Como um romance

Autor: Daniel Pennac
Título original: Comme un roman
Tradição: Leny Werneck
Editora: Rocco - LePM Pocket
Páginas: 150

Olá leitores! Como vocês estão? Espero que bem. Quero apresentar a vocês uma obra de Daniel Pennac, um senhor francês de 70 anos. A primeira vez em que li "Como um romance" foi em 2012 para escrever a minha monografia e, agora, tive a oportunidade de reler. E amei (de novo).

Como um romance é um ensaio sobre a leitura e o que acontece com os leitores quando ela se transforma em obrigação. Publicado na França em 1992, ficou na lista dos mais vendidos por semanas. Pennac, o professor que lê para seus alunos, deixou registrado sua sabedoria e amor aos livros nesse tão pequeno, mas gigante livro. 

Ele é dividido em quatro partes que narram, podemos dizer assim, a trajetória de um pequeno menino que, antes, era apaixonado pelas histórias que seus pais lhe contavam na hora de dormir e que, agora, só sente obrigação no ato de ler, porque a escola exige que ele entregue uma ficha de leitura (de um livro gigantesco). Lá, ele se sente perdido, cercado de obrigações e sem nenhum tipo de prazer. Até que conhece um professor que consegue resgatar nele (e em todos os seus colegas de sala, o amor aos livros, às deliciosas aventuras que eles nos oferecem e como se pode colocar lado a lado prazer e dever.



Na parte I, vemos como o filho adorava ouvir as histórias dos pais na hora de dormir. Pais que estavam cansados e só ficaram mais cansados com o passar dos anos, até que finalmente a idade de ir para a escola chega e trás um descanso eles. O filho, então, dá seus primeiros passos na alfabetização. Percebe como formar as letras, a juntá-las e formar sílabas, e depois palavras. Até que finalmente aprende a ler e seu mundo muda para sempre. Pennac descreve de forma bem poética o que aconteceu com o garoto.
No entanto, eu não sei dizer quando nem como eu aprendi a ler. E vocês? Conseguem lembrar o momento exato em que uma palavra ganhou um significado inteiramente diferente, quando aqueles riscos no papel viraram objetos com sentido grandioso? Eu não lembro de nada parecido com isso; só consigo recordar do meus pai comprando as dezenas de gibis da Turma da Mônica que eu pedia!


Com essa ideia de conquista da leitura, somos levados para a parte II de Como um romance. O "dever ler". Os professores, os pais, muito preocupados em fazer com que os jovens entrem em contato com a leitura, acabam forçando uma situação horrorosa: a leitura obrigatória. O garoto quer estar em qualquer lugar, menos na frente daquele livro de chumbo. Todos dizem que é preciso ler, mas por que, ele se pergunta, é preciso ler aquilo? Não dá pra ler sozinho, não quando se está dando os primeiros passos no mundo literário. Uma saída encontrada por professores, como Pennac, foi recorrer à tradição oral: a leitura das obras em voz alta aos alunos, para que assim eles pudessem ser ajudados nesse momento de transição. O professor auxiliaria a quebrar essa dura parede formada, na infância, pela cobrança das temíveis fichas de leitura, das interpretações corretas e do discernimento acima do texto. Ao dar voz às palavras, o professor consegue encantar o aluno, aguçar sua curiosidade e talvez, permitir que um leitor nasça. 

Percebendo que o papel do professor vai muito além do que somente cobrar leituras, mas sim, estar em constante parceria com seus alunos, chegamos à parte III, onde Pennac mostra como um professor ledor transformou uma classe de 35 alunos derrotados (com aquele garoto do começo do livro lá) em uma classe de leitores ávido: tudo através da leitura em voz alta. E depois disso, depois que o professor já fez o seu papel e os ajudou, ele deve saber quando é hora de sair de cena e deixar que esses leitores recém formados trilhem seus próprios caminhos. Outra questão que é levantada nessa parte é uma que incomoda a nós todos: onde arranjar tempo para ler? Pennac é categórico ao dizer que não existe tempo para ler. 

"Onde encontrar tempo para ler?
(...)
Porque, se pensarmos bem, ninguém jamais tem tempo para ler.
(...)
O tempo para ler é sempre um tempo roubado. (Tanto como o tempo para escrever, aliás, ou o tempo para amar).
Roubado a quê?
Digamos, à obrigação de viver.", p. 107 
Não é lindo?!

Voltando a questão do professor, Pennac sugere que o primeiro contato com a obra seja feito de maneira espontânea, com o livro e a história em si, não por meio de contexto, resumos ou explicações históricas. E nessa intimidade, cada vez maior, surgirá um relacionamento de posse e de amor (que fique claro, somente em relação aos livros!!) E desse relacionamento surgirão os Direitos do Leitor, de Daniel Pennac. 

A tradução do meu livro muda só um pouco
E então, chegamos à parte IV que falará um pouco a respeito de cada um desses direitos.

A lição que ficou desse livro, para mim, é que nunca devemos desistir dos livros e que devemos ajudar aqueles que mais precisam de nosso apoio, aqueles que acreditam odiar a leitura. Por meio do amor e da atenção, podemos transformar a realidade dessas pessoas e, para aqueles que desejam seguir o caminho do ensinar, por favor, não traumatizem os alunos. Sejam, para eles, um ponto de referência, uma ajuda, nesse mundo tão corrido. 

E é isso, espero que vocês se interessam por essa obra tão delicada e deliciosa de ler! Posso dizer que amo o Pennac e estou ansiosa para ter a oportunidade de ler outras obras dele.
“Resta ‘compreender’ que os livros não foram escritos para que meu filho, minha filha, os jovens os comentem, mas para que, se o coração lhes mandar, eles os leiam.”, p. 119



2 comentários :

  1. Iza, que livro incrível!
    Confesso que também não lembro com precisão como e quando comecei a entender o significado das letras, mas posso afirmar que fui apaixonada pelos livros desde bebê. Antes de frequentar a escola eu já pegava os livros e ia passando o dedo sobre as linhas, murmurando coisas como se já soubesse ler, rsrs.
    Tenho que dizer que gostei muito da temática desse livro devido aos diversos ensinamentos que ele nos passa. O papel do professor pode ser essencial para muitas crianças gostarem ou odiarem a leitura, sendo que se deve valorizar a profissão pela importância que tem.
    Beijos!

    Rafaela, Eterna Leitora.
    www.eterna-leitora.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Rafa, se você tiver a oportunidade, leia esse livro! Ele é sensacional e eu super recomendo a todos aqueles que amam a leitura!
      (Murmurando como se soubesse ler = status! Hahahaha)

      Beijos!! Volte sempre

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