Aniquilação - Comando Sul #01

Autor: Jeff Vandermeer
Título original: Annihilation
Tradução: Braulio Tavares
Série: Trilogia Comando Sul
Editora: Intrínseca
Páginas: 200
 
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Sinopse: Aniquilação, o primeiro livro da trilogia Comando Sul, apresenta um grupo de quatro mulheres enviadas para a Área X, um lugar incompreensível e isolado do restante do mundo há décadas, onde a natureza tomou para si os últimos vestígios da presença humana. Elas fazem parte da décima segunda expedição ao local, cujos objetivos são explorar o terreno desconhecido, tomar nota de todas as mudanças ambientais, monitorar as relações entre elas próprias e, acima de tudo, não se contaminarem. Uma missão mortal, visto que todas as expedições anteriores tiveram resultados assustadores, como suicídios em massa, tiroteios descontrolados e casos de mudança de personalidade súbita seguidos de morte por câncer. As mulheres partiram para a Área X esperando o inesperado… e foi exatamente isso que encontram.

Esse livro foi uma surpresa. Estou numa época literária muito difícil, não sei quantos leitores aqui poderão entender o que quero dizer, mas... sabe aqueles momentos em que nenhum dos livros que você tem é aquele que você deseja ler? E essa situação é agravada pelo fato deu ter prometido não comprar nenhum livro novo! Então eu quero ler todos os livros que não posso comprar e não consigo ler nenhum dos que tenho, pelo menos, não no mesmo ritmo de sempre, ou seja, devorando um atrás do outro.

Aniquilação é um relato em estilo de diário escrito por uma das quatro integrantes da décima segunda expedição para a Área X, a bióloga. Em nenhum momento do livro, somos apresentadas aos nomes das personagens, seria irrelevante para a missão. Por isso temos quatro mulheres: a psicóloga - a líder -, a topógrafa - a militar -, a antropóloga - a pacifista - e a bióloga - a introvertida e nossa narradora.

Os capítulos são divididos entre as memórias da vida da bióloga antes da Área X e a narração da expedição em si. Devo deixar claro para vocês que, como um relato, a narração pode ficar um pouco confusa às vezes porque ela já sabe o que vai acontecer no futuro e faz alguns comentários que, como leitora, tive o cuidado de prestar atenção, fazer marcações para que (mais para frente) pudesse ver a história se encaixando. Aconselho vocês a fazerem o mesmo, se possível.

"Esses diários deveriam retornar conosco, ou então ser resgatados pela próxima expedição. Recebemos instruções para proporcionar o máximo possível de contexto, de modo que alguém totalmente desinformado sobre a área X pudesse entender nossos relatórios.", p. 12
Algo está acontecendo na Área X. Algo que nenhum ser humano conseguiu desvendar até agora. As expedições que vão para lá com esse intuito normalmente têm um fim trágico. E o Comando Sul, mesmo assim, continua mandando voluntários treinados para encarar os mistérios que essa natureza exótica guarda.

Quando a décima segunda expedição chega na Área X, estão hipnotizadas pela psicóloga. Passam por essa fronteira e seguem a trilha para o acampamento. Por causa das instruções dadas às mulheres, temos uma visão bastante detalhada das paisagens que a bióloga viu. E a primeira descoberta que elas fazem é uma Torre (como nossa narradora insiste em chamar) ou algo parecido com um túnel que desce em uma espiral vertical.

Com todo o enigma cercando as razões pelas quais as pessoas enlouquecem na Área X, ninguém está muito confortável com a ideia de descer primeiro, porém nossa bióloga se voluntaria. E algo acontece com ela: a bióloga inala esporos que acabam de estourar de algum tipo de planta que - espantem-se - formam palavras nas paredes da torre.

Nesse momento você deve ter relido a frase que eu escrevi e mudado de parágrafo para ter certeza de que leu certo. Sim, você leu certo. Existem palavras escritas com plantas na parede da torre... um organismo vivo formando palavras. Ela não conta para ninguém o que aconteceu, mas mostra a todas a aterrorizante descoberta. A líder insiste que devem se concentrar em recolher amostras, não no significado das palavras, apesar delas serem bem perturbadoras.

E não é somente o fato de terem palavras lá. Quem as escreve? Como consegue colocá-la na parede? As voluntárias também precisam conviver com a vida selvagem da Área X que parece observá-las a todo o momento. Desde o javali que as ataca no começo do livro, até a criatura que lamenta-se todas as noites ao por do sol. É um lugar bem desconcertante. Principalmente depois que a antropóloga some. Depois disso, temos a continuação das pesquisas e revelações chocantes.

Um detalhe que eu não posso deixar de comentar é o fato de que tudo o que acontece na Área X parece muito surreal, como magia ou algo do tipo. Porém, quem nos conta a história é uma cientista, um bióloga, portanto ela tem de ser objetiva. Só que não é isso o que acontece. Ou melhor, é!, de uma maneira disfarçada. Por quê? Porque depois que nossa narradora inspira os esporos, ela fica atenta para qualquer sinal de infecção e é a partir daí que as coisas começam a ser reveladas, a história ganha um curso completamente diferente.

Ela percebe que a psicóloga está mentindo para elas sobre tantas coisas. Sobre a missão, sobre o que o Comando Sul ordenou que elas pesquisassem, sobre os reais perigos da Área X, sobre quantas expedições já foram e não voltaram... Enfim, mentiras atrás de mentiras. E essa claridade adquirida foi atribuída ao fato dela ter inalado os esporos. Mas e o fato dos corpos começarem a brilhar ou os serem rapidamente decompostos? O que explica isso? A gente não sabe, porque a bióloga não faz a mínima ideia e ela está confortável com essa situação, consequentemente, os leitores aceitam isso.
"Entendam: eu não podia mais voltar, tanto quanto não podia recuar no tempo; Meu livre-arbítrio estava comprometido, no mínimo pela grave tentação do desconhecido. Abandonar aquele local, voltar à superfície, sem dobrar aquela curva... minha imaginação iria me atormentar para sempre. Naquele instante, convenci a mim mesma de que preferiria morrer sabendo... alguma coisa, qualquer coisa.", p. 174

É um livro que termina com um cliffhanger gigantesco do qual eu não sei como o autor vai sair para surgir com um segundo volume, mas eu estou curiosa. A capa é muito bonita e o trabalho nas contracapas é sensacional. Mal posso esperar para ver como a Intrínseca trará o segundo volume, Aceitação.




7 comentários :

  1. Ahhh tem autores que tem o dom de nos dar finais daqueles que nos fazem pirar pelo próximo volume, achei bem interessante o livro, apesar de não me interessar muito pelo gênero, mas fiquei curiosa!

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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    1. Joi, é bem confuso o livro. Até agora não sei como classificá-lo: distopia, ficção, fantasia? Mas com certeza tem mistério e umas coisas fantásticas, mas que não podemos ter certeza, porque não podemos confiar completamente na narração da bióloga. É muito confuso hahaha mas aguça a curiosidade que é uma beleza!

      beijos!
      obrigada pela visita

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  2. Oi Iza!

    Esse livro foi uma piração pra mim HAUEHUAEHAUEHAUEAU
    Li ele no ano passado, quando a Editora lançou e eu fiquei muito UAUUUU porque eu gosto de livros meio "fumados" porque mano, não tem nenhuma resposta concreta em Aniquilação, só pergunta/dúvida. Arranquei os cabelos quando terminei Aniquilação e de como o autor terminou, realmente é de se ficar fula da vida. Espero que a Intrínseca lance mesmo a continuação (pq né, essa editora é que mais me deve continuação até agora).

    E quando você comentou sobre ter um monte de livro te esperando pra ler mas nenhum deles é o que você quer......... PIOR sentimento da vida www.livroterapias.com

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    1. Oi, Nath! Pra mim também hahahahahaha

      Concordo plenamente com você: 'fumado' é um excelente adjetivo para descrever esse livro. Só temos perguntas do começo ao fim, e qualquer tipo de resposta que queiramos dar, não podemos porque a bióloga não tem certeza de nada.

      Eu não arranquei os cabelos, aceitei de boa - porque acreditei em tudo o que ela não quis acreditar racionalmente. Ou seja, as pessoas viram animais, o Rastejador é um bicho estranho, os fungos decompõem os corpos, mas a essência da pessoa se torna essa expansão da Área X (pelo menos foi isso que eu imaginei), não tenho ideia do que está guardado para os volumes seguintes.

      Pra finalizar: PIOR SENTIMENTO DO MUNDO, absolutamente. Aff, mas vou me render daqui a pouco, estou sentindo.

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  3. Oi Iza!
    Só conhecendo um pouco desse cenário exótico da Área X, admito que consegui sentir-me um pouco perturbada. Gostei muito dessa pegada meio mágica e misteriosa do livro, e as muitas mentiras que envolvem a trama.
    Acredito que o melhor é esperar a Intrínseca publicar o próximo volume por aqui, já que eles costumam lançar os primeiros livros de séries/trilogias e depois parecem esquecer das mesmas sem trazer o restante da história pros leitores, o que é desanimador.
    Beijos!!

    Rafaela, Eterna Leitora.
    www.eterna-leitora.blogspot.com.br

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    1. Oi, Rafa! tudo bem?

      Entendo completamente sua sábia espera pelo lançamento do segundo volume, antes de se aventurar pela loucura que é Aniquilação. Tomara que eles não se esqueçam dessa!

      Beijos

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  4. Acabei de ler e tô chocada kkkk concordo que área absorve a esseessê e que tem pessoas que viraram animais... Mas e e aquele monstro rastejador??? Oq é aquilo misericórdia!! Não consegui nem imaginar ou compreender aquilo. E já vi mensionarem que a área de criou por testes militares, não lembro de ter lido isso.. tava achando que era algo de outro planeta já .. mas msm assim amei o livro, vou correr devorar os próximos.

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