A Herdeira - The Selection #04

Autora: Kiera Cass
Título original: The Heir
Tradução: Cristian Clemente
Série: A Seleção
Editora: Seguinte
Páginas: 392
Onde encontrar: AmazonBr | Cultura | Saraiva | Submarino

A trilogia (agora transformada em série com cinco livros) A Seleção conquistou uma orla de fãs no Brasil - e no mundo! - com seu romance no gênero da distopia. Mas para quem espera uma distopia cheia de rebeliões e pessoas insurgindo e lutando por sua liberdade, pode deixar esse livro de lado e procurar outro. A Herdeira, assim como as três edições iniciais, é focada no romance e nos triângulos amorosos.

Meu contato inicial com o primeiro livro foi por acaso em uma das inúmeras visitas às livrarias, em um daqueles momentos que você não quer ler nada da sua prateleira (mesmo que tenha alguns exemplares não lidos ainda) e achei interessante a sinopse, assim comprei e comecei a acompanhar a trajetória de America.

Não posso dizer por todos e todas as leitoras, mas eu fiquei decepcionada com o suposto fim da série. Entrei em uma vibe Hazel Grace e enviei uma mensagem para a Kiera Cass pedindo por respostas para todas as questões deixadas sem respostas com o último livro. Assim como Hazel, não tive nenhum retorno da autora. E como não tenho a oportunidade de bater na porta da casa da Kiera e perguntar o que queria saber, tentei me conformar.

Mas eis que surge a continuação da história! Fiquei esperançosa novamente, mas bem receosa ao mesmo tempo. Acontece que sou geminiana e a curiosidade falou mais alto. No fim, comprei o livro (por uma bagatela no AmazonBR, diga-se de passagem) e não tive todas as respostas que queria, mas descobri algumas coisas, pelo menos! Caso você esteja perdido no meu monólogo e nunca na sua vida ouviu falar nessa série, por favor cheque as resenhas da Iza de A Seleção, A Elite e A Escolha.
Sinopse: O que vem depois do “felizes para sempre”? Vinte anos atrás, America Singer participou da Seleção e conquistou o coração do príncipe Maxon. Agora chegou a vez da princesa Eadlyn, a filha mais velha do casal. Criada para ser uma líder forte e independente, ela nunca quis viver um conto de fadas como o de seus pais. Por isso, antes de conhecer os trinta e cinco pretendentes que irão disputar sua mão numa nova Seleção, a jovem está totalmente descrente. Mas, assim que a competição começa, a situação muda de figura, e Eadlyn percebe que encontrar seu príncipe encantado talvez não seja tão impossível quanto imaginava.

A Herdeira nos apresenta muitos personagens novos, sem deixar de mostrar os antigos. Vinte anos após o fim de A Escolha, America e Maxon tiveram quatro filhos, sendo que a primogênita do casal é a única menina. E essa “continuação” irá focar em Eadlyn, a princesa de Iléa. Agora, imagina só: herdeira da coroa (o rei Maxon mudou a lei para que sua filha tivesse os mesmos direitos que seus filhos) e única menina com três irmãos, sendo um deles gêmeo?! Irei resumir tudo com uma única citação.
-Você é tão mimada, tão desagradável... mas estou aqui para o que precisar.
p. 207, Kile para Eadlyn
Antes que joguem as pedras, eu confesso aqui que gostei da personagem. Não me entendam mal, ela é completamente mimada e um tanto quanto desagradável. Só que Eadlyn tem algo mais que atiçou minha curiosidade e me fez compreendê-la de certa maneira que, no fim, a achei muito adorável.

A história de Eadlyn é parecida, mas ao mesmo tempo, completamente diferente do enredo de America. A princesa foi treinada a vida inteira para ser a primeira governante feminina da história de Iléa, isso já traz uma pressão muito grande. Com todas as aulas e trabalho que é obrigada a fazer, sua vida é completamente diferente dos irmãos que são de certa forma “livres” para escolherem o que querem fazer da vida. Tudo isso a faz manter uma “máscara” para que seja sempre perfeita em todas as suas obrigações.

Eadlyn, que apesar do nome estranho tem uma personalidade incrível e carismática, é totalmente independente e eficiente em tudo o que faz. Mas ao mesmo tempo não sabe lidar com as pessoas. Então vejam só, temos a futura rainha que se mata de trabalhar e estudar, mas que quando conversa com as pessoas acaba parecendo fria e preconceituosa. Tudo porque ela simplesmente não sabe se expressar!

Assim como na primeira parte dessa série, Iléa está com problemas. Ao longo dos anos, o rei Maxon acabou com todas as castas que diferenciavam as pessoas, só que a crise não acabou. Agora as pessoas são teoricamente iguais, mas quem descende de classes mais baixas não é contratado em todos os lugares ou então alguns familiares não deixam os filhos aprenderem artes porque acreditam que eles estariam se rebaixando na sociedade. Em uma única palavra: preconceito. Mas como lidar com um inimigo tão intangível? Nem Maxon ou America conseguiram uma resposta, por isso eles pedem a ajuda de sua herdeira para conseguir tempo e criar uma nova estratégia. E eles já tem o modelo perfeito de distração: uma nova seleção.

Obviamente, Eadlyn, independente e mimada, não quer saber de casar (bato muitas palmas a ela por isso). Porém, sua obrigação para com a família e o país a fazem aceitar a proposta com algumas condições: ninguém é obrigado a ficar caso não se interesse por ela e ela pode terminar a seleção sem nenhum marido, caso não se apaixone por ninguém. Seu pai aceita suas determinações e logo temos o início de uma nova rodada de paixões, problemas e confusões.

Eadlyn tem certeza absoluta que terá que aguentar três meses com garotos insuportáveis e depois dispensá-los quando o plano de seu pai estiver concreto. Mas, como disse antes, a princesa não sabe lidar com as pessoas. Agora imagine como irá lidar com 35 pretendentes?
Era engraçado que eu tivesse aprendido um monte de técnicas de desarme para entrevistas e negociações, mas precisava aprender sozinha a lidar com garotos.
p.122, Eadlyn
A resposta certa é: ela fica completamente perdida. E durante essa maratona de desastres e flertes, conhecemos os pretendentes. Um dos principais nomes a se destacar é o de Kile Woodwork, filho de Marlee com o soldado Carter, que viveu a vida inteira no palácio, não gosta de Eadlyn e sonha e viajar ao redor do mundo. O Kile é um nerd adorável, mas a irmã dele – Marlee que me perdoe –, Josie é um entojo, muito mais desagradável que a princesa e sem nenhum traço do charme da mesma. Só agradeço por não ter tido que aguentar muito a presença dela ao longo da leitura.

Henri Jaakoppi é um sarro. Ele se mudou há menos de um ano para Iléa da Noruécia, cuida de uma padaria na região onde mora e ainda não aprendeu a falar inglês. O rapaz é adoravelmente fofo, mas não consegue ter nenhum diálogo com a princesa e por isso contratou o tradutor Erik para auxiliá-lo nessa questão – só aviso para manterem o olho aberto nesse intérprete!

Outros nomes ganham força ao longo da história, mas meu sentimento foi de irrealidade para ser bem sincera. Desde o início da vida Eadlyn tem um tipo de convívio com Kile, então é mais fácil acreditar em uma afeição crescente entre eles. Já Henri e Erik estão presentes em muitas cenas emotivas e consigo imaginar o apego que eles promovem. Agora, com relação aos outros, achei forçado. Por exemplo, Fox Wesley é um dos pretendentes que você já tinha esquecido que existia e depois de um acontecimento no grupo a princesa se vê apegada a ele. Simples assim.

Para quem não me conhece pessoalmente, confesso que quando li a história da America eu torcia para ela terminasse sozinha e bem, mas - obviamente - não foi isso que aconteceu. Hoje, eu imagino vários finais diferentes para a história da filha dela, só o que o meu favorito é ela se tornando uma rainha forte e segura de si, sem a necessidade de um marido para agradar a população.
-Eadlyn, você poderia governar o mundo sozinha, se precisasse. Essa não é a questão - meu pai disse, ainda rindo.
p. 213, Maxon para a filha
Finalizando, um fato importante e feliz é a evolução na escrita da Kiera. Não é algo perceptível a olhos nu, mas você consegue sentir a diferença. Há muita gente que critica a autora por conta dos primeiros livros, mas eu não concordo com isso. Amo ler, seja impresso ou ebook, não consigo imaginar a minha vida sem livros, e tenho fé nos escritores. Eu tento nunca abandonar um livro (até hoje só larguei dois) porque acredito que todos evoluem na vida. Uma prova concreta foi a mudança e o crescimento absurdo de Richelle Mead saindo da série Academia de Vampiros e entrando no spin off Bloodines. Por isso, eu acredito que a Kiera só irá evoluir e nos trazer histórias melhores – as ideias dela já são muito boas.





4 comentários :

  1. A resenha ficou muito boa! Acabei de ler A Herdeira e também me afeiçoei a Eadlyn, mas ao contrário de você eu gostaria de vê-la casada ao fim da história, mesmo ela sendo totalmente capaz de governar e viver sendo solteira. Me parece que quando ela deixar alguém penetrar os muros que ela construiu ao seu redor, aquela barreira de comunicação que tanto a atrapalha começaria a cair :)

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    1. Obrigada pelo elogio, Fernanda!

      Mas eu acho que não importa se ela gosta ou não da pessoa, a princesa continua criando um muro de proteção contra ela e a pessoa. Veja por exemplo sua dificuldade de ter certas conversas com os pais ou mesmo o irmão gêmeo.

      Acredito que ela precisa se autoconhecer e já independente. Adoraria ver uma rainha triunfante que não precisa ter um homem do lado só porque o povo não confia nela como comandante da nação.

      Mas só vamos saber quando sair o último livro, né? Hahahaha
      Não tem jeito, teremos que esperar!

      Bjs

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  2. Olá, Carol.
    Apesar da sua boa resenha, não leria o livro e nem a série. Gosto de distopias que abordem o lado político, social e revolucionário; as mais românticas não me agradam.

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    1. Eu te compreendo perfeitamente! Mas o lado bom de ser geminiana como sou é que tenho uma veia sanguinária e outra romântica. Rsrsrs

      Assim eu normalmente tenho um leque grande de livros que aprovo. Posso me dividir em vários gêneros e são poucos os que não me agradam. xD

      Bjs

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