Levana: A Rainha Mais Bela - Crônicas Lunares #3.5

Autora: Marissa Meyer
Título original: Fairest
Tradução: Regiane Winarski
Série: Crônicas Lunares
Editora: Rocco - Jovens Leitores
Páginas: 256
Onde encontrar: AmazonBR | Saraiva | Submarino

| Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Rocco|

Sinopse: Após o assassinato do rei Marrok e da rainha Jannali, a corte se prepara para coroar a próxima soberana de Luna: Channary, a irmã mais velha de Levana. Bela e cruel, a primogênita da família sempre maltratou a caçula, agredindo-a tanto física quanto psicologicamente. Quando as duas eram crianças, Channary se divertiu usando seus poderes para forçar Levana a se atirar ao fogo, fingindo para os adultos que tudo não passou de um trágico acidente. Por toda a vida, Levana teria que conviver com o resultado da brincadeira mórbida: a jovem princesa passou a evitar espelhos e aprendeu a usar seu dom para mudar a aparência, escondendo do mundo o corpo e o rosto bastante deformados pelas queimaduras.
Mas o palácio não é só tristeza para Levana. Desde criança, ela é apaixonada por Evret Hayle, um dos guardas reais. Quase dez anos mais velho do que a princesa, Hayle sente carinho por ela e espera ser visto como um amigo, já que é louco pela mulher, Solstice. O problema é que Levana está convencida de que eles foram feitos um para o outro e que seu amor é correspondido. Fria e calculista, ela passará por cima de qualquer um que estiver em seu caminho. Mergulhe na trama de Marissa Meyer e conheça a história que dá origem às Crônicas Lunares.

Se você não leu ao menos Cinder, saia daqui agora mesmo! Esse livro é um presente para os fãs da série, não um convite. Muitos detalhes tratados aqui são menções de grandes descobertas ao longo dos volumes 1, 2 e 3! Ouvindo os apelos, Meyer escreveu Fairest, a história de Levana. Esse livro se encaixa como 3.5, pois foi lançado antes de Winter. Inspirada na Rainha Má da Branca de Neve, Levana é mais uma prova da maestria de Marissa ao escrever! Está preparada para entrar na mente dessa jovem perturbada? Então vamos lá!

Espelho, espelho meu.

Quem é mais bela do que eu?

Quem foi Levana? Como era sua irmã, Channary, mãe de Selene? Como foi ser uma princesa em Luna? O que representa a aliança no dedo de Levana? O que se esconde por trás do véu e do glamour? Essas são algumas das perguntas que floresceram na leitura das Crônicas Lunares. E agora temos uma resposta!

Os pais de Levana e Channary morreram assassinados por um cascudo, lunares que nascem sem a capacidade de influenciar a mente dos outros, mas que também são imunes a essas manipulações. Channary é a primogênita, a mais alegre, a mais bonita, a mais extrovertida, e definitivamente a que menos merece a coroa, pelo menos do ponto de vista da irmã. A leviandade com que leva seu dever é chocante! Sabemos também de sua crueldade para com a irmã mais nova que levou ao "acidente" que deformou o rosto de Levana. “A dor era implacável, e a agonia não terminava nunca. Ela implorou pela morte, mas a morte não chegou.” Levana, p. 9

Com 16 anos, não é fácil ser uma princesa engajada. Perceber o relaxo de Channary com relação ao trono, ser alvo de sua humilhação constante e se sentir sempre humilhada em sua própria corte, por conta dos glamour, fica ainda mais complicado quando seu coração está em jogo. Levana é apaixonada por Evret, um guarda real - dez anos mais velho -, por quem a princesa é simplesmente obcecada.

“- Não se preocupe, seu tolo. Essa é minha irmãzinha, só fingindo ser a sua esposa. Cá entre nós, acho que ela deve estar a fim de você. Não é isso, querida?” Channary, p. 48

Vemos o começo da letumose, o começo dos soldados geneticamente modificados (“A tentação de controlar o tipo de força animalesca que esses soldados teriam fez sua boca salivar.” Levana, p. 62), o começo do descontentamento do povo. E o mais importante: vemos que o monstro que Levana é durante as Crônicas Lunares é desde sempre. Mesmo adolescente, já podemos ver as loucuras de sua mente. Obcecada por um homem casado, força sentimentos e pensamentos por manipulação em sua mente, deixando-o absolutamente sem escolhas: Levana se casa com Evret e adota a filha que ele teve com Solstice, a mulher que amava. Agora, ADIVINHA QUEM É A FILHA? Winter. “Levana não tinha visto muitos bebês, mas conseguia imaginar que essa era a criança mais perfeita que já havia nascido.”, p. 79

Vendo essa "nova família", Channary anuncia que está grávida e que o trono de Luna terá sua sucessora! A felicidade é geral no reino. Levana tenta engravidar também, pois ela não poderia deixar a filha de uma costureira assumir qualquer papel importante na corte. Mas “Nada do que Levana queria vinha com tanta facilidade.”, p. 34 Vemos então um breve período de Channary como mãe, o que é realmente... tocante, se você conseguir ignorar o fato de que ela é uma pessoa completamente ruim e louca.

“- Eu seria uma rainha melhor do que a sua mãe. Seria uma rainha melhor do que você.
A bebê continuou chorando, mimada e idiota.” Levana, p. 146

E, bom, começamos a nos aventurar ainda mais nas psicoses de Levana. E, enquanto eu pesquisava imagens no Pinterest para usar aqui, achei uma teoria que tentava explicar o porquê de Levana ser... esse monstro. Em Luna, a manipulação bioelétrica é comum. No entanto, usá-la em crianças é "proibido", pois a mente de crianças é muito frágil e não deve ser tocada. Channary sempre perseguiu sua irmã mais nova. Então, talvez, isso tenha criado o precedente pro monstrinho Levana. Ainda jovem, ela não entendia a dor - “Queria consolá-lo, mas não conseguia imaginar ficar arrasada com a perda de alguém. Nunca tinha sentido isso.” Levana, p. 83 -, não compreendia a diferença entre gentileza e amor, não aceitava competições. Ela seria a melhor em tudo, ela teria todas as atenções, ela seria admirada, amada, seria a mais bela. Ela merecia. Ela e mais ninguém.

“Ela estava chorando agora porque desejava tanto, tanto.
Desejava tudo para o seu povo.
Desejava a Terra.
Precisava da Terra.” Levana, p. 205

Channary morre, e Levana se vê responsável pelo trono - até que Selene complete 13 anos. Finalmente, nossa protagonista tem a chance de provar que seria a melhor rainha que Luna já viu. Ninguém faria mais pelo seu povo. Ninguém, especialmente a filha de sua irmã. “Channary era uma péssima governante. Sem dúvida, a filha seria igual.” Levana, p. 169 Com isso, os pensamentos de perseguição começam a aumentar. Como ela poderia planejar o assassinato de uma criança?

No meio de todo esse desespero, temos pequenos e preciosos momentos entre Winter, Jacin - filho do amigo de Evret - e Selene. Essas crianças adoráveis que mal apareciam e eu já estava gritando! Eles são tão preciosos.

“Evret tentou mostrar a Selene como soprar as velas enquanto escorria cera até a cobertura. Winter também queria participar da comemoração, e todo o lindo bolo ficou coberto de cuspe de bebê antes de o pequeno Jacin se irritar e soprar as velas.” Levana, p. 171

E vê-los só tornou ainda mais difícil acompanhar a narração de Levana, pois ela simplesmente não processa que ela pode fazer parte daquilo. A mente dela vê ameaças em todos os lugares, por isso, resolve fazer com a sobrinha o que Channary fez com ela. “Depois daquele dia, toda Luna seria dela.” Levana, p. 173 Vemos nomes importantes aparecendo aqui, Sybil Mira, Dr. Erland e empoderamento!

Sim, senhorxs!

“- Talvez a princesa possa se salvar sozinha.
- Me parece uma ótima história também.” Winter e Evret, p. 207

Fala se essa autora não sabe o que está fazendo? Porque é simplesmente mágico! Volta tudo o que eu disse que amei em Cinder, é a redefinição do termo princesa. Não mais elas esperarão pelo seu príncipe encantado! Cinder, Scarlet, Cress e Winter são as releituras de princesas mais encantadoras que já li, e eu nunca estive mais feliz por ter lido algo na minha vida! Essas princesas salvam o dia e salvam a si mesmas. O que inspira seus leitores a fazerem o mesmo.

Podemos até considerar Levana como um exemplo (do que não fazer, que fique bem claro) de como a escrita da Marissa é incrível. Ela não redimiu Levana, ela mostrou o que aconteceu com a princesa que construiu seu caminho para o trono com sangue, traições e abuso de poder, mas nos deu a oportunidade de entendê-la. E eu acho que isso é o mais importante. Estarmos abertos para entender a história de outras pessoas é essencial.

“O amor é uma conquista. O amor é uma guerra. 

Eis o que eu penso do amor.” Levana, p. 249

 

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Seção das Quotes

“Mas não. Ela não queria ser Channary. Não queria a beleza dela, não se viesse com a crueldade e o egoísmo.” Levana, p. 43

“Era tão burra. Uma garota tão, tão burra.
Por pensar que poderia ser admirada. Por pensar que podia ser bonita, adorada ou anotada. Por pensar que poderia ser qualquer coisa.” Levana, p. 49

“O som do choro de Evret ficou nos ouvidos de Levana, ressoando dentro do seu crânio. Sem parar.” Levana, p. 78

“- Se o quer tanto, por que não faz lavagem cerebral para que ele a queira de volta? Seria bem mais simples.
- Você fala como se tivesse experiência com coisas assim.” Levana e Channary, p. 106

“Ao olhar para trás, Levana viu que o garotinho estava pendurado nos braços da babá, tentando olhar dentro do cobertor.” OLHA O JACIN CLAY, p. 133

“- A família real? O príncipe não é só uma criança?
- Praticamente um bebê, sim. Primeiro, eu pensei: ele pode ser um par perfeito para a minha garotinha.” END GAME DESDE BEBÊ, p. 151

“Doze anos.
Levana seria rainha por doze anos.
Ela se esforçou muito, muito mesmo, para não sorrir enquanto o funeral não acabasse.”, p. 154

“Levana revirou os olhos. Era assim desde que Winter começou a falar.” Levana, p. 165

“Com o tempo, as fantasias foram ficando mais violentas.” Levana, p. 168

“Às vezes, ela se perguntava se Sybil era a única pessoa de seu grupo que lhe era verdadeiramente leal.” Levana, p. 191

“Mesmo assim, na primeira vez que ouviu conversas de como a princesa podia um dia ficar ainda mais bonita do que a própria rainha, os pensamentos de Levana foram tomados pelo ódio.”, p. 198

“Eles eram uma família, felizes e sem preocupações.
E, apesar de todos os seus esforços, de todas as suas manipulações, Levana nunca foi parte daquilo.”, p. 200