Autxr: Alex Gino
Título Original: George
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Galera Record Junior
Páginas: 144
Onde encontrar: AmazonBR | Americanas | Cultura | Saraiva | Submarino | Travessa
Sinopse: Quando as pessoas olham para George, acham que veem um menino. Mas George sabe que não é um menino. Sabe que é menina.
George acha que terá que guardar esse segredo para sempre: ser uma menina presa em um corpo de menino. Até que sua professora anuncia que a turma irá encenar “A menina e o porquinho”, e George quer MUITO ser Charlotte, a aranha que ajuda o protagonista da peça. Mas a professora diz que ela nem pode tentar o papel porque… ela é um menino.
Com a ajuda de Kelly, sua melhor amiga, George elabora um plano. E depois que executá-lo todos saberão que ela pode ser Charlotte - e entenderão quem ela é de verdade também.
George é um livro que me chamou a atenção logo que foi lançado aqui no Brasil. Em 2016 foi vencedor dos prêmios Stonewall Book Award e Lambda Literary Award (na categoria LGBT Crianças/Jovem Adulto), além de ser nomeado para outros grandes prêmios americanos. E, assim que o vi na Bienal do Livro em São Paulo no ano passado, não resisti e acabei comprando.
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Alex Gino |
Alex Gino, escritxr de
George, utiliza um pronome específico em inglês para pessoas que se identificam com mais de um gênero ou que não se identificam com nenhum. Confesso que não conheço um termo assim em português, então perdoem minha ignorância caso haja algum. De qualquer forma,
Alex Gino acredita que os jovens precisam de ferramentas para discutir e refletir sobre assuntos reais do nosso mundo, como a causa dos transgêneros - tema de seu primeiro livro,
George.
A protagonista que dá o nome ao livro, George, está no quarto ano do fundamental e esconde um grande segredo da família e da melhor amiga: George é uma menina, mas ninguém sabe porque ela tem um corpo de menino.
George, quando está sozinha em casa, se nomeia Melissa, lê revistas femininas e sonha em se maquiar e se vestir com todas as coisas lindas que ela vê nessas edições. E, embora tente criar coragem de contar à mãe que é diferente, ela nunca consegue.
George abriu os lábios, mas não havia palavras na boca e apenas um pensamento no cérebro: Não! Ela sabia que mamãe só estava tentando ajudar. Mas George não tinha um problema normal. Não tinha medo de cobras. Não tinha tirado nota ruim em matemática. Ela era garota e ninguém sabia.
p. 38
As relações importantes para George ainda são limitadas. Ela vive com a mãe e o irmão mais velho, Scott, já que o pai mora em outra casa e é ausente na maior parte do tempo. A única amiga de George é Kelly, uma garota animada que vive com o pai músico e que nunca fala sobre a mãe.
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Crianças representando "A menina e o porquinho" |
O segredo de George será abalado com o anúncio da peça “A menina e o porquinho” para os alunos do quarto ano. George fica completamente encantada pela aranha Charlotte e até chora quando descobre seu triste fim. Só que quando George se candidata para o papel da aranha, a professora não quer deixar George pegar o papel porque ela é um menino. Tentando animar George, a professora oferece o papel de Wilbur, mas George não quer ser um porco sujo. George quer ser como a sábia aranha Charlotte que distribui ensinamentos e palavras difíceis ao porquinho. Extremamente triste por não poder ser Charlotte, George não quer nem saber mais da peça e até briga com a melhor amiga Kelly quando ela recebe o papel da aranha.
Os filés de peixe e as ervilhas macias não exigiam muita mastigação, e logo o prato de George estava vazio. Ela pediu licença e colocou a louça na pia de aço inoxidável. Correu escada acima e fechou a porta do quarto na hora que as lágrimas começaram a cair. Ela se jogou na cama e chorou no travesseiro. Chorou por causa de Charlotte. Chorou por ter ficado com raiva de Kelly. Chorou porque a Sra. Udell achou que ela estava de brincadeira. Mas, principalmente, chorou por si mesma.
p. 59
Mas como são melhores amigas, George e Kelly logo estão em bons termos novamente. E Kelly, com toda a inocência de uma criança, compreende e aceita que George é uma menina também. Assim, Kelly bola um plano muito inteligente com George. Serão duas apresentações da peça, uma no período da tarde e outra no período da noite. Kelly decide que ela será Charlotte na apresentação durante a tarde e que George fará o papel da aranha durante a noite. Afinal, Kelly explica que George é uma Charlotte muito melhor que ela. E se a mãe de George assisti-la no papel da aranha, pode enfim compreender quem George é de verdade.
- E é isso mesmo?
- Isso o quê?
- Você acha que é garota?
- Acho. - George ficou surpreso com a facilidade de responder aquela pergunta.
- Ah. - Scott mordeu um pedaço de pão e mastigou, pensativo.
(...)
- Estranho. Mas até que faz sentido. Sem querer ofender, você não é um garoto muito bom.
- Eu sei.
George e Scott, p. 101-102
Com uma leveza incrível, George é um livro infantil que pode ser muito apreciado pelos adultos também. É simplesmente impossível não abrir seu coração para George e todos os grandes problemas que ela deve enfrentar ao estar presa a um corpo que não parece seu. George é uma menina. Pensa em si mesma no feminino e sonha em usar vestidos e maquiagens. A única diferença é que ela tem um corpo de menino.
- Quero dizer, ser gay é uma coisa. As crianças estão saindo do armário bem mais cedo do que quando eu tinha sua idade. Não vai ser fácil, mas nós vamos lidar com isso. Mas ser esse tipo de gay? - Mamãe balançou a cabeça. - É uma coisa bem diferente.
- Eu não sou nenhum tipo de gay.
Pelo menos, George não achava que era gay. Ela não sabia de quem gostava, na verdade, se de meninos ou de meninas.
- Então por que encontrei todas aquelas revistas de menina no seu armário? - Mamãe levantou a sobrancelha, e uma ruga curva se formou na testa dela.
George inspirou fundo, prendeu o ar e soltou. Depois, de novo.
- Porque eu sou menina.
George e sua mãe, p. 94
É interessante perceber as reações dos adultos ao redor de George e também como Alex Gino tratou bem a confusão que a sociedade faz entre pessoas homossexuais e transgêneras. Com uma narrativa extremamente bela e sutil, Alex Gino traz um dos temas taboo do momento. Fui completamente tocada e por isso recomendo o livro independentemente da sua idade atual ou do seu gênero. Simplesmente faça a si mesmo um favor e vá ler George!
Oi Carolina, fiquei tocada pelos quotes e morrendo de vontade de ver mais da cena da conversa da mãe com George no último quote. O livro parece ser bem sensível, tocante e muito bom, trás um tema que é realmente pouco abordado e gera confusão a grande maioria das pessoas e ver isso através da ótica infantil deve ser muito bom. Gostei de tudo, resenha e livro, e espero ter a oportunidade de ler em algum momento ;)
ResponderExcluirMuito bom e interessante esse livro, pretendo lê-lo. Fiquei imaginando o conflito que foi para George quando percebeu que era uma menina e que as pessoas não compreendiam, é muito bom sabermos mais sobre o assunto, ainda não li nada do gênero.
ResponderExcluirOlá!! Não tinha lido nd sobre esse livro, só conhecia por nome e gostei mto do enredo, bem diferente dos livros q costumo ler...
ResponderExcluirVai pra listinha!
Bjs
Oi, Carolina!
ResponderExcluirEsse livro causou um burburinho quando foi lançado, realmente não é uma temática que se vê em livros infantis, e talvez por isso mesmo tenha sido trunfo de Alex trazê-lo em um enredo que ao mesmo tempo em que parece meigo e leve, também provoca lá algumas reflexões. Honestamente, não é uma leitura que me chame a atenção, ainda que de vez em quando eu goste de ler algo mais infanto-juvenil ou mesmo infantil, mas para quem busca ler mais do tema e sob uma perspectiva tão diferente, parece uma ótima indicação, sim. Que bom que você gostou!
Beijos!
♥ Sâmmy ♥
♥ SammySacional.blogspot.com.br ♥
♥ DandoUmadeEscritora.blogspot.com.br ♥
Gente, que coisa delicada!
ResponderExcluirJá tinha visto uma resenha desse livro e achei de uma sensibilidade incrível.
Mesmo não sendo um tema comum, ainda mais para crianças, ele está começando a ser debatido e isso é muito bom.
Nem consigo imaginar o que deve ser estar preso num corpo que não é o seu.
E adorei a quote de "você não é um menino muito bom". <3
Beijooos
www.casosacasoselivros.com
www.livrosdateca.com
Carolina!
ResponderExcluirAchei o livro bem interessante, principalmente por ser voltado ao público infantil, porque pode esclarecer as dúvidas dos pequenos e auxiliar os pais no trato com as diferenças entre homossexuais e transgêneros.
Hoje muitas crianças se veem na mesma situação de George e o livro pode ser um exemplo.
Gostaria de ler.
“A sabedoria começa na reflexão.” (Sócrates)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Oi Carolina,
ResponderExcluirO livro aborda um tema muito importante, mas de uma forma sensível e inocente. Não sei muita coisa sobre transgêneros, praticamente nada para ser bem sincera, mas sei que é um assunto que precisa ser abordado, sem medo ou restrições. Deve ser emocionante realizar esta leitura e ver do ponto de vista de uma criança seus pensamentos e certezas sobre quem ela é, ao mesmo tempo em que veremos o preconceito e as barreiras a ser enfrentadas na sociedade. Acho que é uma ótima recomendação, principalmente para o público juvenil.
Oi.
ResponderExcluirJá conhecia o livro, mas ainda não tive o prazer de fazer a leitura. Acredito que tenha uma mensagem muito bonita. Uma leitura que encanta pela delicadeza de que é tratado temas atuais e sensíveis, para as crianças, e também para nós, adultos.
Ótima resenha!
Beijos.
Olá,
ResponderExcluirEu gostei tanto da resenha desse livro que já estou com o eBook, pronta pra começar. Eu tenho procurado esses livros que saem dá caixinha do que é considerado normal, livros reais, sobre pessoas reais, que ninguém nunca fala, estou amando encontrar tantos.
Adorei a resenha, espero que continuem diversificando nas histórias que trazem.
Oi, Carol!!
ResponderExcluirO livro parece ser bem bacana!! Gostei bastante dos quotes que você colocou, e fiquei louca de vontade de ler.
Bjoss