Um Tom Mais Escuro de Magia - Shades of Magic #01

Autora: V.E. Schwab
Título original: A Darker Shade of Magic
Tradução: Ana Carolina Delmas 
Série: Shades of Magic
Editora: Record
Páginas: 420

| Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record |

Sinopse:
Um universo de aventuras audaciosas, poder e múltiplas cidades de Londres.
Kell é um dos últimos Viajantes — magos com uma habilidade rara e cobiçada de viajar entre universos paralelos conectados por uma cidade mágica. Existe a Londres Cinza, suja e enfadonha, sem magia alguma e com um rei louco — George III. A Londres Vermelha, onde vida e magia são reverenciadas, e onde Kell foi criado ao lado de Rhy Maresh, o boêmio herdeiro de um império próspero. A Londres Branca: um lugar onde se luta para controlar a magia, e onde a magia reage, drenando a cidade até os ossos. E era uma vez... a Londres Negra. Mas ninguém mais fala sobre ela.
Oficialmente, Kell é o Viajante Vermelho, embaixador do império Maresh, encarregado das correspondências mensais entre a realeza de cada Londres. Extra-oficialmente, Kell é um contrabandista, atendendo pessoas dispostas a pagar por mínimos vislumbres de um mundo que nunca verão. É um hobby desafiador com consequências perigosas que Kell agora conhecerá de perto. Fugindo para a Londres Cinza, Kell esbarra com Delilah Bard, uma ladra com grandes aspirações. Primeiro ela o assalta, depois o salva de um inimigo mortal e finalmente obriga Kell a levá-la para outro mundo a fim de experimentar uma aventura de verdade.
Magia perigosa está à solta e a traição espreita em cada esquina. Para salvar todos os mundos, Kell e Lila primeiro precisam permanecer vivos.

Estava animada mesmo para conhecer Um Tom Mais Escuro de Magia por conta dos inúmeros elogios que ouvi de amigos sobre essa história. A autora, Victoria Schwab (A Guardiã de Histórias), assina com seu pseudônimo V.E. Schwab e mais uma vez cria universo fantástico muito interessante.

Victoria Schwab
Em Um Tom Mais Escuro de Magia, descobrimos que existem quatro universos diferentes e cada um deles têm um nível de magia diferente. A semelhança em todos eles é que todos têm uma cidade chamada Londres no mesmo local geográfico, mas cada um tem sua própria língua e os países mudam geograficamente em cada universo.

Assim, teremos: a Londres cinza, onde a magia é praticamente nula (seria o nosso mundo real); a Londres vermelha, onde a magia resplandece em todos os lugares; a Londres branca, onde a violência reina e a magia está morrendo; e, por último, teremos a misteriosa Londres preta, que detinha tanta magia que ela acabou por consumir toda a humanidade. Há 300 anos ninguém sabe o que de fato aconteceu com a Londres preta e ninguém nunca mais foi para lá.

"A rainha não se referia ao seu como o trono vermelho nem mandava saudações da Londres Vermelha (ainda que a cidade fosse de um carmim vivo graças à forte luminosidade do rio), simplesmente porque não pensava daquela forma. Para ela, e para qualquer um que habitasse apenas uma Londres, havia pouca necessidade de diferenciá-las. Quando os governantes de uma cidade se comunicavam com os de outra, os chamavam somente de outros, ou vizinhos, ou, em algumas ocasiões (particularmente com relação à Londres Branca), usavam termos menos lisonjeiros.
Somente os poucos capazes de transitar por entre as diversas Londres precisavam de um modo de diferenciá-las. Então, Kell, inspirado pela cidade perdida conhecida por todos como Londres Preta, designara uma cor para cada capital remanescente.
Cinza para a cidade sem magia.
Vermelho para o império vigoroso.
Branco para o mundo faminto."
p. 15

Quem nos explica esses universos é o jovem Kell, nosso protagonista, que tem como função ser o mensageiro oficial à serviço da família real da Londres vermelha com as Londres cinza e Londres branca. 

Kell é o único na Londres vermelha que pode exercer essa função porque ele é um Antari. Antari são praticamente uma raça em extinção. Desde que a passagem entre todas as Londres foi lacrada, devido a “peste mágica” da Londres preta, os Antari foram sumindo e diminuindo seu número a uma proporção quase inexistente. A única diferença física entre um Antari e uma pessoa comum é que um dos olhos é completamente preto enquanto o outro é normal. Mas todos os Antari são extremamente poderosos e difíceis de se matar, por isso Kell é considerado “abençoado” pelos poderes que detém.

"-Muito bem - falou. - Vamos para casa.
Kell sempre se pegava falando com a magia. Não comandando, mas simplesmente conversando. A magia era algo vivo, isso todos sabiam. Mas ele sentia algo mais, como se ela fosse uma amiga, alguém da família. Afinal, era parte dele (muito mais do que da maioria das pessoas), e Kell não conseguia evitar a sensação de que a magia sabia o que ele estava dizendo, o que estava sentindo. E não apenas quando a invocava, mas o tempo inteiro, em todas as batidas de seu coração e a cada respiração.
Ele era, afinal, um Antari.
E um Antari podia falar com o sangue. Com a vida. Com a própria magia. O primeiro e o último elemento, aquele que vivia em tudo e não estava em lugar nenhum."
Kell, p. 34-35

"Eu amo magia."

Mas o que a família real da Londres vermelha não sabia era que Kell tinha um pequeno hobby de fazer contrabando entre os diferentes mundos, itens como um jogo de tabuleiro mágico para crianças da Londres vermelha por uma caixinha de música da Londres cinza. E esse pequeno passatempo de Kell é o que lhe trará grandes problemas.

Enquanto faz o caminho de volta para casa (Londres vermelha) da Londres branca, Kell recebe um pacote misterioso de uma mulher que teoricamente seria uma carta para um ente doente da Londres vermelha. No momento Kell não consegue pensar com muita clareza porque o sádico rei da Londres branca o embebedou. Então, logo que chega à Londres vermelha e ao endereço para entregar a carta, percebe que está rodeado de assassinos enfeitiçados com o pior tipo de magia: aquela que controla outra pessoa. 

Em meio a muitas lutas, Kell logo percebe que foi enganado e está em uma armadilha. Nada havia no envelope e a única coisa que ele carregava era uma estranha pedra negra que parecia deter grande poder. Poder suficiente para Kell compreender que estava com uma mercadoria muito proibida: uma pedra da Londres preta.

E, depois de muito sangue perdido, Kell consegue fugir para onde ninguém conseguiria persegui-lo: a Londres cinza. Ferido e ainda alcoolizado, Kell é pego de surpresa pela jovem Lila - uma ladra de rua que tem o sonho de ter seu próprio navio e ir em busca de aventuras. Obviamente, Lila rouba a pedra preta de Kell e acaba por se envolver na grande aventura do jovem Antari.

Para piorar ainda mais a situação, Kell começa a ser perseguido por Holland, o Antari da Londres branca que foi escravizado por um feitiço pelo rei sádico da cidade. 

É assim que Lila e Kell se veem na difícil situação de impedir a terrível realeza da Londres branca de ter acesso à pedra e ao seu grande poder. Ao mesmo tempo que devem dar um fim ao artefato por pertencer à Londres preta.

"-Não vou esbarrar em mim mesma, vou? - indagou Lila, quebrando o silêncio.
Kell olhou para ela.
-Do que você está falando?
Ela chutou uma pedra solta.
-Bem, quero dizer, é outro mundo, não é? Outra versão de Londres. Existe outra versão de mim?
Kell franziu a testa.
-Nunca conheci ninguém como você.
Ele não teve a intenção de fazer um elogio, mas Lila entendeu dessa forma, abrindo um sorriso.
-O que posso dizer? - falou ela. - Sou única."
Lila e Kell, p. 210

Kell e Lila deverão se unir nessa grande aventura repleta de lutas, sangue, magia e diferentes universos mágicos.

"Estou indo em uma aventura!"

Um Tom Mais Escuro de Magia é o primeiro da trilogia (que já está completa no exterior) e praticamente metade do livro é uma introdução para que o leitor compreenda as diferenças entre os mundos mágicos e como as sociedades funcionam. A segunda metade começa a real aventura de Kell e Lila com a pedra e todos os percalços que terão pela frente. E, apesar de não se ter nenhum mistério sobre os vilões ou a pedra da Londres preta, a condução da história foi muito bem desenvolvida e repleta de ação e magia.

Kell é um personagem sem muito charme no início. Ele é inconsistente e depressivo, mas ao longo da leitura vai se desenvolvendo melhor por conta da necessidade de sobrevivência. Também compreendemos quem são as poucas pessoas que realmente importam para o jovem mago e por quem ele faria tudo o que fará nessa jornada.

Lila é uma garota que sobreviveu às ruas de Londres entre 1800 e 1819 e aprendeu como ser uma excelente ladra. É uma época muito complicada para garotas pobres, mas ela é durona. A única questão, logo no início do livro, é que ela parecia ser uma pré-adolescente bem mimada e irritante, o que não faz sentido já que ela é uma órfã pobre. Pelo menos, depois que ela começa a aventura “de verdade” com Kell, Lila começa a se abrir e a mostrar outro lado seu. Além de aprender a desenvolver uma relação de verdade com outra pessoa, nesse caso com Kell.

"Ela não havia sobrevivido e ficado livre por todo esse tempo por parar e ajudar qualquer tolo que se metia em problemas. Mal conseguia manter a si mesma longe de problemas, e o que quer que Holland fosse, era certamente um problema.
Mas Kell tinha voltado.
Ele não precisava, não tinha nenhuma razão para isso, mas voltara assim mesmo, e o peso disso se agarrara a Lila quando ela fugira, desacelerando-a até finalmente parar suas botas. Mesmo quando se virara e correra de volta, uma pequena parte sua esperava que fosse tarde demais. Esperava que eles já tivessem sumido. Mas o restante dela queria chegar a tempo, ao menos para saber por quê.
Por que ele voltara?"
Lila, p. 182


Por ser o primeiro volume de uma trilogia, aceito melhor o fato de a autora não ter trabalhado certas questões da trama que apresentou logo no início do livro. Acredito que esses fatos deverão ganhar mais espaço nos próximos títulos. Como, por exemplo, o fato de Kell carregar na pele uma marca mágica que apaga suas memórias da vida antes do castelo. Ou então o fato de que Kell tem a pele branca e é ruivo, enquanto a maioria da população de Londres vermelha tem a pele mais morena.
Obviamente, já tenho minhas suposições sobre muitas coisas que ficaram em aberto nesse primeiro livro, mas não vou falar nada aqui para não gerar spoilers involuntários. ;)

"Kell morava no palácio desde os 5 anos. Notara a marca pela primeira vez aos 12. Passara semanas procurando pela runa nas bibliotecas do palácio. Memória.
Passou o polegar sobre a cicatriz. Apesar do nome, o símbolo não fora feito para ajudá-lo a lembrar. Seu desígnio era fazer com que esquecesse.
Esquecesse um instante. Um dia. Uma vida. Mas a magia que restringia o corpo ou a mente de alguém não era apenas proibida, era um crime capital. Quem fosse acusado e condenado era destituído de seu poder, um destino que alguns julgavam pior do que a morte em um mundo governado pela magia. E, ainda assim, Kell sustentava a marca de tal feitiço. Pior, suspeitava que fora autorizado pessoalmente pelo rei e pela rainha."
p. 57

A história é muito interessante e bem desenvolvida. Além de deixar o caminho aberto para os próximos títulos da trilogia que prometem ser ainda melhores. 

A boa notícia é que a editora Record lançará o segundo livro, Um Encontro de Sombras, em 31 de agosto - bem a tempo da Bienal do Rio. Isso porque a autora, Victoria Schwab, estará na Bienal no domingo (10/09)!! 
Infelizmente ela não irá para outras cidades, então só os sortudos que estiverem no Rio poderão conhecê-la pessoalmente. Adoraria que ela viesse para São Paulo também, mas faz parte!

Lembrando todo mundo que estaremos sorteando um exemplar de Um Tom Mais Escuro de Magia no Top Comentarista desse mês!! Não deixe de participar!!! :D 





10 comentários :

  1. Olá Carolina, tudo bem?
    Comprei esse livro na Book Friday e estou muito ansiosa para lê-lo. Acho muito legal toda essa questão das Londres diferentes e uma pessoa poder passear por elas. Fiquei curiosa quanto a Londres Preta, vou ler em breve.
    Beijos

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  2. Oi Carolina, achei toda a ideia das várias Londres bem legal mesmo com o erro histórico que você citou. Fiquei bem interessada em começar a conhecer essa aventura, mas preocupada em achar massante a parte introdutória que pega quase metade do livro, ainda assim, gostei de saber que esse é um bom primeiro livro e que a sequência já já vai ser lançada, espero ter a oportunidade de ler ;)

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  3. Oi Carolina,
    Já tenho um livro da Victoria Schwab, mas ainda não tive a oportunidade de ler. A autora se tornou bastante conhecida no país depois do lançamento de Um tom mais escuro de magia e isso me deixou bem curiosa para conhecer sua escrita, pois quando magia e fantasia se encontram e uma história é bem construída fica difícil não me interessar por ela. O universo criado trás muitos elementos interessantes, como a ideia de que existem universos paralelos ou que alguém (neste caso o protagonista Kell) possa transitar entre eles. Há uma certa complexidade na trama, mas espero que ao realizar a leitura isso conte a favor da trama e a narrativa seja envolvente e surpreendente.

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  4. Eu quero esse livrooooooo! \o/
    Desde que você falou sobre ele no Mochilão da Record, fiquei doido para ler! Gente de ve ser um livro sensacional, mesmo que tenha uma pegada sobre a invenção do revolver.
    Carol, sua resenha está sensacional! Um luxo!
    Na boa, preciso de "Um Tom Mais Escuro de Magia"

    Beijos,
    Danny
    Irmãos Livreiros

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  5. Esse livro esta na minha lista de compras, quero muito ler, parece ser uma aventura bem emocionante essa de viajar entre as Londres e agora com esse artefato deve ter mais adrenalina na trama, ainda bem que os personagens melhoram principalmente Lila porque personagem chato nenhum leitor merece rs.

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  6. Oie Carol!!! Que resenha maravilhosa!!! Tem muito tempo que quero ler algo da autora, sempre fico vendo os surtos dos gringos com os livros dela, e quero adquirir todos!
    Um Tom Mais Escuro de Magia e This Savage Song já estão na listinha, porque quero conferir todos os mundo mágicos que ela criar ♥

    Paradise Books || @ParadiseBooksBr
    xoxo

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  7. Adoreiii a sinopse!! Eu acho o máximo essa história de universos paralelos! Com certeza esse outros fatos do Kell serão explicados em outro livro. Eu estou bem curiosa sobre a Londres Negra, tenho certeza que vai ter muita coisa boa sobre ela ainda. Amei a resenha, me deixou (ainda mais) louca pra ler esse livro que parece tão interessante e diferente!

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  8. Gostei do fato que autora criou varias Londres num universo de fantasia, fiquei interessada pra ler, mas ao mesmo tempo não muito, então fiquei em cima do muro pra ler esse livro, mas, acho que vou seguir sua dica e ler. Gostei da capa, achei linda!
    Beijos.

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  9. Oi Carolina,
    Estou ansiosa para conhecer a narrativa da Victoria Schwab, só estou aguardando chegar A Melodia Feroz para devorar o livro.
    Que livro fascinante! Uma trama que prende o leitor nesse universo bem construído e cheio de mistérios, com a magia sendo o foco nessa narrativa bem elaborada. Se um livro com uma história que se passa em Londres já é atraente, imagina várias Londres ;)
    Vou aguardar ansiosamente a resenha do livro Um Encontro de Sombras.
    Beijos

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  10. A autora consegui dar uma nova cara para a magia que já foi tão usada e marcada por livros incríveis, dividindo Londres que só por si só já é uma cidade mágica pelo cenário em quatro e cada uma com um nível de magia, mensageiros que andam de um universo para o outro e uma ladra tudo isso com reviravoltas e ação foi uma ideia muito bem trabalhada e executada.
    O que mais eu gostei é saber que o romance não fica muito em primeiro plano e temos mais a parte que interessa sendo desenvolvida, mesmo que metade do livro seja de introdução é necessário para que a leitura flua melhor sabendo o que acontece e as consequências disso, é um livro que eu preciso ler logo!

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