carne do leão, pelas velas, pelo carvão necessário para passarmos o inverno?
-As terras dos arrendatários... - começou Wick.
Gabriel balançou a cabeça.
-Passei horas estudando os livros. Com o tempo, as terras arrendadas darão lucro. Mas elas foram negligenciadas. Os chalés tem goteiras, a sacristia da igreja no vilarejo aparentemente desabou no ano passado. Até onde sei, as crianças estão passando fome. Além disso, se romper o noivado terei que pagar pelo dote de Tatiana. Preciso de três dotes, não apenas um.
O comentário de Wick foi curto, mas sincero:
-Sinto muito.
-Esquecerei Kate com o tempo. - Ele olhou Wick diretamente nos olhos enquanto falava.
Ele nunca a esqueceria.
Wick sabia disso também.
-Eu nunca falei como me sinto honrado por ser seu irmão - declarou ele.
Gabriel sorriu.
-O sentimento é mútuo."
Gabriel e Wick, p. 233-234
Tenho um carinho especial por
Um Beijo à Meia-Noite porque foi o primeiro romance de época de
Eloisa James que li. Então, relê-lo em português foi muito divertido.
A narrativa é deliciosamente engraçada, inteligente e romântica.
Eloisa James não cria protagonistas fracas ou burras.
Kate é mais um exemplo disso. Ela é determinada, tem um coração grande o suficiente para aguentar os caprichos da madrasta só para que pudesse defender os empregados mais antigos e os inquilinos das terras do pai. Ela toma as próprias decisões e pretende sempre lidar com as consequências de seus atos.
Com charme e inteligência, Gabriel é um príncipe irresistível. Mas sem dinheiro algum. Ele ficaria feliz passando o resto da vida escavando em terras distantes. Só que quando percebeu as ações do irmão mais velho, abriu mão de seus sonhos para cuidar de todos os familiares abandonados - alguns até com uma idade preocupante. Embora ele queira desesperadamente Kate, também sabe que tem responsabilidades com todas as pessoas que dependem dele.
A construção e o desenvolvimento da história são muito bons. A autora tem uma capacidade de criar os melhores desfechos do gênero que já conheci. A forma como ela conecta todas as questões e resolve os problemas é muito inteligente e um dos maiores pontos positivos do livro.
Em resumo, Um Beijo à Meia-Noite é um ótimo romance para se perder algumas horas do dia. Recomendo com prazer!
- Conheça a série Fairy Tales:
Oi, Carolina. Confesso que eu ri um pouco (não é divertido, eu sei), ao ler que a Victoria teve os lábios mordidos por um cachorro! 😁
ResponderExcluirO que mais me agrada são esses desentendimentos entre os dois, e ver surgir sentimentos! Esse é um dos meus livros desejados!
Oi tudo bem? <3
ResponderExcluirAdoro releitura de clássicos dos contos de fadas! Eu achei bem engraçado a parte que Victoria teve seus lábios mordidos pelo cachorro. Eu amo romance de época principalmente aqueles onde a protagonista e forte e decidida e ler com uma das minhas princesas favoritas que é a Cinderela espero que seja uma leitura prazerosa assim como foi para você. Outra releitura de Cinderela que eu super indico é a de Geekerela é incrível.
Beijos,
www.leitorunicornio.blogspot.com
Oi Carolina, releituras da Cinderela sempre me preocupam, pois é muito sofrimento, mocinhas passivas e vilãs odiosas haha, muitas vezes esses três aspectos são demais pra prender minha atenção e isso não acontece nessa história, e só por isso já amei. A autora nos apresenta uma mocinha forte, que apesar de ceder aos desmandos da madrasta faz o que pode pra ajudar aos seus amigos e não esmorece ao longo dos anos e melhor não há foco nessa parte pois ela logo viaja e começamos e vê-la interagindo com outros personagens o que é ótimo. E outro ponto que considero super positivo nas histórias da autora são os diálogos, espertos e dinâmicos entre os protagonistas. Eu curti muito essa leitura e curti a resenha dele também, com certeza já quero ler o próximo livro dela que será lançado por aqui :)
ResponderExcluirOlá, como adoro releituras de contos de fadas, a obra certamente tem uma lugar reservado na minha estante. Nesse livro vejo que a autora consegue inovar, dotando os personagens com personalidades marcantes que deixam o leitor ávido pelos próximos acontecimentos. Beijos.
ResponderExcluirAhh!
ResponderExcluirComo eu amo romances de época!amo♡
Já li Quando a Bela Domou a Fera e adorei assim como sei que vou amar esse !
Gosto muito de reescritas de conto de fadas !
Bjus
Para quem gosta de romances de época deve ser uma boa leitura, ainda mais por ser uma releitura da Cinderela.
ResponderExcluirPorém, este não é o meu gênero favorito, então acho que vou deixar para a próxima.
Carolina!
ResponderExcluirQue resenha linda e detalhada, adorei!
Gosto muito das releituras, embora a Cinderela não seja uma das minhas favoritas...
É a primeira resenha que leio desse livro e gostei...
Ganhei ele e estou aguardando chegar para ler!
Bom final de semana e FELIZ NATAL!
“Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto que transforma o homem e o mundo. Feliz Natal!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!
Parece ser uma historia gostosa de se ler e muito bem elaborada tanto nos personagens quanto no enredo, achei interessante os personagens serem diferentes assim deixa a leitura mais atraente.
ResponderExcluirOi, Carolina!
ResponderExcluirEu não sabia que a série Fairy Tales possuia mais quatro histórias extras que são complementares aos romances principais, vou dá uma pesquisada para saber mais sobre essas quatro histórias...
Quanto a Um Beijo à Meia-Noite, amo a escrita da Eloisa James e apesar de o conto de fadas de Cinderela não ser o meu preferido pretendo ler a história de Kate e Gabriel.
Bjos, amei sua resenha!
Não sabia que Quando a Bela Domou a Fera era o segundo livro da série. A leitura fora de ordem não deve influenciar, né? Adoro protagonistas fortes e inteligentes, acho que vou adorar esse livro!! Estou curiosa para conhecer esta autora que tanto se fala!!
ResponderExcluirOi, Carol!!
ResponderExcluirAdorei conhecer mais um livro da série Fairy Tales, sou apaixona por romances de época e sem dúvida essa releitura de Cinderela é maravilhosa!!
Bjoss
Me interesso muito por romances de época, e essa história em especial,por fazer um paralelo com o conto de fadas,parece ser muito interessante!Amei!
ResponderExcluir