Autor: M. J. Alridge
Título original: Eeny Meeny
Tradução: Maurette Brandt
Editora: Record
Páginas: 322
Sinopse: Um assassino está à solta. Sua mente doentia criou um jogo macabro no qual duas pessoas são submetidas a uma situação extrema- viver ou morrer. Só um deverá sobreviver Um jovem casal acorda sem saber onde está. Amy e Sam foram dopados, capturados, presos e privados de água e comida. E não há como escapar. De repente, um celular toca com uma mensagem que diz que no chão há uma arma, carregada com uma única bala. Juntos, eles precisam decidir quem morre e quem sobrevive. Em poucos dias, outros pares de vítimas são sequestrados e confrontados com esta terrível escolha. À frente da investigação está a detetive Helen Grace, que, na tentativa de descobrir a identidade desse misterioso e cruel serial killer, é obrigada a encarar seus próprios demônios. Em uma trama violenta que traz à tona o pior da natureza humana, Grace percebe que a chave para resolver este enigma está nos sobreviventes. E ela precisa correr contra o tempo, antes que mais inocentes morram.
Sempre que se chega ao mês do Halloween, maratonas de filmes de terror/horror/suspense clássicos são inevitáveis e até bem-vindas — o que seria de outubro sem elas? Algumas séries sempre se repetem, como A Hora do Pesadelo (da qual sou fã), Sexta-feira 13, Premonição e, quase sempre, a série Jogos Mortais.
Eu não costumava achar coerente que Jogos Mortais fosse considerada uma série de terror, sempre pensei nela como horror e gore. No entanto, depois de ler o romance de estreia de M. J. Alridge, mudei de opinião.
O livro gira em torno dos estranhos sequestros e assassinatos que acontecem em série, na Inglaterra. Sempre em duplas, as pessoas se encontram em um beco sem saída, onde a única opção é, literalmente, matar ou morrer. É possível morrer de inanição ou ser salvo, caso alguma das pessoas decida usar a pistola entregue pelo assassino. Seguindo essa regra básica, a história começa com a primeira dupla raptada, o casal de jovens aventureiros Amy e Sam:
A única coisa que não tocamos é a pistola.
Levanto a cabeça e vejo Amy olhando para ela. Seu olhar encontra o meu e então ela o desvia. Será que ela pegaria a arma? Há algumas noites eu diria que de jeito nenhum. Mas, agora? A confiança é algo frágil — difícil de conquistar, fácil de perder. Não tenho mais certeza de nada.
A única coisa que sei é que um de nós vai morrer.
P. 10
Para lidar com esse caso, a única pessoa apropriada é Helen Grace, detetive chefe do departamento e a mulher à frente da investigação. A partir da segunda ocorrência, ela começa a tentar juntar os pedaços do que pode ser o caso mais difícil de sua vida — até porque várias dependem da resolução.
Com uma escrita fluida e sem obstáculos, Alridge se dispõe a criar um romance policial a partir do caso similar a Jogos Mortais. Sua premissa é, portanto, um tanto mais sofisticada, já que existe todo o trabalho de montar a personalidade profunda de cada uma das personagens da equipe de investigação, bem como das vítimas sobreviventes do serial killer.
Algo interessante é o modo como você será enganado — será, no futuro do indicativo, porque não vai conseguir escapar das reviravoltas do romance, sinto muito. O fator surpresa virá quando menos esperar, e creio que essa seja a chave que torna o livro tão envolvente. Não saber o porquê ou quem é o assassino seria o mínimo a se esperar, mas ver como os fatos se desenrolam tão inesperadamente faz com que a natureza humana e realista das personagens seja tão bem construída; as reações são plausíveis, não só na hora da morte, mas no que se segue a ela.
Por que o assassino agia dessa forma? Fazia suas vítimas participarem de um diabólico jogo de uni-duni-tê, certa de que, quem puxasse o gatilho, em última análise, sofreria muito mais do que sua vítima.
P. 116
Nem mesmo a narração é confiável: por vezes em 1ª pessoa, mas geralmente na 3ª, o leitor é obrigado a nunca baixar a guarda — chega um ponto em que não se pode confiar em Helen, em seu chefe, em seus colegas, nos sobreviventes e nem no autor. Tudo é suspeito, ao mesmo tempo que ninguém pode ser culpado ainda. E, é claro, todos querem brincar de detetive e descobrir quem tem culpa antes das personagens (pelo menos eu sempre fazia isso com Bones e Lie to Me, mas isso pode ser só eu).
Os capítulos curtos, principalmente no começo do livro, são muito bem utilizados e dão chance de criar recortes rápidos e precisos sobre a história; os focos narrativos não se perdem, a narrativa, que passa por fluxos de pensamento, cenas no presente e cenas no passado, é precisa e nada é supérfluo. Alguns capítulos, misteriosos no começo, vão se mostrando mais encaixados à medida que o leitor se familiariza com o ritmo. Cada vez mais se quer ler, por mais agonizante que as cenas sejam (eu cheguei a me incomodar com algumas das situações das vítimas, mas mesmo com medo ou aflição eu queria chegar até o fim).
Muito me agrada o fato de haver uma mulher à frente do protagonismo, mas muito me irrita ela ser o estereótipo da workaholic, solitária, sisuda, infeliz e dependente, da pior maneira, de um homem. A outra personagem feminina da equipe é o estereótipo da policial bonita e desejada por todos os outros homens, e isso é tão gritante que em alguns momentos parece que a própria personagem detesta sua condição.
De resto, acredito que tenha sido um bom trabalho de construção. O livro contém várias peças de vários enigmas diferentes, que em algum ponto começam a se juntar. A vida de Helen, sua ligação com as vítimas existe?, quem seria essa pessoa e por que ela mataria só por matar?, e por aí vai. Tantas opções diferentes deixam o romance dinâmico; eu esperaria que ficasse confuso mais para frente, mas o cuidado do autor foi o bastante para que nada se sobressaísse ou fosse exagerado.
É uma boa narrativa e uma boa história. Acredito que seja uma opção válida para aqueles que não querem se aventurar por nada muito forte no terror ainda, mas que podem se interessar um dia, já que, nesse caso, o romance policial de Alridge abre as portas do suspense e do horror.
Adoro livros thriller policiais e já anotei a dica de leitura, mesmo que o estereótipo das mulheres seja algo meio clichê e chato.
ResponderExcluirJogos Mortais eu acho incrível, mas tenho medo de alguém fazer igual na vida real, hahaha. O mesmo o enredo desse livro.
Adoro reviravoltas, não conseguir confiar em ninguém, nem no autor.
Beijooos
www.casosacasoselivros.com
Oi, Bel!!
ResponderExcluirLi recentemente outra resenha falando desse mesmo livro e me apaixonei por ele. Agora estou lendo a sua resenha fiquei mais apaixonada ainda!! Adoro Thriller policiais!! Espero ler esse livro em breve!!
Beijoss
Oie! Eh a segunda resenha q leio desse livro, tá mto bacana, qro mto conhecer mais d perto com toda ctz!
ResponderExcluirBjs
Fiquei toda animada com uma protagonista feminina, aparentemente forte, mas você acabou com minhas espectativas nesse final. Eu to meio cansada de como as mulheres são tratadas em obras de terror, não é sempre, mas parece ser algo que se repete constantemente, um exemplo é a falta que eu sinto da vilã ser mulher, custava uma só.
ResponderExcluirSua resenha está ótima, mas também nunca gostei de jogos mortais, então acho que esse livro eu vou passar.
Deve ser uma historia bem tensa, ter que matar alguém para sobreviver mexe muito com o psicológico da pessoa ela deve ficar bem desestruturada, fiquei me imaginando no lugar das vítimas. Fiquei curiosa em ler esse livro para saber esse desfecho, quem será esse maníaco e suas justificativas.
ResponderExcluirEstilo Jogos mortais! Estou fora. Kkkkkk
ResponderExcluirTive a oportunidade de ver Jogos Mortais e gostei da ideia do autor em criar algo semelhante ao filme.
ResponderExcluirEu não li esse livro ainda, mas Naty sempre me fala dele. Ela também apontou alguns pontos negativos, porém, mesmo assim gostou da obra e me indicou infinitas vezes.
As cenas parecem bem fortes e carregadas de emoção. Preciso ler.
http://www.revelandosentimentos.com.br/
Fiquei me colocando no lugar das vítimas... que aflição!! Adoro thriller policiais e esse parece ser dos bos, mesmo apresentando esses clichês. Só espero que nunca apareça um assassino na vida real tentando imitar isso...
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