#Mês da Fantasia: Sangue Mágico - Série Kate Daniels #01

Autor: Ilona Andrews
Título original: Magic Bites
Tradução: Flavia de Lavor
Série: Kate Daniels
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 256
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Sinopse: Se não fosse pela magia, Atlanta seria uma boa cidade para viver. No momento em que a magia domina, os carros param e as armas falham. Quando a tecnologia assume, os feitiços de proteção já não protegem sua casa dos monstros. Aqui, os arranha-céus são derrubados pelo ataque da magia; homens-lobo e homens-hiena rondam as ruas arruinadas; e os Mestres dos Mortos, necromantes impulsionados pela fome de poder, comandam vampiros com suas mentes.
Neste mundo, vive Kate Daniels. Kate gosta um pouco demais de usar sua espada e tem dificuldade de ficar calada. A magia em seu sangue a torna um alvo, e ela passa a maior parte da vida se escondendo no meio da multidão. Mas quando o guardião de Kate é assassinado, ela deve optar entre não fazer nada e manter-se segura ou perseguir o assassino sobrenatural. Esconder-se é fácil, mas a escolha certa nunca o é.

Escrito por Andrew Gordon e Ilona Gordon sob o pseudônimo Ilona Andrews, Sangue Mágico é o primeiro livro da série Kate Daniels, que já conta com oito volumes publicados no Estados Unidos e com mais dois títulos na fila de espera para a publicação. O casal, triste por sempre ler histórias que a magia desaparecia da Terra, resolveu criar uma fantasia urbana na qual o poder voltava cada vez mais forte e em maior quantidade ao mundo.

Assim, a saga publicada pela Saída da Emergência se passa em um futuro talvez não muito distante, no qual recebemos grandes ondas de magia que apagam qualquer tecnologia e dominam o planeta por determinado tempo. Por isso, enquanto o poder está no ar o mundo se transforma em feitiços, armas mágicas, luzes mágicas e carros movidos à magia, mas as luzes elétricas e as televisões param de funcionar. Quando a magia vai embora, a tecnologia volta – pelo menos até a próxima onda.

É nesse universo pós-apocalíptico que conhecemos Kate Daniels, uma afiliada da Associação dos Mercenários com um poder mágico muito raro em seu sangue e que faz o impossível para se manter escondida de todos aqueles que podem desejar a sua magia, além de aceitar diversos jobs que um ser humano comum não conseguiria resolver – como acabar com monstros sobrenaturais, por exemplo. 

E é por meio de Kate que descobrimos como é a nova cidade de Atlanta com seus prédios destruídos ou prestes a desabar devido as ondas de magia que deterioram profundamente os edifícios, além de aprendermos como funciona a nova sociedade nessa realidade mágica. 

A magia não podia ser medida nem explicada em termos científicos, pois crescia através da destruição dos próprios princípios naturais que tornavam possível a ciência tal como as pessoas a conheciam.

p. 60

Para começar, a Ordem é uma instituição oficial que protege os seres humanos dos seres sobrenaturais e também regula a utilização de magia com filiais no mundo inteiro. Já a Nação é uma organização que visa os fins lucrativos e tem como funcionários os necromantes com poder de controlar vampiros mentalmente – nesta realidade, os vampiros não passam de seres irracionais com sede de sangue e sem um mestre eles são levados pelo instinto a se alimentar do máximo possível de sangue. E, por último, temos a Matillha, um clã que reúne todos os metamorfos (homens e mulheres que se transformam em todos os tipos de animais) que conseguiram vencer o vírus-L (causador da mudança) e vivem em uma rígida disciplina para manter o lado animal sob controle seguindo as ordens do Senhor das Feras – aqueles seres humanos que não tiveram forças para vencer o vírus se tornam criaturas irracionais, assassinos e monstros. 

Obviamente as três entidades não trabalham sempre juntas, principalmente a Nação e a Matilha que mantém uma forte rivalidade.

A história deste primeiro livro começa com Kate descobrindo que seu guardião, Greg Feldman, foi brutalmente assassinado enquanto trabalhava para a Ordem. E, por uma questão de honra, ela jura encontrar e matar o assassino.

Mas ao seguir as pistas do misterioso assassino, Kate descobre que tanto a Matilha como a Nação também foram prejudicados ao longo dos últimos meses. Além disso, algumas mulheres humanas comuns desapareceram e, de alguma forma que Kate deve descobrir ainda, estão conectados com a morte de Greg.  

Tentando descobrir quem está por trás de todos os crimes e qual a conexão entre eles, a guerreira cria uma aliança com Curran, o Senhor das Feras, líder dos metamorfos – também altamente poderoso e perigoso que se transforma em um leão. Curran irá dar a vida se necessário para proteger os seus e é sem dúvida alguma um dos melhores personagens dessa história.

Só que o caminho para desvendar todos os mistérios será repleto de lutas, sangue, magia e muito perigo, com grandes chances de se perder a vida.

-Eu sei que Greg morreu - disse ela. - Sei que você está procurando o assassino. Você deve largar esse caso, Kate. Sei que você vai me ignorar, mas tenho que avisá-la. Isso não é bom, Kate. Não é nada bom.

p. 54

O formato do livro me lembrou um pouco os contos de Sherlock Holmes com histórias curtas e fechadas, sendo que cada uma conta sobre um misterioso assassinato sem solução no qual o detetive deve descobrir o que realmente aconteceu. Embora a história prenda a nossa atenção, diferente de Sherlock, Kate peca em profundidade.

Não me entenda mal, ela é incrível. Uma protagonista mulher que é uma forte guerreira mágica e com as melhores tiradas sarcásticas?! Toda vez que abria a boca e faltava com respeito para os líderes das organizações, ela me fazia rir e ganhava meu coração. Kate não obedecerá ninguém, é uma lutadora treinada que sabe o que faz e cria suas próprias regras.

Mas mesmo com um grande carisma, a personagem não tem muita profundidade emocional. Sua tristeza e outros sentimentos não são tão bem trabalhados como poderiam ser e muitas perguntas ficam sem resposta, principalmente sobre seu passado e seus segredos. Claro que em alguns momentos você tem um pequeno vislumbre de quem é realmente a Kate Daniels, mas na minha opinião deixou um pouco a desejar.

Acredito que os próximos livros irão aprofundar mais nos personagens – incluindo Kate – e revelar alguns segredos, além de amadurecer os relacionamentos e alianças que se iniciaram neste primeiro volume.

Ainda assim, Sangue Mágico é uma história muito boa, que mistura fantasia com mistério policial criando crimes sobrenaturais com armas mágicas. Os autores ainda trouxeram referências da Bíblia para ilustrar momentos incomuns do enredo. São alguns toques e detalhes bem originais à história.

Estou muito curiosa pelo segundo livro que ainda não tem previsão de chegada ao Brasil, mas quero conhecer melhor a Kate e alguns personagens, além de responder minhas perguntas que ficaram em aberto. Talvez isso até tenha sido proposital para que a gente fique ansiando pela continuação, não é mesmo? ;)